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Ucrânia: em meio aos escombros, o grito de indignação dos habitantes de Dnipro

O balanço de vítimas do ataque russo de sábado (14) em Dnipro, no leste da Ucrânia, aumentou nesta segunda-feira (16) para pelo menos 36 mortos, um dia depois de a Otan ter anunciado o futuro envio de novos armamentos pesados dos aliados ​​ocidentais para Kiev. 

Equipes de resgate limpam os escombros de um prédio residencial em Dnipro, na Ucrânia, em 15 de janeiro de 2023.
Equipes de resgate limpam os escombros de um prédio residencial em Dnipro, na Ucrânia, em 15 de janeiro de 2023. © AP - Evgeniy Maloletka
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"Trinta e nove pessoas foram resgatadas, 75 ficaram feridas", disse o governador regional de Dnipropetrovsk, Valentyn Reznichenko, nas redes sociais. Ele afirmou que o destino de outros 35 moradores de um prédio residencial de oito andares atingido por um míssil ainda é "desconhecido". O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que os socorristas estão trabalhando incansavelmente para salvar vidas.

De camisola, mal coberta pelo casaco, Elena, de cerca de 60 anos, soluça sem parar. Ela imagina o pior para sua amiga Oxana e sua filha, que moram no prédio que desabou: “Nossos filhos cresceram aqui, neste pátio, juntos. Oxana já perdeu o marido. Ontem ela foi trabalhar. E sua filha de 10 anos estava em casa". 

“Eu amo a Ucrânia”, diz Elena, em russo. Mas hoje, mais do que nunca, ela não quer ouvir Vladimir Putin se colocar como um defensor daqueles que falam russo. “Ele, o salvador? Eu quero que ele morra. Falo mal ucraniano, porque nasci na Rússia, em Rostov. Mas toda a minha vida está aqui. Quero dizer: amo a Ucrânia. Eu acredito na nossa vitória”, reafirma Elena, tomada pela revolta.

“Por que minha neta tem que ter medo de sirenes?"

“Que meus parentes na Rússia ouçam nossa dor. Eles não falam mais comigo. Eles não entendem o que está acontecendo aqui. Por que nossos filhos têm que viver com medo? Viver no porão, sob as bombas, e ver tudo isso? Por que minha neta deveria ter medo de sirenes?", ela questiona novamente.

Um apelo lançado em um último soluço, enquanto ruínas fumegavam e um sobrevivente acabava de ser extraído dos escombros pelos socorristas.

Após o ataque de Dnipro, os Estados Unidos denunciaram "um novo exemplo da guerra brutal e bárbara travada pela Rússia contra o povo ucraniano". Um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional garantiu que eles "continuarão a fornecer à Ucrânia o que ela precisa para se defender".

Por sua parte, o presidente russo, Vladimir Putin, falou de uma "dinâmica positiva" para suas tropas na linha de combate. Exercícios aéreos militares russo-bielorrussos começaram no início desta semana em Belarus, aliada de Moscou. Minsk garante que eles têm uma natureza apenas "defensiva". A Rússia negou estar na origem do disparo que destruiu o prédio residencial em Dnipro.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse no domingo que Putin "superestimou a força" de suas tropas ao invadir a Ucrânia. "Vemos seus erros, sua falta de moral, seus problemas de comando, seu equipamento ruim" e suas "pesadas perdas", disse ele ao diário alemão Handelsblatt.

UE: crime de guerra deve ser punido

A Suécia, que exerce a presidência rotativa da União Europeia, declarou nesta segunda-feira (16) que o bombardeio ao edifício residencial em Dnipro é um "crime de guerra" e seus autores devem ser processados. Em uma entrevista coletiva conjunta com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, condenou um "ataque horrível".

"Os ataques intencionais a civis são crimes de guerra e os responsáveis devem ser procurados pelo tempo que for necessário", acrescentou o premiê.

(Com enviados especiais da RFI a Dnipro, Aabla Jounaïdi, Boris Vichith e AFP)

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