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Cessar-fogo anunciado pela Rússia mal começou e bombardeios já foram registrados em ambos os lados

Teve início nesta sexta-feira (6) o cessar-fogo temporário decretado unilateralmente na véspera pelo presidente russo, Vladimir Putin, uma medida vista com ceticismo com Kiev. Logo após a entrada em vigor da trégua, ataques foram registrados de ambos os lados.

Residência em chamas da cidade ucraniana de Kherson no dia do início do cessar-fogo unilateral anunciado pela Rússia.
Residência em chamas da cidade ucraniana de Kherson no dia do início do cessar-fogo unilateral anunciado pela Rússia. AP - LIBKOS
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Difícil saber, uma hora após o início do cessar-fogo unilateral, se a medida teve realmente algum efeito. Bombardeiros foram registrados tanto do lado ucraniano, com ataques visando Bakhmout e Kramatorsk, atingindo inclusive prédios residenciais, como do lado russo. De acordo com as forças de Moscou, tropas ucranianas “continuam bombardeando posições russas”.

No Telegram, o chefe adjunto da presidência ucraniana, Kirilo Timoshenko, também informou que um quartel de bombeiros de Kherson foi visado por "pelo menos quatro explosões" logo pela manhã. A Rússia afirma estar respeitando o cessar-fogo.

O governo ucraniano nunca acreditou na medida e, desde seu anúncio, qualificou de “hipocrisia” a postura de Moscou, acusando o Kremlin de tentar apenas ganhar tempo com o anúncio da trégua. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, considerou que a estratégia de Putin é uma "desculpa para conter o avanço" das tropas de Kiev na região do Donbass e levar "equipamentos, munições e aproximar os homens das nossas posições".

França denuncia "cinismo" de Moscou 

A trégua também foi vista com ceticismo no âmbito internacional. 

Para o Ministério francês das Relações Exteriores, o cessar-fogo unilateral lançado por Moscou “não engana ninguém”. O porta-voz da diplomacia da França afirma que esse anúncio constitui “uma tentativa grosseira por parte da Rússia para esconder sua responsabilidade [na guerra]” e representa “uma prova suplementar do cinismo de Moscou, que mostra desde 24 de fevereiro que não deseja a paz e que faz pouco caso do respeito das obrigações internacionais”.  

A Alemanha afirmou que o cessar-fogo não garantiria mais "liberdade nem segurança às pessoas que vivem com medo diário sob a ocupação russa".

O Reino Unido insistiu que Moscou deve retirar "permanentemente suas forças (...) do território ucraniano e acabar com os ataques bárbaros contra civis inocentes".

Já o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, teme a estratégia de Moscou. Vladimir Putin "estava pronto para bombardear hospitais, creches e igrejas" no dia 25 de dezembro e no Ano Novo, criticou o chefe da Casa Branca durante um discurso em Washington. "Acredito que ele esteja buscando um pouco de oxigênio", acrescentou.   

Pedido do patriarca da igreja ortodoxa

O anúncio de Putin foi feito depois que o patriarca da Igreja Ortodoxa russa, Kirill, de 76 anos, pediu uma pausa nos combates na véspera do Natal ortodoxo, que será comemorado no sábado (7).

"Em vista do chamado de Sua Santidade, o patriarca Kirill, instruo o ministro da Defesa da Rússia a introduzir um regime de cessar-fogo ao longo de toda linha de contato entre as partes na Ucrânia", anunciou o Kremlin em nota.

A trégua vai até as 24h locais (18h em Brasília) de 7 de janeiro.

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