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Crescem críticas sobre ataque ucraniano que matou mais de 60 soldados russos em Makeyevka

Homenagens com flores e orações foram realizadas na Rússia, nesta terça-feira (3), para lembrar as dezenas de militares mortos por um ataque no leste da Ucrânia na virada do Ano Novo, que gerou uma onda de críticas contra o Exército de Putin. De forma incomum na Rússia, onde as autoridades permanecem discretas sobre as perdas militares na Ucrânia, cerca de 200 pessoas participaram de uma manifestação em Samara (centro), cidade de alguns dos soldados mortos.

Moradores de Kiev quando se preparavam para o Réveillon. A cidade foi bombardeada novamente no último dia do ano.
Moradores de Kiev quando se preparavam para o Réveillon. A cidade foi bombardeada novamente no último dia do ano. AP - Felipe Dana
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Com informações do correspondente em Kiev, Stéphane Siohan

Moradores depositaram rosas ou coroas de flores diante de uma chama eterna em uma das principais praças da cidade, antes de se curvarem respeitosamente ou fazerem o sinal da cruz. Um padre ortodoxo recitou uma oração e soldados fizeram uma saudação disparando tiros para o ar. De acordo com a mídia local, homenagens ocorriam também em outras cidades da região, como Togliatti e Syzran.

O fato é que os ataques russos a cidades ucranianas na noite de réveillon não ficaram completamente sem resposta. Imagens que aparecem nas mídias sociais russas e ucranianas de um ataque particularmente mortal do Exército ucraniano contra um grupo de recrutas russos em Makeyevka enfureceram os nacionalistas russos.

Desde a noite de domingo (1) começaram a circular informações na Ucrânia sobre um ataque massivo de artilharia realizado em Makeyevka, cidade vizinha a Donetsk, na região separatista do Donbass.

O ataque ocorreu na noite de 31 de dezembro, mas as imagens só foram divulgadas na segunda-feira (2) e mostram as ruínas de um prédio de um antigo instituto técnico na cidade de Makeyevka, na parte da Ucrânia ocupada pelo Exército russo. O prédio foi totalmente destruído. Os militares ucranianos assumem a responsabilidade pelo ataque e dizem que o local abrigava algumas centenas de soldados russos, todos recrutados recentemente.

Ao que tudo indica, na noite de sábado para domingo, logo após o início do novo ano, o Exército ucraniano disparou um poderoso ataque de mísseis Himar, direcionado a uma escola que abrigava centenas de soldados. “Em 31 de dezembro, até dez unidades de equipamento militar inimigo de diversos tipos foram destruídas ou danificadas” em Makeyevka, revelou o Estado-Maior ucraniano em uma postagem no Facebook, indicando que o número de baixas humanas russas ainda era incerto.

O Exército russo reconheceu o bombardeio na segunda-feira. Pelo menos 63 soldados russos foram mortos no ataque, anunciou o Ministério da Defesa da Rússia. De acordo com seu porta-voz, "quatro mísseis" atingiram "um centro de implantação temporária" do Exército russo, sem detalhar as datas.

Blogueiros

Foram blogueiros militares russos que revelaram o ataque e a extensão dos danos: um deles escreve que mais de 600 soldados russos estavam presentes nesta escola, onde também era armazenada munição, e que a geolocalização dos telefones celulares revelou ao Exército ucraniano essa enorme presença humana.

O prédio foi completamente destruído e o Exército ucraniano afirma ter matado 400 soldados russos, citando ainda 300 feridos. Qualquer avaliação é impossível de ser feita de forma independente, mas o fato é que a Ucrânia infligiu, no primeiro dia do ano, um verdadeiro golpe ao Exército russo.

Não é a primeira vez que o Exército ucraniano realiza ataques “cirúrgicos” desse tipo contra instalações militares russas nos últimos meses. Esse, porém, pode ter sido o ataque mais mortífero contra as tropas de Moscou desde o início da guerra.

Nos círculos militares e nacionalistas russos, muitos estão indignados com o que consideram uma negligência criminosa do alto comando. Os recrutas estariam todos alojados no mesmo prédio, sem nenhuma proteção. Pior ainda, o local também abrigaria um grande depósito de munição. “Um típico exemplo de estupidez militar”, escreve um relato publicado no Telegram que exige, como tantos outros, sanções exemplares.

"Estupidez"

“Acho que você não percebe o nível de estupidez das Forças Armadas”, escreve um internauta. “Aqueles cuja inação leva a tais consequências devem ser fuzilados”, ele acrescenta. “Todo mundo sabe há muito tempo que é preciso dividir os homens em pequenos grupos”, continua outro. “E se os mobilizados não sabem, o comando, pelo menos, deveria saber. Deve haver uma punição, o que aconteceu foi negligência criminosa!”, seguem os comentários.

A frustração é agravada pela arma utilizada, o Himars, um lançador móvel de mísseis, símbolo da ajuda ocidental aos ucranianos. De um total de 44 Himars entregues aos ucranianos, 40 teriam sido colocados fora de ação. “É feio”, ironizou um blogueiro militar pró-Rússia. “Restam 4 Himars para os ucranianos e isso é o suficiente para eles aterrorizarem todo nosso exército”, criticou.

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