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Economista brasileira exalta G20 a abandonar paralisia para solucionar crises climática e econômica

A imprensa francesa dedica suas manchetes nesta terça-feira (15) ao início da reunião de cúpula do G20, na Indonésia, onde os líderes mundiais têm criticado com veemência a guerra travada pela Rússia na Ucrânia. O assunto não está na pauta do encontro, mas monopoliza as reuniões bilaterais e fará parte da declaração final da reunião. Nas páginas do jornal Libération, a economista brasileira Laura Carvalho questiona se o G20 vai superar sua paralisia e agir à altura dos atuais desafios econômicos e climáticos globais.

À esquerda, o chanceler alemão, Olaf Scholz, o presidente francês, Emmanuel Macron, o americano Joe Biden e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, conversam antes de uma sessão de trabalho sobre segurança alimentar e energética durante a cúpula do G20 em Nusa Dua, Bali, Indonésia. 15 de novembro de 2022
À esquerda, o chanceler alemão, Olaf Scholz, o presidente francês, Emmanuel Macron, o americano Joe Biden e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, conversam antes de uma sessão de trabalho sobre segurança alimentar e energética durante a cúpula do G20 em Nusa Dua, Bali, Indonésia. 15 de novembro de 2022 AP - Leon Neal
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Laura Carvalho assina um artigo na editoria de debate e opinião do Libération, como diretora global de Equidade na Open Society Foundations, organização criada pelo bilionário húngaro-americano George Soros. Ela questiona no texto "se o multilateralismo pode sobreviver a uma outra decepção no G20", referindo-se à necessidade urgente de aliviar as dívidas de 54 países em situação de vulnerabilidade, segundo um levantamento da ONU. Eles representam quase um quinto da população mundial e mais da metade dessas nações estão entre as mais pobres do mundo, sujeitas às consequências desastrosas das mudanças climáticas. 

Carvalho critica que, ao invés de ajudar os mercados emergentes, os bancos centrais das economias avançadas têm aumentado as taxas de juros. Atualmente, "as instituições financeiras multilaterais não conseguem fornecer alívio financeiro a esses países, liquidez nem financiamento para o combate das mudanças climáticas", escreve a economista. Políticas equivocadas estão causando distúrbios no hemisfério sul, mas o G20 parece paralisado por desacordos geopolíticos para agir de forma coordenada, acrescenta a brasileira. 

Custo da inação virá em conflitos

Na opinião de Carvalho, o custo real dessa paralisia é um sério teste para a governança global. Um fracasso nas escolhas do G20 poderia "acelerar a erosão das regras internacionais, da confiança nas instituições multilaterais e contribuir para a instabilidade e o surgimento de conflitos", assinala a brasileira. 

A representante da Open Society endossa as propostas feitas pela primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley, que convida o FMI a mobilizar imediatamente US$ 100 bilhões para aumentar a liquidez no mercado internacional. Defende ainda uma expansão do Banco Multilateral de Desenvolvimento (MDB), a suspensão do pagamento de dívidas e juros para países ultra endividados, a adoção formal de um mecanismo de financiamento climático que compense as perdas e os danos sofridos por países historicamente menos poluidores, hoje vulneráveis às mudanças climáticas.

O artigo também evoca o financiamento a longo prazo de US$ 650 bilhões para acelerar os programas de energia limpa. "O G20 não pode evitar uma abordagem dessas questões estruturais fundamentais", exalta Laura Carvalho.

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