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Emissões de CO2 devem bater novo recorde em 2022, mostra estudo da Global Carbon Project

As emissões de CO2 geradas pelo consumo de energias fósseis vão bater um novo recorde em 2022. É o que mostra um novo estudo divulgado pelo Global Carbon Project, que reúne mais de cem cientistas de 80 instituições, que será apresentado nesta sexta-feira (23) durante a COP27, no Egito.

Avião  sobrevoa o local  da convenção internacional de Charm el-Cheikh, em novembre 2022 ,
Avião sobrevoa o local da convenção internacional de Charm el-Cheikh, em novembre 2022 , © Mohammed Abed / AFP
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As emissões totais de CO2, que causam o efeito estufa e é apontado como o principal responsável do aquecimento global, vão alcançar 40,6 bilhões de toneladas. Este nível está um pouco abaixo do recorde de 2019, segundo as primeiras projeções para 2022, feitas pelos cientistas do projeto Global Carbon.

Se esse ritmo for mantido, as chances de evitar que o aquecimento global supere 1,5º C nos próximos nove anos cai para 50%, indica o estudo. Já as emissões de CO2 de origem fóssil (petróleo, gás e carvão) "aumentarão 1% em relação a 2021, chegando a 36,6 bilhões de toneladas, um pouco acima dos níveis de 2019, antes da covid-19", segundo os cálculos do Global Carbon project.

O aumento é motivado principalmente pelo consumo de petróleo (+2,2%) e de carvão (+1%), e a retomada do tráfego aéreo. "Dois fatores se somam, a continuação da recuperação pós-covid e a crise energética", resultante da invasão da Ucrânia pela Rússia, explicou Glen Peters, um dos autores do estudo, publicado na revista Earth Systems Science Data.

Philippe Ciais, membre da equipe do Global Carbon project, explicou à RFI que não há uma real diminuição do consumo de energias fósseis após a  epidemia de covid e as tendências diferem em função da região do mundo.

"A tendência é de queda na Europa e de aumento nos Estados Unidos. Na China, as emissões tinham aumentado em 2015 e diminuíram muito neste ano. É difícil saber se as emissões na China vão se estabilizar ou vão continuar 'flutuando' até diminuir de vez", disse.

A equipe do Global Carbon Project, que reúne mais de cem cientistas de 80 instituições, calcula a cada ano as emissões de CO2, principal gás causador do aquecimento global.

Segundo as projeções, as emissões de gases que provocam o efeito estufa devem diminuir 45% até 2030 para cumprir o principal objetivo do Acordo de Paris de 2015: limitar a elevação da temperatura a 1,5 ºC em relação à era pré-industrial. Mas, com o aquecimento de +1,2°C, as catástrofes climáticas estão se multiplicando em todo o mundo, como mostram as ondas de calor, as secas, as inundações e os incêndios neste ano.

"Fizemos alguns avanços", relativiza a climatologista Corinne Le Quéré,  co-autora documento. Ela destaca que a trajetória de aumento das emissões produzidas pelas energias fósseis passou de 3% ao ano nos anos 2000 a 0,5% ao ano na última década.

"A política climática funciona e isso está demonstrado. Mas só uma ação conjunta equivalente à feita diante da covid, pode inverter a curva", insistiu. Entre os maiores poluentes mundiais, o maior aumento de emissões de origem fóssil em 2022 ocorrerá na Índia, com alta de 6%, provocado pelo uso do carvão. Nos Estados Unidos, o aumento será de 1,5%.

Na China, espera-se uma redução de 0,9% das emissões após a forte queda do início do ano. Dois fatores explicam essa diminuição: os lockdowns sucessivos para conter a covid-19 e à crise do setor imobiliário.
Na China, espera-se uma redução de 0,9% das emissões após a forte queda do início do ano. Dois fatores explicam essa diminuição: os lockdowns sucessivos para conter a covid-19 e à crise do setor imobiliário. © Heike Schmidt/RFI

Redução da China

Na China, espera-se uma redução de 0,9% das emissões após a forte queda do início do ano. Dois fatores explicam essa diminuição: os lockdowns sucessivos para conter a covid-19 e a crise do setor imobiliário.

A União Europeia, afetada pela crise energética gerada pela guerra de Ucrânia, terá uma queda de 0,8%. No restante do mundo, haverá um aumento de 1,7%, alimentado, principalmente, pela rectomada do tráfego aéreo. Além disso, o aquecimento está impactando os sumidouros naturais de carbono, que têm um papel fundamental para atenuá-lo.

A absorção do CO2 nestes sumidouros terrestres diminuiu 17% pelos oceanos e 4%, na década 2012-21. Por conta das diversas crises, 2022 não será um ano típico e não será possível tirar lições claras, afirmam os cientistas. O aumento de 1% não é talvez "uma tendência de longo prazo", avalia Corinne Le Quéré. Mas, "as emissões não diminuem como deveriam".

(RFI e AFP)

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