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Protestos não dão trégua no Irã; polícia endurece repressão contra curdos

Atos estudantis, greve de operários, protestos em cidades curdas: o movimento de contestação tem continuidade nesta segunda-feira (10) em várias regiões iranianas, apesar da dura repressão contra os civis desde meados de setembro. A polícia voltou a protagonizar cenas de violência contra a população curda, minoria da qual a jovem Mahsa Amini era originária. 

Há quase um mês o Irã é sacudido por protestos devido à morte da jovem Mahsa Amini, de 22 anos, em 16 de setembro de 2022. Foto ilustrativa.
Há quase um mês o Irã é sacudido por protestos devido à morte da jovem Mahsa Amini, de 22 anos, em 16 de setembro de 2022. Foto ilustrativa. AP - Francisco Seco
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Segundo imagens compartilhadas pela ONG Human Rights Watch, protestos foram realizados nesta segunda-feira por universitários de Gilan, no norte do país. Na mesma região, na escola para meninas de Mahabad, alunas desfilaram sem o véu islâmico para se posicionar contra o governo. Em Teerã, uma multidão se reuniu diante da Universidade Politécnica para denunciar "a pobreza e a corrupção" no país, gritando frases como "morte à ditadura". 

Nesta segunda-feira, o movimento ganhou o apoio do setor industrial. Vídeos compartilhados nas redes sociais no exterior mostram operários queimando pneus em frente à usina petroquímica de Asalouyeh, no sudeste do país. Outras greves foram registradas, em Abadan (oeste) e Kengan (sul).

A mobilização também continua em cidades curdas, onde as forças de segurança iranianas endureceram a repressão. O grupo de defesa dos direitos humanos Hengaw assinalou a presença de uma grande quantidade de policiais armados em Sanandaj, principal cidade curda no Irã, e em outras localidades, como Saqez e Divandareh, no noroeste do país.

Nas redes sociais, vídeos mostraram manifestações e confrontos violentos entre a polícia e civis nas cidades curdas da região de Sanandaj, de onde a jovem Mahsa Amini era originária. Nas imagens, é possível escutar tiros e explosões em um bairro da cidade. 

Segundo as autoridades iranianas, a população curda está envolvida nos "distúrbios", como o governo classifica os protestos. Segundo o Hengaw, ao menos cinco iranianos de origem curda foram mortos e mais de 150 ficaram feridos em protestos desde o último sábado (8). 

Ao menos 95 mortos

O Irã é sacudido por manifestações antigoverno desde a morte da jovem Mahsa Amini, de 22 anos, em 16 de setembro. Ela foi presa pela polícia da moral - que controla o rígido código vestimentar no país - por não estar usando o véu islâmico corretamente. O acessório é obrigatório às mulheres no Irã.

Segundo a Human Rights Watch, ao menos 95 pessoas morreram desde o início da mobilização. O governo iraniano também indica que ao menos 18 membros das forças de segurança morreram em confrontos com os civis. 

A revolta se intensificou no fim de semana, depois que as autoridades afirmaram que Mahsa Amini morreu devido à uma doença cerebral e não após ter recebido golpes na cabeça no momento em que foi presa, como denunciam militantes. O pai da jovem, Amjad Amini rejeitou as conclusões oficiais, afirmando que a filha estava em boa saúde antes da detenção.

Diante da repressão, o Reino Unido anunciou nesta segunda-feira sanções contra a polícia da moral iraniana e membros do regime. As medidas se somam às já anunciadas pelos Estados Unidos e Canadá. Na União Europeia, a possibilidade também é evocada e será discutida no próximo 17 de outubro, durante uma reunião dos ministros das Relações Exteriores dos 27 países-membros. 

(Com informações da AFP

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