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Irã desafia EUA e Israel e garante ter capacidade técnica para fabricar armas atômicas

Logo após o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deixar o Oriente Médio - onde assinou um pacto de segurança com Israel se comprometendo a nunca permitir que o Irã fabrique armas nucleares - várias autoridades iranianas declaram que Teerã tem capacidade técnica para isso. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (18) e surpreendeu a comunidade internacional.

O diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) Rafale Mariano Grossi (e) e o chefe da Organização Iraniana de Energia Atômica, Mohammad Eslami, em Teerã, 5 de março de 2022.
O diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) Rafale Mariano Grossi (e) e o chefe da Organização Iraniana de Energia Atômica, Mohammad Eslami, em Teerã, 5 de março de 2022. via REUTERS - WANA NEWS AGENCY
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Com informações do correspondente da RFI em Teerã, Siavosh Ghazi

A declaração foi feita pelo ex-ministro das Relações Exteriores iraniano, Kamal Kharazi, que é assessor do líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, e presidente do Conselho Estratégico para Relações Exteriores. "Temos capacidade técnica para fabricar armas atômicas”, disse ele em entrevista ao canal de televisão Al Jazeera. Ex-ministro das Relações Exteriores do presidente reformista Mohammad Khatami (1997-2005), Kharazi assegurou, no entanto, que seu país "não tomou a decisão de fabricar uma bomba atômica".

Em resposta às ameaças israelenses, autoridades iranianas também disseram que as Forças Armadas iranianas “simularam repetidamente ataques contra Israel se suas instalações sensíveis forem atacadas".

O Irã dá assim um novo passo na guerra silenciosa com os Estados Unidos e Israel. Enquanto as negociações estão em um impasse para reviver o acordo nuclear de 2015, Teerã avança com seu programa de enriquecimento nuclear e de urânio.

Durante a visita à Arábia Saudita e Israel, o presidente americano Joe Biden garantiu várias vezes que Washington impedirá o Irã de ter acesso a armas atômicas por todos os meios.

As declarações de Kharazi ocorrem quando as negociações entre Teerã e as principais potências, incluindo Washington, para relançar o acordo de 2015, estão paralisadas desde março.

Israel considera o Irã seu inimigo número um e se opõe ao relançamento do acordo nuclear iraniano internacional de 2015 - que deveria impedir a República Islâmica de adquirir a bomba atômica em troca do levantamento das sanções que sufocam sua economia. Os Estados Unidos se retiraram do acordo em 2018.

O Irã sempre negou querer desenvolver uma bomba atômica.

Putin vai ao Irã

O presidente russo, Vladimir Putin, visita o Irã nesta terça-feira (19), onde vai se encontrar com o aiatolá Ali Khamenei. A Rússia busca desenvolver novas parcerias econômicas após as sanções impostas pelo ocidente por causa da invasão da Ucrânia.

Essa será a segunda viagem do líder russo ao exterior desde o início da guerra, que Moscou chama de "operação militar especial" na Ucrânia, em 24 de fevereiro. Putin considera que as sanções aplicadas pelos países ocidentais contra a Rússia, as mais difíceis que o país já enfrentou até hoje, representam uma declaração de guerra econômica. Moscou passou então a desviar sua atenção do ocidente para países como a China, Índia ou Irã.

"Os contatos com Ali Khamenei são muito importantes", disse o conselheiro do Kremlin, Yury Ushakov. "Um diálogo confiante se desenvolveu entre [Vladimir Putin e Ali Khamenei] nas questões mais cruciais", acrescentou em entrevista à repórteres. “Na maioria dessas questões, nossas posições estão próximas ou idênticas," concluiu.

A visita de Putin ao Irã coincidirá com a do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan. Os dois chefes de Estado se reunirão em Teerã para discutir um acordo para restabelecer as exportações de cereais pelo Mar Negro.

Eles também devem abordar a situação na Síria. Ancara anunciou recentemente a sua intenção de lançar uma ofensiva contra os curdos sírios que controlam uma longa faixa de território perto de sua fronteira.

(Com informações da RFI e da AFP)

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