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Biden visita Arábia Saudita em busca de petróleo após ter prometido manter país como pária

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, desembarcou nesta sexta-feira (15) na Arábia Saudita, um grande país produtor de petróleo que ele havia prometido tratar como "pária" durante a campanha eleitoral dos EUA, em uma viagem que também poderia impulsionar as relações sauditas-israelenses. A mídia estatal saudita mostrou imagens do encontro entre Biden e o líder de fato do país, o príncipe herdeiro saudita Mohamed bin Salman, tocando os punhos em saudação na entrada do palácio real.

O príncipe saudita Mohammed bin Salman e o presidente dos EUA Joe Biden, após a chegada deste último a Jedá, Arábia Saudita, em 15 de julho de 2022.
O príncipe saudita Mohammed bin Salman e o presidente dos EUA Joe Biden, após a chegada deste último a Jedá, Arábia Saudita, em 15 de julho de 2022. © Bandar Aljaloud/AP
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O avião presidencial dos EUA pousou na cidade costeira de Jedá (oeste), vindo de Israel, tornando Biden o primeiro líder dos EUA a viajar diretamente do Estado hebreu para um país árabe que não o reconhece oficialmente. Seu antecessor, o republicano Donald Trump, fez essa viagem em 2017, mas na direção oposta.

Pouco antes da viagem de Biden a essa monarquia do Golfo, Israel disse que "não tinha objeções" à transferência de duas ilhotas estratégicas para a Arábia Saudita, e a Arábia Saudita anunciou a abertura de seu espaço aéreo para "todas as companhias aéreas", incluindo as israelenses.

Biden chamou a decisão da Arábia Saudita e de Israel de "histórica" ​e de "passo importante".

As duas iniciativas podem, segundo analistas, abrir caminho para uma possível reaproximação entre Arábia Saudita e Israel, país que em 2020 regularizou seus laços com dois países aliados ao reino saudita: Emirados Árabes Unidos e Bahrein.

Direitos humanos ou petróleo?

Após dois dias de trocas abertamente calorosas com o primeiro-ministro israelense, Yair Lapid, e seu mais austero encontro com o líder da Autoridade Palestina, Mahmoud Abas, Biden inicia o trecho mais estratégico e também o mais complexo de sua jornada, já que a Arábia Saudita é uma potência petrolífera, acusada de graves violações de direitos humanos.

Quando era candidato à presidência, Biden prometeu manter o reino na condição de "pária" após o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi. Após ser eleito, o democrata autorizou a publicação de um relatório da CIA que apontava a participação do príncipe Mohamed bin Salman na trama para acabar com a vida do repórter, algo que Riad sempre negou.

Mas, nesta sexta-feira, Biden se encontrou com o príncipe herdeiro e fará o mesmo com seus ministros. Agora, o chefe da Casa Branca deve encontrar um equilíbrio entre permanecer fiel à sua defesa dos direitos humanos e convencer o reino do petróleo a abrir a torneira da produção de petróleo bruto para baixar os preços dos combustíveis e ancorar a inflação.

Biden deve se reunir com líderes árabes do Conselho de Cooperação do Golfo na cidade saudita para discutir a delicada questão dos preços do petróleo.

Ajuda aos palestinos

Antes de viajar para a Arábia Saudita, Biden visitou o hospital Augusta Victoria em Jerusalém Oriental, parte da Cidade Santa ocupada por Israel, onde anunciou uma ajuda de US$ 100 milhões (R$ 540 milhões) à rede hospitalar local. Mais tarde, ele se encontrou com o líder da Autoridade na Cisjordânia ocupada.

Manifestantes estavam esperando no local para exigir "justiça" pela morte da jornalista palestino-americana Shireen Abu Akleh em maio passado, enquanto cobria uma operação militar israelense na Cisjordânia ocupada.

Em entrevista coletiva, Biden disse que "os Estados Unidos continuarão insistindo na responsabilização total e transparente por sua morte", elogiando o trabalho da jornalista da rede de televisão do Catar, Al Jazeera.

Ele também anunciou um projeto de internet 4G na Faixa de Gaza e na Cisjordânia até o final de 2023, uma aspiração de muitos palestinos que viram como alguns em Israel usam redes 5G.

De sua parte, Abbas insistiu em medidas políticas, e não econômicas, para acabar, segundo ele, com o "apartheid" israelense nos territórios palestinos ocupados.

O presidente dos EUA reafirmou o apoio de Washington a "uma solução de dois Estados para dois povos".

Jerusalém

Mas, na quinta-feira (14), ele deixou claro que não pretende reverter o controverso reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel. Essa medida, de seu antecessor Donald Trump, causou muita indignação entre os palestinos, que veem Jerusalém Oriental como a sede de seu futuro Estado.

O primeiro-ministro israelense diz que apoia uma solução de dois Estados, mas nenhum progresso em direção a um acordo de paz é esperado antes das eleições de novembro.

Os temas que marcaram o encontro com Lapid foram o programa nuclear iraniano e seu apoio a grupos islâmicos como o Hamas, que governa a Faixa de Gaza.

Biden e Lapid assinaram um novo pacto de segurança no qual Washington se comprometeu a usar todo o seu "poder nacional" para garantir que o Irã não adquira uma arma nuclear.

(Com informações da AFP)

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