Acessar o conteúdo principal

Migrantes tentam nova entrada em massa no enclave espanhol de Melilla

Quase 2 mil migrantes vindos do Marrocos tentaram entrar no enclave espanhol de Melilla na manhã desta sexta-feira (24) e pelo menos 130 deles conseguiram, marcando a primeira tentativa de imigração em massa desde a normalização das relações entre Madri e Rabat.

Quase 2 mil migrantes tentam entrar no enclave espanhol de Melilla.
Quase 2 mil migrantes tentam entrar no enclave espanhol de Melilla. AP - Javier Bernardo
Publicidade

A polícia espanhola avistou "por volta das 6h40 um grupo de migrantes formado por mais de 2 mil pessoas" se aproximando da fronteira, disse à AFP um porta-voz da prefeitura. "Um grande grupo de 500 pessoas de países da África subsaariana" rompeu o controle de fronteira e "pelo menos 130 pessoas" conseguiram entrar em Melilla, acrescentou o porta-voz.

Localizada na costa norte do Marrocos, Melilla e o enclave espanhol de Ceuta são as únicas fronteiras terrestres da União Europeia no continente africano e estão regularmente sujeitas a tentativas de entrada de migrantes que procuram chegar à Europa.

Além da entrada desta manhã, "confrontos ocorreram durante a noite de quinta (23) para sexta-feira entre migrantes e a polícia", declarou à AFP Omar Naji, da Associação Marroquina de Direitos Humanos (AMDH), informação que ainda não pôde ser confirmada pelas autoridades locais.

Procurado pela AFP, o hospital Hassani, em Nador, não muito longe de Melilla, confirmou ter recebido "diversos" policiais feridos na manhã desta sexta-feira, além de migrantes de origem subsaariana que também apresentavam ferimentos.

Crise diplomática

Esta tentativa de entrar massivamente em um dos dois enclaves é a primeira desde a normalização, em meados de março, das relações entre Madri e Rabat, após uma disputa diplomática de quase um ano. A crise foi provocada pela recepção na Espanha do líder dos separatistas sarauís da Frente Polisário, Brahim Ghali, em abril de 2021, para um tratamento de Covid-19 no país europeu.

Madri pôs fim a esta crise apoiando publicamente o plano de autonomia marroquina para o Sahara Ocidental, uma antiga colônia espanhola 80% controlada por Rabat, mas reivindicada pela Polisário, apoiada pela Argélia.

No início de abril, o rei Mohammed VI recebeu o chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, em Rabat para selar essa reconciliação durante um "iftar", a quebra do jejum do Ramadã, oferecido em sua homenagem. Uma marca da importância da sua visita aos olhos dos marroquinos.

A crise entre os dois países culminou com a entrada em maio de 2021 de mais de 10 mil migrantes em 24 horas em Ceuta, logo após um relaxamento dos controles de fronteira do lado marroquino. Madri então denunciou "chantagem" e "agressão" por parte de Rabat, que por sua vez havia chamado de volta seu embaixador na Espanha, que só retornaria ao país em 20 de março.

“Imigração ilegal como arma”

Pouco antes da reconciliação entre os dois países, Melilla havia sido palco, no início de março, de diversas tentativas de entrada em massa, incluindo a maior já registrada neste enclave, com cerca de 2,5 mil migrantes. Quase 500 deles conseguiram cruzar a fronteira.

Para Madri, o principal objetivo da normalização das relações com Rabat é assegurar sua “cooperação” no controle da imigração ilegal. Nesta sexta-feira, as autoridades espanholas saudaram a ação do "grande aparato de segurança das forças marroquinas, que colaborou ativamente de forma coordenada com as agências policiais espanholas".

O Marrocos, de onde parte a maioria dos migrantes para a Espanha, tem sido regularmente acusado por muitos observadores de os utilizar como meio de pressão sobre Madri. No início de junho, o primeiro-ministro Pedro Sánchez declarou que a Espanha "não toleraria" o uso da "imigração ilegal como arma de pressão", observações que soaram como uma advertência indireta a Rabat.

O abrandamento das relações com o Marrocos levou a uma diminuição recente das chegadas às Ilhas Canárias. De acordo com o Ministério do Interior, o número de migrantes que chegaram a este arquipélago espanhol em abril, primeiro mês após a normalização, foi 70% inferior ao de fevereiro.

Prioridade para a Otan

Esta normalização permitiu também a reabertura em maio dos postos de fronteira entre o norte do Marrocos e Ceuta e Melilla.

Para a Espanha, que acolhe a cúpula da Otan na próxima semana, a pressão migratória é uma das "ameaças" do "flanco sul" da Aliança, que esta gostaria de ver incluída em suas prioridades.

(Com informações da AFP)

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.