Acessar o conteúdo principal

EUA cancelam discussões com Talibã após fechamento de escolas para meninas no Afeganistão

Os Estados Unidos anunciaram nesta sexta-feira (25) a suspensão das discussões previstas com o Talibã em Doha, no Catar, depois que os líderes islâmicos radicais do Afeganistão decidiram proibir o acesso ao ensino médio para as jovens afegãs.

Estudantes afegãs  em uma escola primária de Cabul, no Afeganistão. Em 27 de março de 2021.
Estudantes afegãs em uma escola primária de Cabul, no Afeganistão. Em 27 de março de 2021. AP - Rahmat Gul
Publicidade

"Nos unimos a milhões de famílias afegãs para expressar nossa profunda decepção com a decisão dos talibãs de não permitir que mulheres e meninas retornem às escolas do ensino médio", disse o porta-voz do Departamento de Estado americano.

"Cancelamos alguns dos nossos compromissos, incluindo reuniões planejadas durante o Fórum de Doha e deixamos claro que vemos essa decisão como um possível ponto de virada em nosso compromisso", acrescentou.

O Talibã, que desde a tomada de poder no Afeganistão busca um reconhecimento internacional, ordenou o fechamento das escolas para meninas nesta quarta-feira (23), poucas horas depois de reabri-las, ao fim de um longo período sem aulas. Quando os talibãs assumiram o poder, em agosto de 2021, as escolas estavam fechadas por conta da pandemia. Apenas os meninos e meninas do ensino básico foram autorizados a retornar às aulas, dois meses depois.

"Desenvolver o potencial da sociedade"

"Esta decisão, se não for revertida rapidamente, prejudicará profundamente o povo afegão, as perspectivas de crescimento econômico do país e a ambição dos talibãs de melhorarem as suas relações com a comunidade internacional", completou o porta-voz. "Apoiamos as meninas afegãs e suas famílias, que veem a educação como um caminho para desenvolver todo o potencial da sociedade e da economia do Afeganistão", continuou.

A comunidade internacional considera o acesso das meninas às escolas um ponto fundamental nas negociações para o reconhecimento do regime talibã, que em seu mandato anterior (1996-2001) proibiu a educação e o acesso ao mercado de trabalho para as mulheres.

Em uma declaração conjunta, na quinta-feira (24), os ministros das Relações Exteriores do Reino Unido, Canadá, França, Itália, Noruega e Estados Unidos, além do alto representante da União Europeia, disseram que a decisão afetará as aspirações de reconhecimento do Talibã.

A decisão de manter as escolas fechadas para as meninas foi tomada depois de uma reunião de altos funcionários do Talibã, ocorrida na cidade de Kandahar, ao sul do país, que é o centro de poder do movimento. Os talibãs alegaram que precisavam de tempo para garantir que as jovens com idades entre 12 e 19 anos permaneçam bem separadas dos garotos e que os estabelecimentos de ensino sejam administrados de acordo com os princípios islâmicos.

"Não abrimos as escolas para agradar a comunidade internacional ou para obter o reconhecimento do mundo", declarou Ahmad Rayan, porta-voz do Ministério da Educação.

(Com informações da AFP)

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.