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Covid-19: Hong Kong não tem mais espaço em necrotérios e China se preocupa com aumento de casos

Em Hong Kong, a retomada da pandemia de Covid-19 traz cenas de um pesadelo que o mundo achava ter enterrado, em 2020, no começo da crise sanitária. Nesta quarta-feira (16), profissionais de saúde começaram a armazenar os corpos dos mortos pela covid-19 em contêineres refrigerados, devido à falta de espaço nos necrotérios, em razão do aumento acentuado de infecções atribuídas à variante ômicron.

Corpos de vítimas de Covid-19 sendo removidos para um caminhão contêiner refrigerado, em Hong Kong. Em 16 de março de 2022, em meio ao pior surto de coronavírus da cidade, que deixou hospitais e necrotérios lotados.
Corpos de vítimas de Covid-19 sendo removidos para um caminhão contêiner refrigerado, em Hong Kong. Em 16 de março de 2022, em meio ao pior surto de coronavírus da cidade, que deixou hospitais e necrotérios lotados. AFP - DALE DE LA REY
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A nova onda da Covid-19 em Hong Kong sobrecarregou o sistema de saúde e causou uma onda de mortes, especialmente entre a população idosa, que se recusou a se vacinar. Desde o surgimento da variante altamente contagiosa, há menos de três meses, este território de 7,4 milhões de pessoas registrou quase um milhão de casos e mais de 4.600 mortes pelo coronavírus.

Os pesquisadores acreditam, no entanto, que a taxa de infecção por Covid-19 em Hong Kong pode ser maior do que os números oficiais indicam, chegando a metade da população. Um funcionário de uma funerária disse à mídia local que o aumento das mortes levou até a uma escassez de caixões.

A chefe do governo local, Carrie Lam, reconheceu a gravidade da situação em uma entrevista coletiva, em que anunciou a chegada de dois carregamentos de caixões da China continental. "Vamos tentar encontrar uma maneira de as famílias recuperarem os corpos para que os funerais possam ser organizados. Os crematórios (...) também estão funcionando a plena capacidade", disse Lam.

Praias fechadas

A governante ainda anunciou o fechamento da maioria das praias de Hong Kong, depois que fotos de moradores sem máscara aproveitando o sol e o mar geraram indignação na China continental. A medida se soma às rígidas regras de distanciamento social, incluindo o uso de máscara ao caminhar nas montanhas e a proibição de reuniões de mais de duas pessoas. "Vendo um aumento de pessoas nas praias, temos de tomar as medidas apropriadas para proteger o nosso sistema e reduzir os deslocamentos para garantir segurança", completou Lam.

Muitos chineses manifestaram a sua indignação nas redes sociais, considerando que o atual surto de Covid-19 na China continental se deve à fraca resposta de Hong Kong ao coronavírus. A cidade não impôs um confinamento geral, apesar do forte aumento de infecções. Na China continental, pelo contrário, dezenas de milhões de pessoas estão confinadas, após o registro de mais de 3.000 infecções, em 24 horas. "Como podem ser tão descuidados e ir à praia quando Shenzhen está fechada? É egoísmo", afirmou um usuário da rede social chinesa Weibo.

Polo tecnológico de Shenzhen parado

A cidade chinesa de Shenzhen, um polo tecnológico de 17,5 milhões de habitantes que faz fronteira com Hong Kong, entrou em lockdown na segunda-feira (14), após a detecção de inúmeros casos Covid-19 em fábricas e bairros.

O confinamento da cidade conhecida como a "Silicon Valley chinesa", onde são produzidos jogos eletrônicos e smartphones para o mundo todo, ameaça a boa saúde da economia do país asiático e preocupa os mercados.

Diante do surto de Covid-19 mais grave no país em dois anos, a prefeitura da cidade, um símbolo da China moderna, paralisou os transportes públicos e determinou que seus habitantes ficassem em casa. O governo também pediu às empresas que adotem o home office.

A paralização de centenas de fábricas de Shenzhen pode implicar em riscos para as redes de abastecimento mundiais. Terceira maior cidade da China em termos de Produto Interno Bruto (PIB) e localizada na fronteira com o território semiautônomo de Hong Kong, Shenzhen é a sede dos gigantes chineses Huawei (telefonia, 5G) e Tencent (internet, jogos).

Um confinamento prolongado nessa região teria graves consequências. "Para a China, este é um centro de manufatura e de tecnologia", explica Hong Hao, da empresa de serviços financeiros Bocom International.

A gigante taiwanesa Foxconn, principal fornecedora da americana Apple, suspendeu as operações em Shenzhen. Outros grupos, como o chinês Netac (que fabrica discos rígidos ou cartões de memória), também interromperam parte de sua produção. Os produtos eletrônicos e mecânicos representam quase 80% das exportações da cidade.

"O confinamento é significativo e acho que ainda não avaliamos completamente o impacto que terá", acrescentou Hong. "Há um efeito dominó", concluiu o analista.

A China registrou 3.290 novos casos de Covid-19 nesta quarta-feira (16), 11 deles com gravidade. Há mais de um ano a China, país onde o coronavírus foi detectado pela primeira, vez em 2019, na cidade de Wuhan, não registra oficialmente mortes relacionadas à doença.

 

(Com informações da AFP)

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