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Diante de onda avassaladora da Covid-19, Hong Kong quer testar todos os 7,4 milhões de cidadãos

A chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, anunciou na noite de terça-feira (22) um rigoroso plano de batalha contra a doença, alinhado com a estratégia "Covid zero" da China. No total, 170 bilhões de dólares honcongueses (mais de R$ 110 bilhões) serão investidos na luta contra o vírus, inclusive para testar toda a população.

Quiosque de testes de antígeno em uma rua de Hong Kong, em 22 de fevereiro de 2022.
Quiosque de testes de antígeno em uma rua de Hong Kong, em 22 de fevereiro de 2022. REUTERS - LAM YIK
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Com informações de Florence de Changy, correspondente da RFI em Hong Kong, e agências 

Diante de hospitais e laboratórios superlotados, Carrie Lam confirmou a intenção do Executivo de construir vastas estruturas de acolhimento dos doentes, a exemplo do que fez a China no início da pandemia. Um imenso hospital de campanha já está sendo erguido na região do antigo aeroporto de Kai Tak.

Centros de quarentena foram instalados em ginásios para assintomáticos ou pessoas que tiveram contato com indivíduos contaminados. No entanto, nas fotos fornecidas pelo Executivo, os leitos são tão próximos uns dos outros que a falta de distanciamento pode facilitar a propagação do vírus. 

Cerca de 20 mil quartos de hoteis foram bloqueados para receber doentes. Centenas de táxis e ônibus estão mobilizados no transporte dos infectados.

Além disso, as escolas, lojas, academias, bares e salões de beleza permanecerão fechados até o final do mês de abril. As férias escolares de verão foram adiantadas para março e os estabelecimentos escolares serão utilizados como centros de testagem. Já voos procedentes de nove países - entre eles Grã-Bretanha, Estados Unidos e França - continuam proibidos.

Cerca de 54 mil casos foram registrados durante a quinta onda, contra apenas 12 mil nos últimos dois anos. Especialistas acreditam que até março o número de contaminações chegue a 300 mil.

7,4 milhões de habitantes testados

Entre as medidas mais audaciosas está a testagem de todos os cidadãos de Hong Kong. Os cerca de 7,4 milhões de habitantes devem ser submetidos a três diagnósticos até o início de março. Os moradores também serão obrigados a fazer exames de antígeno cotidianamente em suas casas. "Aqueles que não realizarem os testes serão responsabilizados", afirmou Carrie Lam. 

Segundo ela, as autoridades chinesas assumiram a coordenação da política anticovid no território semiautônomo. Já o presidente chinês, Xi Jinping, garantiu que o objetivo do novo plano contra o vírus é "proteger a vida e a saúde dos cidadãos de Hong Kong". 

Lam também confirmou que Hong Kong continuará aplicando a medida de isolar todas as pessoas que testarem positivo para coronavírus - incluindo as assintomáticas. "A epidemia, que se agrava com rapidez, excedeu amplamente a capacidade do governo de Hong Kong de enfrentá-la. Como consequência, o apoio do governo central se tornou absolutamente indispensável para combater o coronavírus", ressaltou.

Orçamento bilionário

O secretário de Finanças de Hong Kong, Paul Chan, revelou nesta quarta-feira (23) um orçamento de 170 bilhões de dólares honcongueses (mais de R$ 110 bilhões). "Nossa economia e os meios de subsistência das pessoas foram submetidos a uma pressão imensa nos últimos meses", declarou.

Bônus para compras de 10 mil dólares honcongueses (cerca de R$ 1,30 mil) serão repassados à 6,6 milhões de cidadãos, o dobro do que foi oferecido no ano passado. O plano também inclui reduções nos impostos sobre os salários, auxílios para contas de energia elétrica e a continuação de um programa de empréstimos. 

A economia de Hong Kong entrou em recessão em 2019 e 2020 devido às imensas manifestações em prol da democracia, sofrendo também os efeitos da pandemia. Em 2021, o território registrou um crescimento de 6,4% graças à política do "zero Covid".

No entanto, a grave quinta onda da doença fragilizou a saúde financeira de Hong Kong. A agência Fitch Ratings reduziu recentemente a previsão de crescimento em 2022 de 3% para 1,5%, uma das mais fracas do mundo.

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