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Para que servem os comprimidos de iodo em caso de risco nuclear?

Para afastar qualquer perigo nuclear, a França anunciou que enviará "2,5 milhões de comprimidos de iodo" para a Ucrânia. Em vários países europeus, as pessoas estão correndo para comprar os medicamentos, criados para prevenir o câncer de tireóide no caso de emissões radioativas. 

Caixas de comprimidos de iodo são enviadas pela Suíça para sua embaixada no Japão, em 14 de março de 2011, após o acidente em Fukushima.
Caixas de comprimidos de iodo são enviadas pela Suíça para sua embaixada no Japão, em 14 de março de 2011, após o acidente em Fukushima. Reuters/Pascal Lauener
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O iodo estável é um elemento necessário para a saúde e é um dos componentes produzidos pela glândula tireóide, localizada na parte frontal do pescoço.

Os comprimidos de iodo estáveis, ou seja, não radioativos, protegem o órgão da contaminação radioativa. Um acidente grave em uma instalação nuclear pode resultar na liberação de iodo radioativo para a atmosfera. Quando inalado ou ingerido através do consumo de alimentos contaminados, este elemento pode contaminar a população, aumentando o risco de câncer de tireóide.

O acidente do reator nuclear de Chernobyl em 1986 causou uma grande liberação de Iodo131 e iodo radioativo de curta duração no meio ambiente. Uma maior taxa de câncer de tireóide continua sendo observada em pessoas que vivem nas áreas contaminadas de Belarus, Ucrânia e na parte ocidental da Federação Russa.

Para evitar que a tireóide produza o iodo radioativo, a ingestão estável de iodo é uma medida preventiva eficiente para proteger a saúde das populações expostas à radioatividade. Ele "satura" a glândula tireóide, que não é mais capaz de sintetizar o iodo radioativo, que pode ser eliminado naturalmente através da urina.

Foto divulgada pela TV russa mostra a central de Chernobyl em 1986.
Foto divulgada pela TV russa mostra a central de Chernobyl em 1986. AFP/File

Iodo protege apenas a tireóide

"O iodo protege apenas um órgão, a tireóide", disse a autoridade francesa de segurança nuclear (ASN), lembrando que a primeira linha de proteção no caso de um acidente nuclear é buscar abrigo em um edifício. A droga não protege contra outros elementos radioativos, como o césio 134 ou 137. É preciso respeitar os limites de tempo para a ingestão do comprimido.

Os comprimidos de iodeto de potássio não são uma vacina radioprotetora nem um tratamento permanente. As pílulas de iodo estáveis devem ser tomadas idealmente uma hora antes da exposição à radioatividade, e no máximo dentro de 6 a 12 horas depois.

A eficácia é alta se tomada dentro de 2 horas antes do início das liberações de iodo radioativo. Ela é de 50% se tomada 6 horas após o início das liberações e, depois de 24 horas, seus efeitos colaterais são mais severos do que os benefícios esperados.

 

Imagens mostram explosão perto da usina nuclear de Zaporijjia, na Ucrânia, após ataque russo
Imagens mostram explosão perto da usina nuclear de Zaporijjia, na Ucrânia, após ataque russo Zaporizhzhya NPP via REUTERS - Zaporizhzhya NPP

Medida preventiva?

Os comprimidos de iodo podem ser ingeridos com um copo de água ou dissolvidos em uma bebida. Eles são particularmente recomendados para pessoas cuja tireóide é mais sensível ao risco de contaminação, mulheres grávidas (fetos), bebês, crianças e jovens.

Mas "não adianta tomar comprimidos de iodo como medida preventiva: não só é inútil, como pode causar efeitos indesejáveis ou alergias", enfatizou a ASN. A ingestão excessiva pode de fato levar à disfunção da tireóide, mas também a certos efeitos colaterais cardíacos ou renais. Na semana passada, médicos croatas soaram o alarme sobre os perigos de tomar pílulas de iodo de forma descontrolada.

Preocupados com o risco de um ataque nuclear russo, alguns belgas também estão correndo para comprar pastilhas de iodo, apesar das advertências.

Como conseguir o medicamento?

Os comprimidos de iodo só devem ser usados em situações acidentais, e somente sob as instruções das autoridades. Eles não são distribuídos aos clientes de uma farmácia mediante solicitação.

Na França, cinco campanhas de distribuição de pastilhas estáveis de iodo foram organizadas pelas autoridades públicas desde 1997 em cidades localizadas em raio de 20 quilômetros, em particular em torno das 19 instalações nucleares da EDF, a companhia de eletricidade francesa, em caso de liberação acidental de elementos radioativos.

Além deste raio, estoques departamentais, gerenciados pelos prefeitos, poderiam ser enviados, se necessário, de acordo com a ASN. Os comprimidos são válidos por sete anos, o que significa que eles precisam ser substituídos regularmente.

(Com informações da AFP)

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