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Franceses buscam comprimidos de iodo nas farmácias por medo de ameaça nuclear

Desde o início da guerra na Ucrânia e as ameaças do presidente russo, Vladimir Putin, de utilizar armas nucleares, os farmacêuticos franceses vêm recebendo cada vez mais pedidos de comprimidos de iodo, utilizados em casos muito específicos, como o de ataques ou acidentes nucleares.

Clientes fazem fila em uma farmácia em Paris em 13 de outubro de 2020. (imagem ilustrativa)
Clientes fazem fila em uma farmácia em Paris em 13 de outubro de 2020. (imagem ilustrativa) AFP - LUDOVIC MARIN
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"Medo legítimo ou irracional?", pergunta o jornal francês Le Parisien em matéria desta quarta-feira (2), repercutindo a reação da população à guerra na Ucrânia. O diário relata que diversos franceses foram às farmácias em todo o país para tentar obter comprimidos de iodeto de potássio, também conhecido como iodo estável.

No caso de um acidente nuclear, este composto protegeria a tireóide do iodo radioativo que poderia ser liberado no meio ambiente. Desta vez, é a guerra na Ucrânia, acentuada pelas ameaças de Vladimir Putin sobre o uso de armas nucleares, que está causando pânico em alguns franceses que desejam se abastecer, conforme reporta o jornal parisiense.

"Até agora, não havia demanda. Agora, em três dias, tivemos cerca de dez pessoas preocupadas com um acidente nuclear e pedindo por iodo. Algumas pessoas pensam que Putin seria capaz de jogar algo sobre a Ucrânia e que o [rio] Reno não conseguiria parar a nuvem nuclear, ao contrário do que muitas pessoas pensavam na época do acidente de Chernobyl", disse Alain Boetsch, um farmacêutico com sede em Estrasburgo e presidente da Federação dos Sindicatos dos Farmacêuticos Alsacianos, em entrevista ao ao Le Parisien.

"As pessoas estão preocupadas"

"Algumas pessoas estão preocupadas, neste contexto de guerra com o possível lançamento de um ataque nuclear ou de um míssil que possa cair perto de Chernobyl", faz eco a União dos Sindicatos dos Farmacêuticos (USPO).

De fato, há relatos de "mais pedidos por comprimidos de iodo", mas esta está longe de ser uma onda gigantesca. Philippe Besset, presidente da Federação Francesa de Sindicatos Farmacêuticos, também fala de "casos isolados" nesta fase. No Google, o número de buscas por "iodo" ou "iodeto" aumentou significativamente, no entanto, nos últimos dias, reporta o jornal francês.

Atualmente, somente farmácias localizadas perto de um local nuclear sensível na França devem ter estoques de iodo. Os habitantes que vivem em um raio de 20 km podem obtê-lo gratuitamente, apresentando um documento de identidade.

"Todas as farmácias do país podem ser mobilizadas pelos prefeitos para entregar comprimidos de iodo em caso de risco, mas nada do tipo está atualmente ativado", diz Besset. "Ao contrário das máscaras, teríamos os estoques necessários, se necessário", diz ele, tentando tranquilizar a população francesa, que sofreu com falta de máscaras durante a pandemia.

O iodo, como precaução, seria inútil

Por outro lado, engolir comprimidos como medida de precaução seria inútil, lembra Le Parisien. "Devem ser administrados em uma situação de acidente e somente sob as instruções das autoridades, no mínimo uma hora antes da exposição à radioatividade e no máximo 6 a 12 horas depois", diz o site do Instituto de Proteção Radiológica e Segurança Nuclear (IRSN).

Contatada por Le Parisien, a Autoridade Francesa de Segurança Nuclear (ASN) insiste no fato de que o iodo estável é "um medicamento, a ser tomado em um caso muito específico e sob as ordens das autoridades".

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