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Assassinato de comandante afegão há 20 anos abriu contagem regressiva para 11 de setembro nos EUA

O assassinato do comandante afegão Ahmed Chad Massoud completa 20 anos nesta quinta-feira (9). Ele foi morto pela Al Qaeda dois dias antes dos ataques de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, executados pelo mesmo grupo terrorista fundado pelo saudita Osama Bin Laden. Em abril daquele ano, em um discurso no Parlamento Europeu, Massoud advertiu o Ocidente que grupos terroristas compartilhavam a mesma visão ultrarradical do Islã que o movimento fundamentalista Talibã.

Destaque na imprensa francesa desta quinta-feira para o aniversário de 20 anos do assassinato do comandante afegã Ahmed Chad Massoud, as vésperas dos atentados de 11 de setembro nos Estados Unidos.
Destaque na imprensa francesa desta quinta-feira para o aniversário de 20 anos do assassinato do comandante afegã Ahmed Chad Massoud, as vésperas dos atentados de 11 de setembro nos Estados Unidos. © Fotomontagem RFI/Adriana de Freitas/
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Massoud sabia que corria perigo. Os dois falsos jornalistas acionaram a bomba que carregavam no momento da suposta entrevista que conseguiram obter e “mataram o último grande combatente do Afeganistão”, afirma o jornal francês Le Figaro, que publica um dossiê especial sobre Massoud. Depois de ter combatido os soviéticos nos anos 1980, o comandante resistia aos talibãs que estavam no poder na época.

O assassinato do "Leão do Panshir", como Massoud era conhecido, e os atentados de 11 de setembro de 2001, que provocaram a posterior invasão americana no Afeganistão, representam para muitos afegãos o ponto de partida de duas décadas de guerra, coroadas pela volta dos talibãs ao poder em 15 de agosto passado. Os Estados Unidos invadiram o país depois que o regime fundamentalista se negou a entregar Bin Laden, que estava refugiado no território afegão.

“Che Guevara do Oriente Médio”

Massoud é um herói eterno no Afeganistão. Ele continua despertando emoção e admiração em todas as pessoas que o conheceram. O jornal conservador francês entrevistou várias pessoas que descrevem um homem "fascinante", "inteligente", "que gostava de literatura", "jogava xadrez", era "silencioso", "carismático" e "sereno". "Esse Che Guevara do Oriente Médio", muçulmano moderado e poderoso senhor de guerra afegão fascinava o Ocidente", escreve Le Figaro. Sua morte, há 20 anos, provocou um traumatismo que ecoa até hoje.

A reportagem lembra um discurso premonitório de Massoud, pronunciado no Parlamento Europeu em abril de 2001. "Grupos como o de Osama Bin Laden compartilham a mesma interpretação do Islã que os talibãs, atualmente no poder no Afeganistão. O objetivo deles não se limita ao Afeganistão e, acreditem, eles vão perseguir essa meta em todo o mundo. Atrás dessa ameaça estão os militares e os serviços secretos paquistaneses, que apoiam esses grupos terroristas", alertou o comandante há 20 anos.

Retrospectivamente, esse discurso desperta medo. "Como e por que uma tal escalada do terror foi possível?", questiona o Le Figaro. "E tudo isso [o assassinato de Massoud, os atentados de 11 de setembro e a invasão americana] para acabar com a retirada dos Estados Unidos do Afeganistão e a volta dos talibãs ao poder", observa o jornal.

“Missão unificadora impossível”

Massoud era da etnia tajique. Depois de sua vitória contra os soviéticos, na década de 1989, ele preservou a independência do vale do Panshir, mas nunca conseguiu representar todo o Afeganistão. O novo governo do país, recém-formado pelos talibãs, é composto exclusivamente de pashtuns, outra etnia afegã. Isso prova que a missão unificadora do "Leão do Panshir" era, infelizmente, impossível, avalia o Le Figaro.

Mas hoje, a resistência continua e é liderada pelo filho do comandante Massoud, o jovem Ahmad. Apesar de uma derrota recente no vale do Panshir, o líder resistente de apenas 32 anos ainda desafia o Talibã.

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