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China/bolsa

Queda drástica da bolsa chinesa é fruto da incerteza sobre propagação do coronavírus, diz especialista

Depois de 10 dias fechadas, as bolsas chinesas registraram nesta segunda-feira (3) sua queda mais importante em cinco anos, de 8%. O motivo é o temor generalizado provocado pelo impacto econômico da epidemia de pneumonia viral causada pelo coronavírus e as medidas anunciadas pelo Banco Central chinês.

Bolsas asiáticas sofreram forte queda na primeira abertura desde o início da epidemia.
Bolsas asiáticas sofreram forte queda na primeira abertura desde o início da epidemia. REUTERS/Issei Kato
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As Bolsas de valores de Xangai e Shenzhen estavam fechadas para o feriado do Ano Novo Chinês desde o dia 24 de janeiro, um dia após o isolamento da cidade de Wuhan, onde surgiu o novo coronavírus. Os mercados mundiais também caíram, preocupados com as consequências da epidemia no crescimento da China, a segunda economia mundial, onde a atividade permanece abalada por conta do surto.

“Quando você verifica as estatísticas relacionadas ao coronavírus, percebe que o movimento da bolsa é feito para reagir a esse instante. Tivemos bolsas que fecharam muitos dias por conta das férias, é normal que elas absorvam esses dias de fechamento com uma baixa muito forte”, diz Jean-François Di Meglio, presidente do Instituto de Pesquisa Asia Centre, em entrevista à RFI.

Nesse contexto, a Bolsa de Xangai fechou nesta segunda-feira com uma queda de 7,72%, a 2.746,61 pontos, enquanto a de Shenzhen, a segunda mais importante da China continental, perdeu 8,41%, a 1.609,00 pontos. Esta é a queda mais forte desde o crash da bolsa de 2015. “De novo, a bolsa reage de maneira muito volátil, e é por isso que a bolsa existe, é uma fotografia instantânea do que está acontecendo”, declara, lembrando que algumas ações até mesmo valorizaram.

A moeda chinesa caiu 1,5% e ficou abaixo do limite simbólico de sete yuans por dólar, enquanto os preços do minério de ferro, cobre e petróleo foram suspensos porque caíram mais do que o máximo autorizado. As bolsas europeias não parecem ter sido afetadas. “Se você olha as estatísticas, vai perceber que apenas uma morte foi registrada fora da China continental e 80% dos casos declarados estão no país. Por enquanto o fenômeno é bastante restrito, a quarentena tem funcionado e a disseminação por enquanto não aconteceu”, avalia.

Confiança

A reação das bolsas chinesas é fruto da incerteza que reina em torno da evolução da doença. Para conter o pânico, o Banco Central chinês (PBOC) anunciou no domingo uma injeção de 1,2 bilhão de yuans (US$ 175 milhões) no sistema financeiro.

Nesta segunda-feira, a instituição também reduziu a taxa preferencial aplicada aos bancos comerciais para empréstimos de curto prazo em 2,4% (comparado a 2,5% até agora). “As autoridades financeiras tomaram as medidas que supostamente devem restaurar a confiança, o que ainda não aconteceu”, declara.

Segundo ele, o clima de confiança no país já havia sido abalado por elementos como a contestação em Hong Kong e a desaceleração ligada à guerra comercial. No caso da epidemia, as medidas de confinamento e bloqueio de estradas, por exemplo, também têm consequências negativas na bolsa. A injeção de liquidez feita pelo Banco Central deve ajudar a equilibrar o impacto financeiro.

“Essa é uma medida positiva, que as bolsas ainda não absorveram. Ainda não sabemos quanto tempo essa desaceleração ligada à doença vai durar”, avalia. De acordo com ele, se a situação se mantiver por vários meses, pode afetar ainda mais o PIB chinês e ter reflexo na economia mundial. “Tivemos outras epidemias na China e temos que ser prudentes em relação a esse impacto. Ainda é cedo para fazer esse tipo de conjectura”, diz.

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