Após escândalo sexual, bispos do Chile põem cargos à disposição do papa
Os bispos chilenos colocaram seus cargos à disposição do papa Francisco nesta sexta-feira (18). A decisão, anunciada pelos porta-vozes da Conferência Episcopal do Chile, Fernando Ramos e Ignacio González, é uma resposta aos escândalos de abuso sexual cometidos por religiosos do país latino-americano.
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Em uma declaração lida pelos porta-vozes à imprensa, os 34 bispos convocados pelo papa no Vaticano para prestar contas sobre os escândalos anunciaram que "todos" puseram seus "cargos nas mãos do Santo Padre para que ele livremente decida em relação a cada um". No anúncio, os bispos voltaram a "pedir perdão pela dor causada às vítimas".
Entre os 34 bispos presentes, estão vários dos acusados de terem acobertado durante décadas os abusos cometidos pelo padre Fernando Karadima. O religioso foi suspenso de forma vitalícia, após ser declarado culpado em 2011 de abuso sexual a menores nos anos 1980 e 1990.
Apesar da renúncia, os bispos se manterão em seus postos até que o papa tome as medidas que considerar cabíveis.
Bispos acusados de “graves falhas”
Em um documento de dez páginas vazado para a imprensa chilena, esses bispos foram acusados por Francisco de serem coletivamente responsáveis por "graves falhas" no manejo dos casos de abuso e da consequente perda da credibilidade da Igreja Católica. O documento detalhava pressões exercidas sobre aqueles que deviam investigar os abusos, assim como a destruição de documentos comprometedores.
Na ata de acusação, o pontífice fala de "fatos criminosos" cometidos por representantes da cúpula da Igreja chilena, de "escândalo", de "ir além" da remoção de pessoas para solucionar a crise. Um dos trechos mais fortes do documento está na página 9, na qual cita o informe elaborado pelo monsenhor Charles Scicluna e pelo sacerdote espanhol Jordi Bertomeu.
"Meus enviados puderam confirmar que alguns religiosos expulsos de sua ordem – por causa da imoralidade de sua conduta e após terem minimizado a absoluta gravidade de seus fatos criminosos, atribuindo-lhes a simples fraqueza, ou falta de moral – teriam sido acolhidos em outras dioceses e até, de modo mais do que imprudente, teriam recebido cargos diocesanos, ou paroquiais, que implicam um contato cotidiano e direto com menores de idade", afirmou Francisco ao descrever o método do acobertamento exercido por décadas.
(Com informações da AFP)
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