Nelson Mandela é enterrado em Qunu, vilarejo natal do líder
Dez dias após a morte de Nelson Mandela, o corpo do líder sul-africano foi enterrado hoje em Qunu, vilarejo natal do ex-presidente, no sul do país. A cerimônia, que começou com o canto religioso xhosa 'Lizali'sidinga lakho' ('Cumpre tua promessa') e teve honras militares, aconteceu na propriedade da família Mandela nesta localidade rural da África do Sul, diante de 4,5 mil pessoas.
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Após a cerimônia, o caixão com o corpo de Mandela foi transportado em um cortejo militar da casa da família até o local do funeral, uma grande tenda montada na residência familiar. Em meio a colinas, o prêmio Nobel da Paz foi enterrado de acordo com os rituais da etnia xhosa, que inclui o sacrifício de um boi. O ícone da luta contra o regime do apartheid nasceu e passou a infância no pequeno vilarejo e, em vida, havia demonstrado o desejo de ser enterrado junto com seus ancestrais.
"Recordo o homem alto, saudável, forte, o boxeador", afirmou aos presentes seu amigo Ahmed Kathrada, que passou 18 anos na prisão de Robben Island ao lado de Mandela e fez um discurso emocionado. "Caminhamos lado a lado pelo vale da morte, sempre nos apoiando. Perdi um irmão, não sei com quem vou falar."
A neta Nani falou sobre os momentos de intimidade familiar e revelou que o avô era um "grande narrador de histórias", que também recordava a todos sobre as obrigações, "para nos prepararmos para sermos melhores na vida".
Personalidades homenageiam líder
Entre os presentes estavam ainda o arcebispo e Nobel da Paz Desmond Tutu, velho amigo de Mandela, a viúva Graça Machel, assim como Winnie Mandela, que foi a primeira esposa do líder sul-africano. Também estavam em Qunu o reverendo americano e ativista dos direitos civis Jesse Jackson, o magnata britânico Richard Branson, o ex-primeiro-ministro francês Lionel Jospin, o político norte-irlandês Gerry Adams, a apresentadora de televisão americana Oprah Winfrey e os atores Forrest Whitaker e Idris Elba, que interpreta Mandela no cinema.
O atual presidente, Jacob Zuma, observou de pé o caixão, coberto com a bandeira sul-africana, ser colocado no túmulo. Aviões e helicópteros militares sobrevoaram o local durante o último adeus, e tiros de canhão foram disparados em homenagem ao homem responsável pelo fim da segregação racial no país, nos anos 90. Ainda cântigos religiosos, corais infantis, breves discursos de familiares e companheiros fizeram parte das homenagens. Uma grande foto de Mandela estava na tribuna, com 95 velas – correspondentes à idade de Mandela - dispostas em duas fileiras.
“Uma extraordinária viagem se encerra”, disse Zuma durante a cerimônia, o último ato solene público, transmitido pela televisão. Quando o caixão foi levado para o pequeno cemitério familiar, as imagens foram cortadas e o sepultamento ocorreu ao abrigo da imprensa. “É o fim de 95 gloriosos anos de um combate pela liberdade de um servidor humilde e devoto do povo da África do Sul, de um poço de sabedoria, de um pilar de força, de uma luz de esperança”, discursou.
A família, amigos, velhos companheiros de luta, militares e líderes tribais caminharam até o local da sepultura. No total, 450 pessoas estavam no grupo que participou do último adeus, incluindo Branson, Tutu e Winfrey.
Fim de 10 dias de luto
O sepultamento marca o encerramento de 10 dias de luto nacional e uma série de homenagens no país e no mundo. Na terça-feira, cerca de uma centena de chefes de Estado e de Governo – como Barack Obama e Dilma Rousseff – participaram, em Soweto, de uma imensa cerimônia pública que contou com a presença de 60 mil pessoas. Na ocasião, o presidente americano descreveu o líder como “um gigante da História”.
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