Acessar o conteúdo principal
Líbia/Crise

Para Berlusconi, Kadafi não controla mais a Líbia

O Conselho de Segurança da ONU retoma neste sábado as discussões sobre sanções contra a Líbia. O premiê Silvio Berlusconi, principal aliado europeu do ditador líbio, disse neste sábado que Muammar Kadafi não controla mais o país. Ontem, o presidente americano, Barack Obama, se adiantou à decisão da ONU e bloqueou os bens de Kadafi e de sua família nos Estados Unidos. Fugindo da repressão, milhares de pessoas continuam tentando deixar a Líbia.

O embaixador líbio na ONU, Mohammed Shalgham, se emociona ao anunciar sua decisão de abandonar Kadafi.
O embaixador líbio na ONU, Mohammed Shalgham, se emociona ao anunciar sua decisão de abandonar Kadafi. REUTERS/Brendan McDermid
Publicidade

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, qualificou o momento como histórico e denunciou cerca de 1.000 mortos na sangrenta repressão aos opositores que tentam derrubar o ditador líbio Muammar Kadafi, no poder há 42 anos. Kadafi está cada vez mais isolado. Neste sábado, o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, princial aliado europeu de Kadafi, afirmou que o dirigente líbio "parece ter perdido o controle sobre a Líbia". Toda a região nordeste do país, rica em petróleo, nas proximidades de Benghazi, passou para as mãos da oposição, que tenta constituir uma nova administração. Kadafi só teria controle sobre a capital, Trípoli.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, determinou nesta sexta-feira o congelamento de todos os ativos de Muammar Kadafi, sua família e membros de seu regime, se antecipando às sanções que devem ser adotadas neste sábado no Conselho de Segurança da ONU contra o ditador líbio. Essa é a primeira sanção de uma série anunciada pela Casa Branca. Obama declarou que "Kadafi, seu governo e seus colaboradores tomaram medidas extraordinárias contra os líbios, incluindo o emprego de armas de guerra, mercenários e uma violência sem sentido contra civis desarmados".

Ontem, durante as discussões no Conselho de Segurança da ONU, o embaixador líbio Mohammed Shalgham fez um apelo emocionado aos diplomatas presentes. "Por favor, salvem a Líbia." Ele implorou aos 15 países membros do Conselho, presidido atualmente pelo Brasil, que ponham um ponto final ao banho de sangue em seu país. No início da semana, o embaixador líbio destacou sua amizade com o coronel Kadafi, dizendo que se recusava a traí-lo. Mas diante do massacre efetuado pelos mercenários guiados por Kadafi, o embaixador pediu ao Conselho de Segurança que adote uma resolução corajosa contra o ditador.

O projeto de resolução em estudo prevê que o Tribunal Penal Internacional vai investigar os massacres comandados por Kadafi nas últimas semanas, um embargo total sobre a venda de armas e material de repressão à Líbia, o congelamento dos bens do ditador líbio e de seus familiares, assim como a proibição de concessão de vistos a 21 membros da família do ditador e colaboradores de seu governo. A ONU também poderá autorizar que aviões radares da OTAN passem a controlar o espaço aéreo líbio, de modo a impedir bombardeios contra os opositores. A OTAN e a União Europeia também estão organizando o repatriamento de estrangeiros. Vários navios estão seguindo para Malta, o país europeu mais próximo da Líbia. Apenas neste sábado, a China evacuou 16 mil chineses da Líbia.

OTAN e União Europeia organizam controle aéreo da Líbia

Nesta sexta-feira, OTAN e União Europeia decidiram defender a imposição de uma zona de exclusão na Líbia, para impedir voos de aviões militares do país. Porém, o controle do espaço aéreo líbio só poderá entrar em vigor após a aprovação da resolução do Conselho de Segurança da ONU.

A ideia desta zona de exclusão foi discutida durante uma reunião entre o secretário-geral da aliança militar, Anders Fogh Rasmussen, e os ministros da Defesa do bloco europeu, em Godollo, na Hungria. Rasmussen afirmou que a prioridade deste plano seria a de resgatar os estrangeiros que ainda estão em solo líbio. Segundo a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, cerca de 3 mil europeus aguardam resgate no país.

Ainda nesta sexta-feira, a Comissão Europeia anunciou o envio de 3 milhões de euros para ajudar as vítimas da violência na Líbia e países vizinhos. Esta ajuda financeira será destinada à compra de remédios, equipamentos médicos, alimentos, tendas, cobertores e kits de higiene para os líbios e estrangeiros que fugiram do país, e atravessaram as fronteiras para se refugiar na Tunísia e no Egito. A União Europeia também concordou em adotar novas sanções contra a Líbia.

Alguns países do bloco, como Itália, Malta e Chipre - que mantêm laços estreitos com o regime do ditador líbio - estão mais reticentes em adotar as sanções. Enquanto que Alemanha e França defendem mais rapidez na imposição destas sanções como meio de aumentar a pressão contra Kadafi.

Com a colaboração de nossa correspondente em Bruxelas, Letícia Fonseca

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.