Paris lança “local seguro” para casos de assédio nos trens; 40% das mulheres têm medo nos transportes

Na quarta-feira (6), a Île-de-France Mobilités (autoridade que controla a rede de transportes públicos em Paris e em seu entorno) e a RATP (agência autônoma de transportes parisienses) inauguraram o primeiro "local seguro" na rede de transportes, na estação Auber dos trens suburbanos na capital francesa, para oferecer um refúgio seguro às mulheres vítimas ou ameaçadas de "violência sexual e sexista". Em Paris, 40% das mulheres dizem não se sentirem seguras na rede de transportes públicos.

Passageiros andam em uma plataforma da estação Gare do Nord, em Paris em, 15 de janeiro de 2020. Imagem de ilustração. REUTERS/Gonzalo Fuentes

O local, situado no coração da estação Auber RER, é uma loja de conveniência conhecida como Relay, cujos funcionários foram treinados pela Umay, uma start-up que promete tornar mais segura a circulação em espaços públicos. 

Qualquer pessoa que se sinta ameaçada deve encontrar refúgio nesse "lugar seguro". 

"Nossos cursos de treinamento de funcionários são projetados para ensiná-los a coletar informações, tranquilizar e fornecer informações", explicou Pauline Vanderquand, cofundadora da start-up, que já tem parcerias com outros municípios, como a cidade de Rouen (a 135 km de Paris), desde 2022. 

Expansão de "locais seguros"

Pauline Vanderquand informou que outros pontos de acolhida para mulheres serão implantados nas próximas semanas e meses na rede de transportes parisiense.

"Sugerimos aos lojistas de nossas áreas de conexões que se tornem locais seguros para as vítimas", diz Sandrine Charnoz, chefe do projeto de combate ao assédio sexual nos transportes da RATP. 

Essa proposta recebeu uma resposta favorável do grupo Lagardère, que administra vários pontos de venda da Relay e da Monop' (lojas de conveniência vinculados ao grupo francês de supermercados Monoprix) nas estações de metrô de Paris por meio de sua subsidiária Lagardère Travel Retail. 

Benoît Verdier, CEO adjunto da subsidiária, anunciou na inauguração que todos os seus pontos de venda na rede da RATP receberiam o selo de "local seguro" até 2024. "Isso diz respeito a 35 pontos de venda e 80 funcionários", cujo treinamento será mais uma vez confiado à Umay, explica Verdier. 

O esquema está sendo introduzido em um momento em que quase nove em cada dez mulheres afirmam ter sido vítimas de "assédio sexista ou sexual" no transporte, de acordo com dados do Ministério da Transição Ecológica da França. 

"40% das mulheres não se sentem seguras em nossas redes, isso é inaceitável", lamentou Jimmy Brun, porta-voz da RATP, citando uma pesquisa que ainda não foi publicada, mas que deve ser apresentada no início de 2024. 

(Com informações da AFP)