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A um ano da Olimpíada, Paris teme problemas no transporte durante Jogos de 2024

Daqui a um ano, em 26 de julho de 2024, a França celebra a abertura dos Jogos Olímpicos de Paris. São 365 dias para resolver uma questão que ainda deixa os organizadores preocupados: o transporte durante o megaevento esportivo. “Se um turista voltar ao seu país após problemas de segurança ou de transporte, terá más lembranças”, garante o deputado Stéphane Mazars, membro do grupo legislativo que acompanha a preparação para os Jogos.

Obras na linha 14 do metrô de Paris, que até os Jogos Olimpícos deve chegar ao aeroporto de Orly, hoje desconectado da rede de trens da metrópole parisiense.
Obras na linha 14 do metrô de Paris, que até os Jogos Olimpícos deve chegar ao aeroporto de Orly, hoje desconectado da rede de trens da metrópole parisiense. © LUDOVIC MARIN / AFP
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Com informações de Farid Achache e Louise Huet, da RFI

A estimativa é de que 600 mil torcedores e 200 mil funcionários da Olimpíada e da Paralimpíada usem diariamente o transporte público para cruzar a capital durante os Jogos.

Nesta corrida para deixar tudo pronto, as empresas de transporte e os organizadores não têm espaço para erros.

"Tem que ser perfeito. Os Jogos representam um evento que serve de vitrine para a metrópole, por isso o percurso deve ser fluido e não pode haver interrupções. A imagem de Paris e nossa credibilidade como sede dos Jogos estão em jogo”, destaca Pierre Zembri, professor da Universidade Gustave Eiffel e colaborador do laboratório Ville Mobilité Transport.

No papel, tudo parece ir bem: Paris e sua periferia têm uma vasta rede de metrôs, trens de subúrbio, VLTs e ônibus para garantir o deslocamento entre todos os locais de competição. No entanto, a cada ano, entre junho e agosto, quem vem a Paris enfrenta um transporte público com problemas: número reduzido de veículos, acidentes, interrupções imprevistas, linhas paradas para obras.

“Os problemas que surgem todos os anos se repetirão durante o verão de 2024?", questiona o jornalista especializado em transporte Gilles Dansart, fundador da ONG Mobilettres.

Em junho, uma pane em uma das linhas que atravessa a capital de norte a sul deixou passageiros presos por duas horas dentro de vagões de metrô lotados e sem ar-condicionado no horário mais quente do dia.

O centro aquático olímpico, em construção ao norte de Paris, em Saint-Denis.
O centro aquático olímpico, em construção ao norte de Paris, em Saint-Denis. AFP - BERTRAND GUAY

Obras contra o relógio

Por enquanto, o maior ponto de atenção são as obras de extensão da linha 14, considerada a principal via dos Jogos. Esta linha deve chegar ao aeroporto internacional de Orly, no sul de Paris, e ir até Saint-Denis, cidade ao norte da capital onde está o Stade de France e o Centro Aquático Olímpico. Por enquanto, seu trajeto atende apenas o centro de Paris, com obras de extensão nas duas pontas.

A presidente da região metropolitana, Valérie Pécresse, e o chefe da empresa pública de transportes RATP, Jean Castex, garantiram em junho que a linha ficaria pronta a tempo. No entanto, o cronograma é apertado, a linha completa está prevista para entrar em operação poucas semanas antes do início dos jogos, no final de junho de 2024.

“Estamos preocupados com a data de inauguração devido aos grandes atrasos no fornecimento de elementos técnicos que a RATP encontrou", destaca Michel Babut, vice-presidente da Federação Nacional das Associações de Usuários do Transporte.

A entidade encarregada de garantir a rede de transportes para os Jogos, a Île-de-France Mobilités (IDFM), coloca panos quentes nas preocupações. Haveria sempre múlitplas possibilidades logísticas para todos os destinos olímpicos.

"Planejamos da melhor maneira possível, revisando todos os calendários de competição para garantir que sempre haja pelo menos dois ou três soluções de serviços diferentes para cada local olímpico, seja de trem ou de ônibus nas saídas de determinadas estações para as localidades mais remotas", expõe Laurence Debrincat, diretor de Jogos Olímpicos e Paraolímpicos do IDFM.

Tranquilidade também é o tom da resposta do ministro dos Transportes, Clément Beaune: "Estamos confiantes, comprometidos e estaremos prontos".

Sem greves e com funcionários

Além das obras estarem prontas, um fator essencial para o transporte é o pessoal. Será necessária a contratação de novos condutores, de mais agentes para manutenção e recepção dos usuários. E, ainda, a empresa RATP terá que adiar as férias de parte dos atuais funcionários, que costumam descansar entre julho e agosto, meses de férias escolares durante o verão europeu.

As negociações estão em andamento para motivar os funcionários a trabalharem durante o verão e para evitar manifestações e greves.

“Teremos que revisar completamente o cronograma de férias. O que pode criar tensão e levar a número insuficiente de funcionários disponíveis, o que seria catastrófico. Tudo vai depender de discussões com os sindicatos, bônus e benefícios decididos”, argumenta Pierre Zembri.

A RATP pretende assinar um acordo sobre valores adicionais para a Olimpíada, mas nada ainda foi decidido.

Por enquanto, a promessa de mobilidade mais garantida para os Jogos são as ciclovias. Dos 415 kms de vias prometidos, mais de 300 km já estão em funcionamento.

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