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Duas horas presos no metrô: problemas no transporte de Paris acendem alerta a um ano de Olimpíada

Uma pane na linha 4 do metrô de Paris, que corta a capital francesa de norte a sul, deixou passageiros presos por duas horas dentro dos trens no horário de pico na noite de quarta-feira (14). Em vagões superlotados e sem ar-condicionado, a temperatura chegou aos 35°C, segundo relatos de testemunhas. O caso, classificado como excepcional pela empresa responsável, se soma a múltiplas interrupções no serviço nesta semana, colocando em xeque a condição do transporte durante os Jogos de Paris 2024.

Muitos passageiros da linha 4 do metrô de Paris ficaram presos na noite de quarta-feira, alguns por duas longas horas, em trens superaquecidos e superlotados, um incidente descrito como "bastante excepcional" pela RATP, que iniciará uma investigação interna.
Muitos passageiros da linha 4 do metrô de Paris ficaram presos na noite de quarta-feira, alguns por duas longas horas, em trens superaquecidos e superlotados, um incidente descrito como "bastante excepcional" pela RATP, que iniciará uma investigação interna. AFP - CHRISTOPHE ARCHAMBAULT
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O incidente começou com um trem que parou, interrompendo o tráfego na linha norte-sul de Paris no horário de pico, por volta das 18h30. O bloqueio causou uma reação em cascata e cinco metrôs cheios ficaram parados dentro de túneis enquanto o problema era resolvido, o que levou horas.

"Ficamos presos em um calor insuportável", disse Oussama El Cherif, de 19 anos. Depois de uma longa espera entre duas estações, ele e vários outros passageiros decidiram "caminhar ao longo dos trilhos" para sair do túnel.

"No trem, havia pessoas que estavam começando a se sentir mal. Estávamos realmente no limite. Duas ou três pessoas começaram a se irritar, e algumas pessoas continuaram apertando o botão de alarme", relatou Françoise Rouveyrolles, de 67 anos. A retirada de passageiros da linha só terminou por volta das 21h30.

A empresa responsável, RATP, afirmou em um comunicado que o caso foi “excepcional” e que haverá uma investigação interna para determinar as causas.

 

No entanto, no mesmo horário, a linha de metrô que liga Paris a Seine-Saint Denis, cidade sede de parte das competições olímpicas, ficou interrompida por duas horas por conta de um “incidente técnico”, segundo comunicou a empresa no Twitter. Os serviços voltaram depois das 22h e, segundo passageiros, com trens que demoravam mais de 20 minutos para passar.

Por volta das 18h, a linha que corta a capital de leste a oeste teve seu tráfego interrompido também por duas horas. Dessa vez, o problema não foi técnico, mas uma questão de segurança: qualquer material encontrado abandonado dentro de uma estação ou de um vagão, como uma mala ou uma caixa, provoca a intervenção da segurança contra o risco de atentados.

Para piorar a situação, a pane de um trem na estação de Drancy, em Seine-Saint-Denis, perturbou o tráfego de duas outras linhas de trem urbano, criando um cenário infernal na volta para casa de milhares de passageiros. 

Imagina em 2024

Os casos recentes de problemas nos transportes fazem os parisienses apostarem no caos durante os Jogos Olímpicos. "Vocês chamam isso de excepcional? Os trens são velhos, nada é visto com antecedência e o tudo é feito no limite. É o mesmo problema todos os anos no verão: sem ar-condicionado e todo mundo no vagão como se fossem animais. Vai ser top para os Jogos Olímpicos! Vergonhoso", escreveu um passageiro no Twitter. 

"As condições das linhas que fazem o trajeto norte-sul de Paris é uma real preocupação para nós", afirma Arnaud Bertrand, presidente da associação de passageiros Plus de trains. Em entrevista ao canal BFMTV, ele denuncia problemas de manutenção e falta de pessoal para resolver os incidentes.

"Daqui a quatorze meses, centenas de milhares de visitantes de todo o mundo vão experimentar o que os passageiros da região de Paris passam todos os dias nos horários de pico", afirma Bertrand.

O governo francês minimiza o problema, mas tem dado sinais de que esta é uma preocupação. Em novembro de 2022, o ex-primeiro-ministro Jean Castex foi nomeado chefe da empresa responsável pelos transportes na região de Paris

Após os problemas dessa quarta-feira, um assessor do governo de Emmanuel Macron afirmou ao jornal Le Monde que este ano está sendo um teste para melhorar a resposta do sistema em "situações de crise". O metrô de Paris parece não ter se saído bem na primeira prova. 

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