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Entenda como funciona a campanha eleitoral da França

Foi dada a largada oficialmente, nesta segunda-feira (28), para a campanha eleitoral à presidência da França. Depois de um fim de semana de mobilização em todos os campos do espectro político, os 12 candidatos têm duas semanas para conquistar os franceses. Quase quatro em cada dez eleitores que votarão no dia 10 de abril, quando acontece o primeiro turno, ainda não fizeram a sua escolha, segundo um levantamento do BVA Opinion. As pesquisas também apontam para o risco de um alto índice de abstenção.

O primeiro turno das eleições presidenciais francesas acontecerá em 10 de abril de 2022, o segundo em 24 de abril.
O primeiro turno das eleições presidenciais francesas acontecerá em 10 de abril de 2022, o segundo em 24 de abril. AFP - SEBASTIEN SALOM-GOMIS
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Diariamente, as rádios e TVs públicas francesas levarão aos eleitores informações sobre as propostas dos candidatos ao Palácio do Eliseu. A partir de agora, a campanha passa a ser controlada pela legislação eleitoral francesa. O tempo de fala dos candidatos, os clipes de campanha e até a instalação de painéis de publicidade deverão respeitar normas estritas.

Regras da campanha 

O tempo de fala dos candidatos em programas de rádio e televisão exige o princípio da igualdade para todos os nomes na disputa e seus apoiadores. A regra deve valer, também, para os dois candidatos que se classificarem para o segundo turno.

O controle do tempo de fala é muito preciso e é feito pela Autoridade reguladora da comunicação audiovisual e digital (Arcom, na sigla em francês). As emissoras que não respeitarem as regras ficarão expostas a sanções, como suspensão de programas, redução de sua duração ou até pagamento de multas.

Os vídeos de campanha dos candidatos são transmitidos diariamente por empresas públicas (France Télévisions, Radio France e France Médias Monde), com o mesmo tempo de duração concedido para cada concorrente. "Essas transmissões oficiais de campanha são um espaço livre de expressão, oferecido a candidatos e partidos políticos. Em particular, permitem dar acesso mínimo a partidos de menor notoriedade e, portanto, menos presentes nos grandes noticiários", detalha a comissão que regulamenta a campanha.

A ordem de exibição dos clipes é determinada por sorteio e o material de campanha pode variar entre 1 minuto e 30 segundos a até 5 minutos, no caso do segundo turno.

Campanha pelo correio

Conforme previsto em lei, cada cidadão francês recebe em casa, pelo correio, os programas dos 12 candidatos em disputa, acompanhados de todos os boletins de voto e seu envelope, que depois poderão serão depositados na urna, nos dias do pleito (10 e 24 de abril). As remessas começam nesta segunda-feira.

Depois de problemas no envio desse material nas últimas eleições regionais e departamentais, em 2021, quando dezenas de milhares de eleitores foram privados desses documentos informativos, a distribuição deverá ser monitorada com especial atenção. As informações dos candidatos também estarão disponíveis no site da Comissão Nacional de Controle de Campanhas (CNCCEP, na sigla em francês).

Os candidatos ainda poderão contar com outro suporte para se comunicar com os eleitores: os outdoors públicos. A partir desta segunda-feira, os cartazes eleitorais dos 12 presidenciáveis ficarão expostos nos lugares reservados para a campanha, organizados nas sedes das prefeituras. Eles também ficarão visíveis junto aos locais de votação de cada município, de acordo com o artigo L51 do Código Eleitoral.

A ordem de exibição não é deixada ao acaso, mas foi determinada por sorteio realizado durante a sessão em que o Conselho Constitucional anunciou a lista oficial de candidatos. Esta lista foi publicada no Diário Oficial.

Para esta eleição, a ordem estabelecida é: Nathalie Arthaud (Luta Operária), Fabien Roussel (Partido Comunista Francês), Emmanuel Macron (A República em Marcha), Jean Lassalle (Resistamos!), Marine Le Pen (Reunião Nacional), Éric Zemmour (Reconquista!), Jean-Luc Mélenchon (A França Insubmissa), Anne Hidalgo (Partido Socialista), Yannick Jadot (Europa Ecologia Os Verdes), Valérie Pécresse (Os Republicanos), Philippe Poutou (Novo Partido Anticapitalista) e Nicolas Dupont-Aignan (França De Pé).

Após o dia 10 de abril, os candidatos que não passarem ao segundo turno poderão usar esses painéis ainda por alguns dias para agradecer aos seus eleitores ou anunciarem a sua retirada. Os painéis dos eliminados serão removidos na quarta-feira de manhã, seguinte ao primeiro turno.

Pesquisas eleitorais

As pesquisas de intenção de voto, que são um retrato instantâneo da corrida eleitoral e apresentam margens de erro, têm colocado o presidente Macron muito à frente da candidata de extrema direita, Marine Le Pen, que é seguida de perto pelo líder da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon. O jornalista e também representante da extrema direita Éric Zemmour e a candidata de direita Valérie Pécresse disputam o quarto e o quinto lugares.

Não haverá um debate na televisão entre todos os 12 candidatos. Pela tradição, o presidente só participa do debate no segundo turno. O risco desse pleito, segundo alguns analistas, é que, como "já conhecem" o resultado, os franceses não queiram votar. As abstenções, que bateram recorde de 66% nas eleições regionais e 56% nas municipais, podem passar de 30% nas presidenciais, de acordo com pesquisas publicadas até o momento.

Programa humorístico na noite do 1° turno

Em um sinal de desinteresse dos franceses pela eleição presidencial, a emissora TF1, líder de audiência no país, interromperá seu programa especial dedicado ao primeiro turno às 21h30 do dia 10 de abril, muito antes do que em eleições presidenciais anteriores. Em seguida, os espectadores serão convidados a assistir "Les Visiteurs", uma comédia popular dos anos 1990 e que pode garantir melhor audiência, de acordo com a grade de programação.

Até agora, tudo indica que as eleições francesas serão um novo duelo entre Macron e Le Pen. No segundo turno, os institutos de pesquisa preveem a vitória do atual presidente com ampla vantagem sobre o segundo colocado, seja ele Le Pen, ou qualquer outro candidato.

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