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Eleições francesas: guerra na Ucrânia domina o debate presidencial

Oito dos doze candidatos ao Palácio do Eliseu, incluindo Emmanuel Macron, foram os convidados do canal de televisão TF1, na segunda-feira à noite, para um programa intitulado "A França diante da guerra". Os jornais franceses desta terça-feira (15) descrevem o que eles chamaram de “uma grande prova oral” dos presidenciáveis, a menos de um mês do primeiro turno da eleição, que acontecerá nos dias 10 e 24 de abril.

Os oito principais candidatos à eleição presidencial francesa participaram de um programa de televisão "La France face a la guerre" (A França diante da guerra) transmitido no canal de TV francês TF1. Em Saint-Denis, norte de Paris, França. Em 14 de março de 2022.
Os oito principais candidatos à eleição presidencial francesa participaram de um programa de televisão "La France face a la guerre" (A França diante da guerra) transmitido no canal de TV francês TF1. Em Saint-Denis, norte de Paris, França. Em 14 de março de 2022. REUTERS - POOL
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Sem debate, sem confronto direto. Em vez disso, as sucessivas intervenções dos oito candidatos mais bem colocados nas pesquisas, sem qualquer possibilidade de troca ou mesmo interação, escreve Les Echos.

Principalmente dedicada ao conflito russo-ucraniano e suas repercussões no cotidiano do país, em particular em termos de poder de compra, “a grande prova oral” foi a oportunidade, também, para todos os adversários do atual presidente de atacar seu histórico e dizer que fariam melhor, resume Le Figaro.

Quando Emmanuel Macron fala, ele se recusa a separar os papéis e assume ser presidente e candidato. Referindo-se primeiro aos seus esforços diplomáticos para tentar resolver a crise internacional e pôr fim à invasão da Ucrânia pela Rússia, o chefe de Estado disse que queria "tentar parar esta guerra sem entrar em guerra guerra”. Enquanto espera conseguir "uma arquitetura de paz", disse estar disposto a "acolher pelo menos 100 mil refugiados e fez questão de dizer que "tudo é possível" em termos de sanções em relação a Moscou.

Isto, porém, tendo o cuidado de limitar ao máximo o impacto destas decisões para o povo francês: daí as medidas de emergência que decidiu, entre elas o  desconto de 15 centavos a cada litro de gasolina na bomba e o pedido de um "plano de resiliência" para acompanhar certos setores. Macron também defendeu as escolhas de longo prazo que fez, como a de  relançar a energia nuclear, fortalecer a soberania e a independência europeias.

"Risco de colapso da economia"

Marine Le Pen insistiu em seu desejo de “proteger” os franceses. Para ilustrar sua vontade, a candidata do partido Reunião Nacional (extrema direita) apresentou o objetivo da paz na Ucrânia como sua “obsessão” e “condenou da forma mais clara” a invasão do país pelo Kremlin. Sem, no entanto, chegar ao ponto de qualificar Vladimir Putin como “ditador”.

Ela também disse apoiar as sanções contra a Rússia e alertou contra “o risco de que a economia francesa entre em colapso”. Para lidar com isso, a deputada defendeu a “independência energética”, a autonomia da França por meio da saída do comando integrado da OTAN e o aumento do orçamento de defesa. Para preservar o bolso dos franceses, a candidata lembrou, ainda, o desejo de baixar a TVA (equivalente ao ICMS no Brasil) da gasolina de 20% para 5,5%.

Para Valérie Pécresse, do partido Os Republicanos (direita tradicional), a resolução desta guerra não passa pela adesão da Ucrânia à União Europeia, mas sim por dar "uma perspectiva europeia" a Kiev. A presidente da região Île-de-France, onde se encontra a capital francesa, também pediu para "reformar a Europa dos 27 antes de pensar em expandi-la".

Éric Zemmour, do Reconquista! (extrema direita), se apressou em condenar a guerra, já que sua antiga visão pró-russa poderia lhe fazer perder votos, e também defendeu o aumento do orçamento do Exército e a saída da França do comando integrado da OTAN. “Esta volta do trágico não esconde, contudo, outra crise: a que vivemos em nosso solo, a da ‘grande substituição da população’”, martelou, com a teoria xenofóbica de que os verdadeiros franceses estariam sendo substituídos por imigrantes.

Repetindo o slogan de que “um outro mundo é possível”, o candidato da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon, defendeu a sua posição de "não alinhado", acreditando ter avisado, desde 2014, para os riscos de um conflito na região. “Quando os americanos disseram 'vamos levar a OTAN às portas da Rússia', eu disse 'perigo'. Quando Vladimir Putin cruza a fronteira ucraniana, digo que é intolerável", resumiu o candidato do partido A França Insubmissa. Internamente, Jean-Luc Mélenchon assegurou que é urgente acabar com as centrais nucleares, "perigosas no plano militar" em caso de ataque.

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