Catalunha mantém proposta de plebiscito, apesar do revés escocês
O presidente da região da Catalunha, Artur Mas, declarou hoje que a vitória do "não" na Escócia "representa um revés" para os independentistas catalães. Mesmo assim, ele vai assinar um decreto propondo a realização de um plebiscito no dia 9 de novembro sobre a separação da Catalunha do resto da Espanha.
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Enquanto a Escócia teve seu referendo autorizado pelo governo britânico, o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, não aceita uma votação semelhante na Catalunha. O premiê diz que o plebiscito seria ilegal e contrário à Constituição. Artur Mas afirma que a consulta vai ser feita com base em uma lei regional. E Rajoy rebate avisando que o Tribunal Constitucional espanhol é o que tem a última palavra sobre o assunto.
O presidente do governo catalão espera que a comunidade internacional pressione Rajoy a encontrar uma solução para a Catalunha. Já o presidente do partido separatista ERC, Oriol Junqueras, defende a desobediência civil, caso o governo proíba a consulta soberanista.
Como se viu na campanha da Escócia, o referendo na Catalunha divide opiniões. O Nobel de Literatura Mario Vargas Llosa e o diretor de teatro catalão Albert Boadella, contrários ao plebiscito, participaram de ações neste mês para defender a permanência da Catalunha na Espanha. Do lado dos independentistas, o ex-técnico do Barcelona Pep Guardiola e o tenor José Carreras são favoráveis ao plebiscito.
Sim ou não?
Pesquisa recente publicada no jornal El País mostrou que cerca de 45% dos espanhóis são favoráveis ao plebiscito, mas só se for aprovado pelo Tribunal Constitucional, ou seja, só se for legal. Apenas 23% apoiam a consulta, mesmo ilegalmente, e apenas um terço dos entrevistados acha possível a independência da Catalunha num futuro próximo.
A chamada "terceira via", defendida pelo Partido Socialista Espanhol (PSOE), também ganhou adeptos: 42% dos entrevistados desejam mais poderes para a Catalunha sem declarar a independência. Ou seja, preferem um estado federalista. E só 19% querem que as coisas continuem como estão.
No dia 11 de setembro, milhares de catalães foram às ruas para comemorar o Dia Nacional da Catalunha. Eles aproveitaram a data para reivindicar o plebiscito. De acordo com os organizadores, 1,8 milhão de pessoas participaram da concentração em Barcelona. Já as autoridades ligadas ao governo central estimaram o número de separatistas entre 470 mil e 520 mil.
Com a colaboração de Fina Iñiguez, correspondente em Barcelona
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