Israel cede à pressão americana e vai facilitar entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza
Israel vai permitir a entrega de ajuda à Faixa de Gaza através do ponto de passagem de Erez, anunciou o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, nesta sexta-feira (5).
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O anúncio foi feito após um telefonema entre Netanyahu e o presidente americano, Joe Biden, que, pela primeira vez, condicionou o apoio dos Estados Unidos a Israel à proteção dos civis palestinos em Gaza.
O gabinete de guerra autorizou o governo israelense a "tomar medidas imediatas para aumentar a ajuda humanitária à população civil da Faixa de Gaza", informou o gabinete de Netanyahu. Isso vai permitir "evitar uma crise humanitária e é necessário para garantir a continuação dos combates e alcançar os objetivos da guerra", argumentou.
No comunicado, o gabinete do primeiro-ministro explica que será autorizado o acesso de ajuda através do porto israelense de Ashdod, distante cerca de 35 km por terra de Gaza, e o ponto de passagem de Erez, situado no norte do território palestino.
Desde o início da guerra entre Israel e Hamas, em 7 de outubro, a ajuda humanitária entra a conta-gotas na Faixa de Gaza e mal chega ao norte do território, devastado pelos combates e ameaçado pela fome iminente, segundo a ONU.
As autoridades também vão permitir "o aumento da ajuda jordaniana pela passagem de Kerem Shalom", um posto fronteiriço no extremo sul de Israel. Até agora, a maior parte da ajuda humanitária entra em Gaza pela cidade de Rafah, na fronteira com o Egito, no extremo sul do território palestino.
A pressão internacional sobre Israel pela grave crise humanitária em Gaza se intensificou após a morte, na segunda-feira, de sete trabalhadores humanitários da ONG americana World Central Kitchen em um ataque israelense.
Depois do telefonema entre Biden e Netanyahu, os Estados Unidos exigiram um "aumento drástico" da ajuda humanitária a Gaza, com medidas concretas "nas próximas horas e dias".
O presidente americano enfrenta uma pressão interna por seu apoio a Israel no conflito, e seus aliados pedem que ele considere a possibilidade de condicionar os bilhões de dólares em ajuda militar a que Netanyahu ouça os apelos à moderação.
'Menos do que uma lata de feijão'
O exército de Israel anunciou nesta quinta-feira a decisão de "aumentar o efetivo e recrutar soldados da reserva". A medida coincide com um momento de tensão máxima com o Irã, inimigo na região, que acusa Israel pelo bombardeio da última segunda-feira contra o consulado iraniano em Damasco.
Em Gaza, as tropas israelenses continuaram operações no centro da Faixa de Gaza e na cidade de Khan Yunis, no sul. A situação humanitária é crítica, principalmente no norte.
"As entregas de farinha demoram e há escassez. Também faltam verduras, carnes e outros produtos essenciais, como legumes, lentilhas e grão-de-bico", disse um morador da Cidade de Gaza, que preferiu não revelar seu nome.
Segundo um estudo da ONG Oxfam, a população do norte da Faixa sobrevive com 245 calorias por dia, ou seja, "menos do que uma lata de feijão, o que representa menos de 12% das necessidades calóricas diárias em média".
(Com AFP)
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