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Coreia do Norte testa novo míssil hipersônico de combustível sólido de médio a longo alcance

O líder norte-coreano Kim Jong Un supervisionou o teste de um novo míssil hipersônico de combustível sólido de médio a longo alcance, disse a agência estatal KCNA na quarta-feira (3), saudando o “significativo valor estratégico militar” da nova arma.

Imagem de lançamento de míssil divulgada pela agência estatal da Coreia do Norte nesta quarta-feira (3), junto com anúncio de novo modelo que usa combustível sólido.
Imagem de lançamento de míssil divulgada pela agência estatal da Coreia do Norte nesta quarta-feira (3), junto com anúncio de novo modelo que usa combustível sólido. via REUTERS - KCNA
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Um vídeo transmitido pela KCNA mostra o míssil sendo colocado no veículo de lançamento, enquanto Kim Jong Un e um grupo de soldados uniformizados observam as manobras.

A Coreia do Norte desenvolveu assim “outra poderosa arma estratégica ofensiva” e alcançou o seu objetivo de adquirir mísseis “de diferentes alcances, combustível sólido, ogiva controlada e ogiva nuclear”, declarou Kim, citado pela agência.

O teste, realizado na manhã de terça-feira, centrou-se num “novo tipo de míssil balístico de propulsor sólido de alcance intermédio”, denominado Hwasongpho-16B e “carregado com uma ogiva hipersônica”, detalhou a KCNA.

Kim Jong deu pessoalmente a ordem para lançar o dispositivo a partir do posto de comando, acrescentou a agência.

Os militares sul-coreanos disseram que o míssil viajou cerca de 600 quilômetros antes de cair nas águas entre a Coreia do Sul e o Japão. A KCNA, por sua vez, afirmou que o míssil percorreu cerca de 1.000 km e “não teve um efeito negativo na segurança dos países vizinhos”.  

O lançamento ocorre menos de duas semanas depois de ter sido anunciado que Kim Jong Un supervisionou os testes de um motor de combustível sólido para um “novo tipo de míssil hipersônico de alcance intermediário”.

A Coreia do Norte há muito tempo procura dominar tecnologias hipersônicas e de combustível sólido mais avançadas para produzir mísseis mais capazes de neutralizar os sistemas de defesa antimísseis da Coreia do Sul e dos EUA e ameaçar bases.

Ameaça regional

Mísseis hipersônicos viajam a uma velocidade de pelo menos Mach 5, ou mais de 6.000 km/h. Eles são capazes de adotar uma trajetória aleatória em pleno voo, tornando-os mais difíceis de interceptar. Eles podem transportar ogivas convencionais ou nucleares.

A utilização de combustível sólido elimina a necessidade de reabastecimento antes do lançamento, o que torna sua implantação mais rápida e reduz consequentemente as possibilidades de interceptação.

De acordo com Hong Min, analista sênior do Instituto Sul-Coreano para a Unificação Nacional, a tecnologia poderá comprometer ainda mais a segurança regional.

O míssil, “com manobrabilidade melhorada e imprevisível, representa uma séria ameaça à segurança”, enquanto arrisca comprometer “a intercepção de mísseis pela Coreia do Sul”, disse à AFP.

O especialista estimou que o alcance efetivo do Hwasongpho-16B era provavelmente da ordem de “3.000 quilômetros”.

Se for o caso, isso “daria a Pyongyang uma grande força de dissuasão contra os porta-aviões americanos estacionados na região, bem como contra as bases americanas em Guam”, no Pacífico, observou.

Pyongyang tem sido sujeita a uma série de sanções desde o seu segundo teste nuclear em 2009, mas continuou, no entanto, a desenvolver os programas nucleares e de armas.

No início de 2024, a Coreia do Norte designou Seul como o seu “principal inimigo”, fechou agências dedicadas ao diálogo intercoreano e ameaçou guerra por qualquer violação do seu território “mesmo por 0,001 milímetro”.

Em março, os Estados Unidos e a Coreia do Sul realizaram um dos seus principais exercícios militares conjuntos anuais, provocando a ira de Pyongyang, que acusa sistematicamente os exercícios de serem ensaios para uma invasão.

Na terça-feira, após o lançamento, o ministério da Defesa da Coreia do Sul anunciou que tinha conduzido um exercício aéreo conjunto com Washington e Tóquio, envolvendo um bombardeiro B-52H com capacidade nuclear e caças F-15K.

Navio apreendido

A Coreia do Sul está investigando um navio acusado de violar as sanções da ONU contra a Coreia do Norte, disse o ministério das Relações Exteriores da Coreia do Sul nesta quarta-feira, após relatos da apreensão da embarcação.

A investigação surge após o veto da Rússia, na quinta-feira passada, a um projeto de resolução que prorroga por um ano o mandato do comitê de peritos responsável pela implementação das sanções da ONU.

O veto levou à dissolução do sistema de monitorização de sanções da ONU contra Pyongyang e seu programa nuclear, em meio a uma investigação sobre alegadas transferências de armas entre Moscou e Pyongyang.

Segundo a agência sul-coreana Yonhap, as autoridades sul-coreanas apreenderam no sábado nas águas da costa sul do país um cargueiro de 3.000 toneladas conhecido como DEYI, e que não estava registado em nenhum país.

O navio foi apreendido enquanto “estava a caminho da Rússia vindo do Norte através da China”, acrescentou a agência, citando fontes de segurança.

“Nosso governo está conduzindo uma investigação, baseada em estreita cooperação com os Estados Unidos, sobre as supostas violações das resoluções do Conselho de Segurança sobre sanções por parte do navio”, disse o ministério das Relações Exteriores da Coreia do Sul em um comunicado. “Como a investigação está em andamento, é difícil fornecer detalhes.”

Treze pessoas estavam a bordo do navio, incluindo um capitão chinês e tripulantes indonésios, segundo a Yonhap.

(Com AFP)

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