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Russos atendem convocação de viúva de Navalny e homenageiam opositor no último dia da eleição presidencial

Ao meio-dia deste domingo (17) pelo horário de Moscou, filas se formaram diante dos locais de votação na capital russa. A silenciosa manifestação foi convocada por Yulia Navalnaya, viúva do opositor do presidente Vladimir Putin, morto na prisão em fevereiro.

Eleitores russos se reuniram e deixaram flores no túmulo do opositor Alexei Navalny em Moscou, neste domingo (17), terceiro e último dia da eleição presidencial russa,
Eleitores russos se reuniram e deixaram flores no túmulo do opositor Alexei Navalny em Moscou, neste domingo (17), terceiro e último dia da eleição presidencial russa, AFP - NATALIA KOLESNIKOVA
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Um fluxo intenso de eleitores foi registado em Moscou e em São Petersburgo, mas foi mais modesto em outras cidades russas. A mobilização ocorreu a pedidos da esposa de Alexei Navalny, exilada na Alemanha. Ela convocou os cidadãos russos a comparecer em massa às urnas ao meio-dia e votar em qualquer um dos outros três candidatos que disputam o pleito com o presidente Vladimir Putin. Yulia votou na embaixada russa em Berlim.

Embora nenhum dos oponentes represente uma verdadeira barreira a um terceiro mandato consecutivo do chefe do Kremlin, a mobilização foi marcante. A maior participação ocorreu na escola 2025 de Moscou, onde Navalny obteve o melhor resultado em 2013, quando concorreu às eleições municipais. 

Para o estudante Denis, de 21 anos, essa é uma oportunidade de protestar contra Putin sem ser preso. "Vim expressar minha solidariedade com uma pessoa muito importante. Essa é uma forma de honrar a memória de Navalny", disse.

A empregada do setor de tecnologia Olga Mironenko, de 33 anos, participou do ato "em nome da liberdade". A eleitora russa comemorou estar "do lado da luz e da verdade" e disse desejar que seus dois filhos possam viver um dia em um país onde "possamos expressar livremente nossas opiniões".  

Uma grande presença de cidadãos também foi registrada na sessão eleitoral onde Navalny costumava votar, no bairro de Maryino, em Moscou. "Vim dizer adeus a ele, era meu herói", declarou a aposentada Natalia, de 65 anos. "É nossa única possibilidade de expressar nossa opinião", ratificou a amiga Elena, engenheira de 38 anos. 

A eleitora Olga, de 52 anos, se disse satisfeita de ver que outras pessoas participaram do ato para mostrar o descontentamento com o governo Putin. "Conversei com algumas pessoas aqui que pensam o mesmo que eu. Não estou sozinha", afirmou. 

Muitos eleitores também homenagearam Navalny deixando flores em seu túmulo, em Moscou. Em Tbilissi, na Geórgia, que conta com grande comunidade russa, uma manifestação reuniu milhares de pessoas que protestaram contra a permanência de Putin no poder. 

Oposição dizimada

Putin, de 71 anos, que está no comando da Rússia há 24 anos, dizimou toda a oposição. Os únicos candidatos autorizados a participar da eleição não representam nenhum perigo aos planos do presidente russo de permanecer no poder. Os primeiros resultados devem ser divulgados na noite deste domingo.

Já os principais críticos ao regime do chefe do Kremlin estão mortos, na prisão ou no exílio, uma repressão que culminou com a misteriosa morte de Alexei Navalny numa prisão na região remota do Ártico russo em 16 de fevereiro. Com a oposição dizimada, Putin garante a supremacia na política russa e se isola ainda mais internacionalmente.

Os dois primeiros dias de votação foram marcados por protestos rapidamente reprimidos. No sábado (16), uma mulher foi presa após ter despejado um líquido verde em uma urna de Kaliningrado, enclave russo entre a Polônia e a Lituânia. Outra russa foi detida em Yekaterimburgo, no leste da região do Ural, ao tentar manchar cédulas eleitorais com o mesmo líquido, um antisséptico cirúrgico conhecido por ser usado em agressões contra opositores russos.

No primeiro dia da votação, outras pessoas foram presas por realizar atos similares pelo país. Na sexta-feira (15), uma mulher foi presa após ter incendiado uma sessão eleitoral; outra foi detida após lançar um coquetel molotov contra a fachada de um local de votação.

A eleição também é marcada pela intensificação de ataques ucranianos contra várias regiões da Rússia. Moscou afirma ter interceptado durante a última noite 35 drones ucranianos. Um deles provocou um incêndio em uma refinaria na região de Krasnodar, no sul da Rússia. Um segundo ataque, na região russa de Belgorod, na fronteira com a Ucrânia, matou uma adolescente de 16 anos.

(RFI com agências)

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