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Milhares de pessoas prestam última homenagem a Navalny em funeral do opositor russo em Moscou

Apesar do risco de serem detidos pela polícia, milhares de partidários de Alexei Navalny reuniram-se nesta sexta-feira (1°) para prestar homenagem ao líder da oposição russa em uma igreja de Moscou, antes do seu enterro nesta tarde.

La dépouille de l'opposant est transportée vers le cimetière, après la cérémonie, le 1er mars 2024.
La dépouille de l'opposant est transportée vers le cimetière, après la cérémonie, le 1er mars 2024. © RFI
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O carro funerário com o caixão do principal opositor de Vladimir Putin chegou por volta das 13h50 locais (10h50 no horário de Brasília) em frente à igreja, e foi aplaudido pela multidão. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, alertou que as manifestações "não estavam autorizadas". Em sua coletiva de imprensa diária, Peskov também disse não ter "nada a dizer" à família do falecido.

Uma longa fila se formou desde a manhã em frente à igreja onde ocorreu a cerimônia. "É doloroso, pessoas como ele não devem morrer, pessoas honestas, com princípios, prontas para se sacrificar", disse Anna Stepanova, que conhecia o opositor. Ela também ressaltou seu  "senso de humor". "Mesmo quando sentia dor, fazia piadas."

De acordo com os ritos ortodoxos, o corpo de Navalny ficou na igreja durante duas horas com um caixão aberto para seus parentes, antes de ser sepultado no cemitério de Borissovo, nas proximidades. Desde a entrega do corpo de Alexei Navalny à mãe, no sábado, as pessoas próximas a Navalny procuravam um lugar para uma "despedida pública", mas os pedidos foram rejeitados.

Crítico do Kremlin e carismático ativista anticorrupção, Alexei Navalny morreu em 16 de fevereiro, aos 47 anos, em uma colônia penal russa no Ártico, em circunstâncias ainda não esclarecidas. Seus assessores, a viúva Yulia Navalnaya e a comunidade internacional acusaram Vladimir Putin de ser responsável por sua morte, o que o Kremlin nega.

Depois de atrasar a entrega do corpo de Navalny a seus familiares, as autoridades russas permitiram a organização de um funeral, que ocorreu em uma igreja no distrito de Marino, no sudeste da capital russa, onde o líder da oposição vivia quando estava livre.

Várias dezenas de membros das forças de segurança foram destacados para policiar a área. As autoridades também colocaram barreiras metálicas no caminho da igreja ao cemitério.

Homenagens

Os embaixadores francês e alemão visitaram o local, assim como três figuras da oposição que continuam foragidas: Yevgeny Roizman, Boris Nadezhdin e Ekaterina Duntsova. "Não temos mais políticos assim e ninguém sabe quando teremos novamente", disse Maria, uma bibliotecária de 55 anos, acrescentando que sente "medo e tristeza".

Alexei Navalny "mostrou liberdade", disse Maxime, um cientista da computação de 43 anos que também pediu anonimato. Denis, um voluntário de 26 anos em uma instituição de caridade, elogia um homem que o fez "se interessar por política".

Prisões

Quase 400 pessoas foram presas pela polícia nos dias seguintes à morte do líder da oposição em manifestações improvisadas em sua memória. Yulia Navalnaya lamentou na quarta-feira (29) que nenhuma cerimônia civil tenha sido autorizada para permitir que o corpo de Navalny pudesse ser visto pelo público.

"As pessoas no Kremlin o mataram, depois desprezaram seu corpo, depois desprezaram sua mãe e agora pisotearam sua memória", atacou, acusando Vladimir Putin e o prefeito de Moscou, Sergei Sobyanin, de serem responsáveis pela situação.

Antes de seu envenenamento em 2020, Alexei Navalny conseguiu mobilizar multidões, especialmente na capital russa. Seu movimento, que se baseava em investigações que expunham a corrupção das elites russas, foi desmantelado nos últimos anos, levando à prisão de muitos de seus partidários.

Com informações da AFP

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