ONU exorta Fórum de Davos a dar mais atenção à saúde das mulheres, que são 40% da população ativa
Anticoncepcionais, violência, calendário menstrual: o Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA) pediu aos empresários reunidos no Fórum Econômico de Davos a se interessarem mais pela saúde sexual e reprodutiva das mulheres.
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“As mulheres representam agora quase 40% da população ativa, mas devemos dizer honestamente que o local de trabalho médio não foi concebido pensando nas mulheres”, disse Natalia Kanem, diretora-executiva do UNFPA.
Ela explicou que, no total, “cerca de 190 milhões de mulheres trabalham em cadeias de abastecimento globais”, em fábricas ou em campos “que abastecem o mundo”. Além disso, a maioria vive “em países onde as necessidades das mulheres em termos de serviços de saúde muitas vezes não são satisfeitas”, observou Kanem, durante um evento organizado à margem da reunião anual do fórum, na Suíça.
“Funcionários saudáveis são funcionários produtivos” e, para as trabalhadoras, a saúde sexual e reprodutiva não deve ser negligenciada, enfatizou.
Exemplos de melhorias
Entre os elementos que devem ser melhor considerados, estão o direito a cuidados durante a gravidez e o parto, acesso a contraceptivos e tratamentos de fertilidade, proteção em caso de assédio ou violência, a possibilidade de obter aconselhamento médico relacionado com estas temáticas e mesmo acesso a serviços relacionados com infeções sexualmente transmissíveis.
Investir nestes aspectos ajudaria as empresas a reduzir as ausências das mulheres no trabalho, a aumentar a produtividade das colaboradoras, melhorar a permanência delas nas empresas e até o moral da equipe, garantiu Natasha Sunderji, diretora da empresa Accenture, especializada em questões de saúde, durante uma apresentação em Davos.
Planilha para avaliar desempenho das empresas
Até agora, a área da saúde sexual e reprodutiva costuma ser levada em conta de maneira marginal, nos dados publicados pelas empresas. O UNFPA e a Accenture desenvolveram o que apresentam como a primeira planilha de análise da situação, incluindo uma série de perguntas para avaliar as políticas já em vigor e mais de 30 indicadores quantificados para as avaliar.
Um exemplo: a proporção de empresas com locais adequados para mulheres grávidas e jovens mães ou a percentagem de funcionárias com fácil acesso a serviços de planejamento familiar.
“Oferecemos uma solução pronta” para o cálculo, explica Kanem, porque “nem todas as empresas terão os dados necessários ou a possibilidade de se aprofundar no assunto”. Estes indicadores sobre a saúde sexual e reprodutiva das mulheres podem servir como critério para a escolha de um fornecedor ou para um investidor decidir se deve ou não investir numa empresa, esperam os seus criadores. “Encorajamos as empresas a falar abertamente sobre estes assuntos” porque “o investidor médio pode não saber que este é um assunto”, acrescentou Kanem.
A esperança da diretora-executiva do UNFPA é que o debate permeie a sociedade de forma mais ampla, levando as boas práticas a se repercutir, num “efeito cascata” no mercado de trabalho e em toda a população. “Se uma empresa concorda em oferecer proteção higiênica nos banheiros, o que não acontece em todo o lugar, outros poderão dizer: 'podemos colocá-los na escola'”, descreveu Kanem.
Com informações da AF
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