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Com videogame e periquito na cela, atirador da Noruega pede à Justiça para sair da solitária

Em julho de 2011, Anders Breivik foi condenado a 21 anos de prisão pelo assassinato de 77 pessoas durante um acampamento de verão do Partido Trabalhista na ilha de Utoya. Depois de 12 anos na solitária, ele voltou a pedir na Justiça nesta segunda-feira (8) para sair do isolamento.

Anders Behring Breivik e o advogado Marte Lindholm participam de uma audiência na prisão de Ringerike, em Tyristrand, Noruega, em 8 de janeiro de 2024.
Anders Behring Breivik e o advogado Marte Lindholm participam de uma audiência na prisão de Ringerike, em Tyristrand, Noruega, em 8 de janeiro de 2024. via REUTERS - NTB
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Anders Breivik tem sua própria cozinha, uma academia particular, uma grande tela para jogar videogames e até periquitos, de acordo com a correspondente da RFI em Estocolmo, Carlotta Morteo.

O neonazista norueguês está condenado ao isolamento quase total e, além da companhia dos pássaros, sua interação com o mundo exterior se resume a conversas rápidas que ele têm com os carcereiros da prisão.

A lista de pessoas autorizadas a visitá-lo diminui todos os anos. Além disso, ele não pode enviar ou receber cartas. As autoridades temem que ele inspire simpatizantes de extrema direita a cometer massacres parecidos. É exatamente esse ponto que será analisado pelo tribunal norueguês neste 8 de janeiro de 2024.

Risco de suicídio

O atirador alega que seu isolamento o tornou ainda mais radical e frágil psicologicamente do que antes. De acordo com seu advogado Øystein Storrvik, “o longo período de isolamento e a falta de interação real provocaram danos psicológicos em Breivik”.

A sua defesa cita um artigo da Convenção Europeia dos Direitos Humanos que garante o direito à correspondência para os presos e se baseia em outro que proíbe "tratamento ou punição desumana".

"Ele ainda está na solitária e, quanto mais o tempo passa, mais isso constitui uma violação", diz seu advogado.

Provocações“

Ao que tudo indica, Breivik não sofre de problemas físicos ou mentais por conta de suas condições de detenção", argumenta o advogado do Estado, Andreas Hjetland. Segundo ele, Breivik se beneficia de “várias atividades”, como cursos de cozinha, jogos, caminhadas e práticas de esportes, como o basquete.

"Breivik até agora tem sido relutante em aceitar o trabalho de reabilitação", diz Hjetland. "Portanto, é difícil imaginar que melhorias significativas nas condições carcerárias são possíveis e justificáveis no curto prazo."

As declarações do atirador neonazista no tribunal não serão públicas, já que o Estado teme que seu julgamento possa ser usado para espalhar uma mensagem política.

Saudação nazista

Breivik não perde a oportunidade de fazer provocações. Em 2022, quando esteve no tribunal para solicitar sua liberdade condicional, ele fez uma saudação nazista, o que causou indignação nas famílias das vítimas.

Em 2016, ele processou o Estado noruguês alegando más condições carcerárias e venceu o processo. Mas o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH) rejeitou sua queixa e a considerou "inadmissível" em 2018.

Em 22 de julho de 2011, Breivik detonou uma bomba perto da sede do governo em Oslo, matando oito pessoas.  Em seguida, matou outras 69, a maioria adolescentes, quando abriu fogo contra um acampamento de verão da Juventude Trabalhista na ilha de Utøya. Ele foi condenado em 2012 à pena máxima na época, 21 anos de detenção, com extensão da pena.

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