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Agências da ONU temem propagação de doenças em Derna, na Líbia, devastada por inundações

As agências da ONU lutam para prevenir a propagação de doenças na cidade líbia de Derna, devastada pelas inundações da semana passada, que deixaram milhares de mortos e desaparecidos.

A cidade de Derna, na Líbia, devastada pelas inundações, em 16 de setembro de 2023.
A cidade de Derna, na Líbia, devastada pelas inundações, em 16 de setembro de 2023. © AFP
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A Missão de Apoio das Nações Unidas na Líbia (Manul) informou em um comunicado divulgado nesta segunda-feira (18) que equipes de nove agências da ONU estão na cidade para oferecer ajuda a milhares de pessoas que ficaram desabrigadas com a passagem da tempestade Daniel e as súbitas inundações que atingiram Derna, além de outras localidades do leste do país.

As autoridades locais, as agências de ajuda e a equipe da Organização Mundial da Saúde (OMS) estão preocupadas "com o risco de propagação de doenças, em particular pela água contaminada e a falta de higiene", afirmou a Manul.

O comunicado acrescenta que a missão da OMS "segue trabalhando para prevenir a propagação de enfermidades e evitar uma segunda crise devastadora na região".

A tempestade procedente do Mediterrâneo atingiu Derna em 10 de setembro e provocou o rompimento de duas barragens localizadas no leito do rio e que, segundo relatos de moradores, apresentavam rachaduras desde 1998, mas que nunca passaram por reparos.

O volume de água foi comparado por testemunhas a um maremoto e destruiu a cidade de 100 mil habitantes, deixando quase 3,3 mil mortos, de acordo com o balanço oficial mais recente, que é provisório.

Plataforma

Organizações humanitárias internacionais e autoridades locais alertaram que o balanço final pode ser muito maior, devido aos milhares de desaparecidos que as equipes de emergência líbias e estrangeiras continuavam procurando nesta segunda-feira.

O Crescente Vermelho líbio anunciou que criou uma plataforma para contabilizar os desaparecidos e pediu a ajuda da população para obter informações sobre as pessoas procuradas.

No domingo (17), socorristas enviados pelos Emirados Árabes Unidos (EAU) se reuniram no porto de Derna com seus colegas líbios para coordenar os esforços de retirada de cadáveres do mar. "Está proibido tocar nos corpos ou abrir os carros que estejam debaixo d'água", afirmou o coordenador da equipe dos EAU a seus mergulhadores. Outras equipes de mergulhadores enviadas por Rússia e Turquia trabalhavam na mesma área.

As tarefas de resgate enfrentam fortes problemas. No domingo, cinco integrantes de uma equipe de emergência da Grécia morreram em um acidente de trânsito pouco depois de sua chegada ao leste da Líbia, anunciaram as autoridades gregas. O acidente também matou três integrantes de uma família líbia que estavam em outro veículo, informou o governo com sede no leste da Líbia.

A cada dia, dezenas de corpos são retirados dos escombros nos bairros destruídos pela inundação ou são recuperados no mar e enterrados em um cenário apocalíptico. Os moradores de Derna afirmam que a maioria das vítimas foi sepultada pela lama ou arrastada para o Mediterrâneo.

Caos político

A organização das tarefas de resgate foi dificultada pelo caos político no país, uma situação iniciada com a queda e morte do ditador Muamar Khadafi, em 2011. Atualmente, a Líbia tem dois governos: um com sede em Trípoli, reconhecido pela ONU, e outro na região leste.

O governo de Trípoli enviou ajuda e equipes de resgate a Derna. Também anunciou o início de obras para a construção de uma "ponte temporária" sobre o leito do rio que atravessa a cidade. As duas margens estão sem ligação desde que a força da água derrubou as quatro pontes que conectavam os dois lados.

A água submergiu uma área de 6 km² densamente habitados em Derna, o que danificou cerca de 1,5 mil edifícios. Muitos imóveis, ao todo 891, foram "varridos do mapa", de acordo com as estimativas preliminares do governo de Trípoli baseadas em imagens de satélite.

(Com informações da AFP)  

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