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Integração da União Africana ao G20 é vista como 'importante símbolo de inclusão' por europeus

Além das mudanças climáticas, outro tema forte neste primeiro dia do evento, é entrada oficial da União Africana, confirmada pelo primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, em seu discurso de abertura.

Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia, abriu o G20 com um apelo para superar a "crise de confiança" e um convite à União Africana.
Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia, abriu o G20 com um apelo para superar a "crise de confiança" e um convite à União Africana. REUTERS - ANUSHREE FADNAVIS
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No sábado (9), o G20 integrou oficialmente a União Africana (UA), enviando um forte sinal para a África e marcando uma vitória diplomática para a Índia, que está emergindo como líder dos países do Sul.

Esse foi um dos primeiros anúncios concretos a sair da reunião do fim de semana em Délhi dos líderes desse clube das maiores economias do mundo, com um grande projeto de infraestrutura no Oriente Médio para o qual um acordo deve ser assinado à margem do G20.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, considerou essa iniciativa como um "importante símbolo de inclusão" e um "grande passo para o G20, para a África, mas não é o último passo". Indicando que já houve pedidos para fortalecer a representação do continente africano em alguns outros órgãos internacionais importantes, como o Conselho de Segurança da ONU.

"Essa adesão, para a qual nos mobilizamos, fornecerá um quadro favorável para ampliar a defesa em favor do continente e para sua contribuição efetiva para enfrentar os desafios globais", saudou o presidente da Comissão da UA, Moussa Faki Mahamat, em uma mensagem na rede social X (antigo Twitter).

Com sede em Adis Abeba, capital da Etiópia, a UA tem 55 membros (seis dos quais foram suspensos), com um PIB total de US$ 3 trilhões de dólares. Até agora, o continente era representado no G20 por apenas um país, a África do Sul, cujo presidente Cyril Ramaphosa disse estar "encantado" com o lugar oferecido à UA.

A entrada da União Africana no G20 dará "voz e visibilidade" à África, o continente que atualmente está registrando "o crescimento mais rápido", e permitirá que ela afirme seus interesses e pontos de vista dentro do órgão, disse o presidente do Quênia, William Ruto, no sábado.

"Como continente, esperamos avançar ainda mais em nossas aspirações no cenário mundial, usando a plataforma do G20", escreveu no X a Presidência da Nigéria, que também foi convidada para a reunião de Délhi.

Durante sua presidência do G20, a Índia declarou seu desejo de ser a voz das "necessidades dos países do Sul" em um mundo dividido. O primeiro-ministro Narendra Modi, que liderou a iniciativa, está, portanto, impulsionando sua imagem no exterior, antes de provavelmente buscar um novo mandato nas eleições nacionais do próximo ano.

Modi também aproveitou a oportunidade da cúpula de Nova Délhi para exibir a placa de identificação de seu país, identificada como "Bharat", o sinal mais forte até o momento de uma possível mudança do nome inglês "India", herdado do passado colonial.

Grande projeto no Oriente Médio

De acordo com fontes americanas e europeias, um acordo de princípio também deverá ser assinado no G20 entre os Estados Unidos, a Arábia Saudita - representada pelo príncipe herdeiro Mohammed ben Salmane -, os Emirados Árabes Unidos, a UE e outros parceiros do G20, com o objetivo de realizar um grande projeto de transporte marítimo e ferroviário cruzando o Oriente Médio para ligar a Índia à Europa.

É provável que esse projeto seja uma resposta às Novas Estradas da Seda da China, cujo presidente Xi Jinping está ausente de Nova Délhi, assim como seu colega russo Vladimir Putin.

O anúncio também ocorre em um momento em que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, está trabalhando numa possível normalização das relações entre Israel (que poderia eventualmente participar do projeto) e a Arábia Saudita, seguindo as relações com os Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Marrocos.

Ele "tem um potencial enorme" e é "o resultado de meses de diplomacia cuidadosa", disse o vice-conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jon Finer.

É provável que os países do G20 tenham mais dificuldade para chegar a um consenso sobre questões geopolíticas, em especial a atitude a ser adotada em relação à Rússia ou ao clima. Essas são questões com consequências de longo alcance para os países em desenvolvimento, que estão na linha de frente quando se trata de eventos climáticos extremos ligados à mudança climática, bem como à insegurança alimentar alimentada pela guerra na Ucrânia, que está deprimindo os preços dos grãos.

"As economias em desenvolvimento são as primeiras a serem afetadas pelas mudanças climáticas, embora sejam as menos responsáveis por essa crise", disse o presidente sul-africano Ramaphosa.

(Com AFP)

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