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Na Índia, ministros do Meio Ambiente do G20 fracassam em acordo sobre gases de efeito estufa

Reunidos em Madras, na Índia, os ministros do Meio Ambiente dos países do G20 falharam, nesta sexta-feira (28) em chegar a um acordo sobre a redução das emissões de gases de efeito estufa contra as mudanças climáticas, uma semana após o fracasso da discussão sobre o uso dos combustíveis fósseis. 

Os gases de efeito estufa são causadores do aquecimento global.
Os gases de efeito estufa são causadores do aquecimento global. Getty Images - Alexandros Maragos
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"Não conseguimos chegar a um acordo sobre um limite para as emissões de gases de efeito estufa até 2025", admitiu o ministro francês da Transição Ecológica, Christophe Béchu. "Estou muito desapontado", acrescentou. As negociações com China, Arábia Saudita e Rússia foram "complicadas", ainda disse ele. 

Só os países do G20 representam, juntos, mais de 80% do produto interno bruto mundial (PIB) e das emissões de CO2 do planeta. No encontro, eles examinaram questões cruciais para o planeta, como o financiamento da adaptação às mudanças climáticas, biodiversidade e os princípios que devem reger as atividades econômicas marítimas. 

Um ponto importante visa limitar as emissões de gases de efeito estufa até 2025, mas as negociações fracassaram. 

Havia expectativa internacional de que desta reunião dos Ministros do Meio Ambiente do Grupo dos Vinte (as dezenove economias mais desenvolvidas e a União Europeia) resultariam acordos que seriam posteriormente assinados pelos líderes, durante a cúpula de setembro, em Nova Delhi. 

Na quarta-feira (26), o comissário europeu do Meio Ambiente, Virginijus Sinkevicius, alertou que "os meios de subsistência das pessoas estão sendo destruídos". Ele pediu "resiliência" das populações ameaçadas pelas mudanças climáticas. 

Todos os participantes do encontro em Madras "entendem a gravidade da crise" que o mundo enfrenta, disse Adnan Amin, que lidera as negociações climáticas este ano. “Mas acredito que ainda não chegamos a um bom entendimento político” da situação e, em particular, ao desejo de passar por cima dos “interesses nacionais imediatos”, explicou.  

As negociações não andam depressa, não vou esconder”, reconheceu Sinkevicius, sublinhando que já passaram anos desde que o acordo climático de Paris de 2015 e que “chegou a hora de o aplicar”. 

“Dada a escala das três crises globais, mudança climática, perda de biodiversidade e poluição, realmente não há tempo a perder”, alertou na quinta-feira (27) Steven Guilbeault, ministro do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do Canadá. 

Fracasso nos combustíveis fósseis 

Este não foi o primeiro "balde de água fria" na luta contra a crise climática. Em 22 de julho, em Goa, também na Índia, os ministros de energia do G20 não chegaram a um acordo sobre um cronograma para reduzir o uso de combustíveis fósseis. O fracasso da reunião foi visto como uma vitória dos grandes produtores de petróleo, que impõem resistência a uma rápida transição energética. 

Entre os participantes da cúpula de Madras, por exemplo, está Sultan Al Jaber, CEO da petrolífera nacional dos Emirados Árabes Unidos (Adnoc). Ele também presidirá as negociações da COP28, mas tem sido criticado pelo conflito de interesses. Os combustíveis fósseis são vistos como a principal causa do aquecimento global e os grandes produtores de petróleo, como a Arábia Saudita ou a Rússia, acabam sendo apontados pela falta de progresso nas negociações.  

 "O mundo precisa que seus líderes se unam, ajam e cumpram suas promessas e isso deve começar com o G20", disse o sultão Al Jaber e Simon Stiell, secretário executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNCCC), em um comunicado conjunto, na quinta-feira.  

“Aqueles que estão na linha de frente da mudança climática precisam de nosso apoio agora, não daqui a cinco anos”, disseram as duas autoridades, pedindo a triplicação da capacidade global de energia renovável, até 2030.  

Financiamento para compensações por danos climáticos 

As economias do G7 terão de responder à demanda de muitos países em desenvolvimento, incluindo a Índia, por mais financiamento para compensar o impacto do aquecimento global em setores como agricultura e energia.  

Um relatório preparando a presidência indiana do G20 avaliou o custo da transição energética em US$ 4 trilhões por ano e destacou a importância do financiamento de baixo custo dessa transição para os países em desenvolvimento. 

Contudo, Índia e China tem o carvão como uma das principais fontes de energia e estão atualmente entre as cinco maiores economias do mundo. 

"Quando falamos de países em desenvolvimento, não devemos nos referir à situação dos anos 1990", insistiu Sinkevicius. “Devemos ajudar resolutamente os mais vulneráveis que já estão fortemente afetados”, disse ele. 

Com informações da AFP

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