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Um ano após da libertação de Bucha, a cidade está no centro das investigações de crimes de guerra pela Rússia

Exatamente um ano atrás, o Exército russo se retirava de Bucha, após um mês de ocupação. Este subúrbio rural a noroeste de Kiev se tornaria sinônimo de abusos cometidos contra civis por soldados russos. “Nunca perdoaremos”, disse o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, nesta sexta-feira (31). A cidade agora simboliza o esforço empreendido para investigar esses crimes de guerra.

Uma fotografia mostra uma cruz em um túmulo de uma pessoa local não identificada, com o número 168, que foi assassinada na cidade ucraniana de Bucha, a noroeste de Kyiv, em 30 de março de 2023
Uma fotografia mostra uma cruz em um túmulo de uma pessoa local não identificada, com o número 168, que foi assassinada na cidade ucraniana de Bucha, a noroeste de Kyiv, em 30 de março de 2023 © Sergei SUPINSKY / AFP
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Com informações do correspondente da RFI em Kiev, Pierre Alonso.

“Nunca perdoaremos” as mortes em Bucha, disse Volodymyr Zelensky, por ocasião do primeiro aniversário da retirada russa. “Trinta e três dias de ocupação (...) Símbolo das atrocidades do país ocupante”, ele definiu.

Seus nomes eram Michka, Maxim ou mesmo Volodymy. Eles eram trabalhadores da construção civil, amantes da música clássica, pais, todos civis. Quando as forças russas deixaram Bucha, em 31 de março de 2022, um mês após o lançamento da invasão do país por ordem do presidente Vladimir Putin, as tropas deixaram muitos cadáveres para trás. Vinte corpos de homens em trajes civis foram descobertos em 2 de abril na rua Yablounska, um dos quais estava com as mãos amarradas nas costas. Essas imagens chocaram o mundo.

No total, segundo estimativas ucranianas, cerca de 400 corpos de civis foram encontrados em Boutcha e mais de 1.000 na região, muitos deles em valas comuns cavadas pelos habitantes, quando a brutalidade dos combates tornava os cemitérios inacessíveis.

Em setembro de 2022, outros corpos exumados em Izium, no leste, com sinais de tortura, voltaram a chocar a comunidade internacional. O anúncio da descoberta macabra suscitou uma nova onda de indignação no Ocidente, pouco mais de cinco meses depois que o Exército russo fora expulso das proximidades de Kiev, deixando para trás centenas de cadáveres de civis, muitos dos quais com vestígios de tortura e execuções sumárias, na localidade de Bucha.

Documentando crimes de guerra

Durante sua visita ao local dois dias após a descoberta das valas em Bucha, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, visivelmente consternado, denunciou “crimes de guerra” que deveriam ser “reconhecidos pelo mundo como genocídio”. Desde então, quase todos os líderes estrangeiros que visitaram a Ucrânia fizeram questão de ir a Bucha. Na semana passada, o primeiro-ministro japonês Fumio Kishida, expressou seu "forte sentimento de indignação" ao visitar o local.

Desde então, os responsáveis ​​por esses crimes de guerra foram identificados: são soldados do 234º Regimento de Paraquedistas, segundo investigações do jornal The New York Times. Se eles serão julgados ou não, essa é a questão. Porque Bucha também se tornou sinônimo da investigação de crimes de guerra. “Vamos punir todos os culpados”, prometeu o presidente Zelensky, nesta sexta-feira.

Os aliados de Kiev, incluindo a França, enviaram reforços ao local para apoiar a polícia ucraniana. A tarefa é hercúlea: centenas de cadáveres foram exumados de valas comuns em Bucha, mas também em outras cidades após a libertação dos russos, como Izioum, no leste, ou Kherson, no sul. Nunca em um conflito as atrocidades foram documentadas com tanta intensidade em tempo real. Este é um passo essencial para que a justiça seja feita um dia.

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