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Sérvia e Kosovo avançam em relações diplomáticas, mas não firmam acordo de paz

Os líderes do Kosovo e da Sérvia não tiveram sucesso neste sábado (18) ao tentarem firmar um acordo sobre a normalização de suas complicadas relações depois de uma rodada de negociações conduzidas sob a égide da União Europeia, que, no entanto, saudou o progresso nas relações entre os dois antigos inimigos.

Milhares de pessoas protestam em Belgrado contra o plano de resolução do conflito entre a Sérvia e o Kosovo, em 17 de março de 2023.
Milhares de pessoas protestam em Belgrado contra o plano de resolução do conflito entre a Sérvia e o Kosovo, em 17 de março de 2023. © Andrej ISAKOVIC / AFP
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O primeiro-ministro de Kosovo, Albin Kurti, e o presidente sérvio, Aleksandar Vucic, se reuniram durante 12 horas de negociações às margens do lago Ohrid, na Macedônia do Norte, sob a liderança do chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.

Os ocidentais aumentaram a pressão sobre Belgrado e Pristina nos últimos meses para evitar um possível surto de tensões na frágil região dos Bálcãs, à medida que a guerra se intensifica na Ucrânia invadida pela Rússia há mais de um ano.

A reunião de Ohrid ocorreu após o colapso das negociações no mês passado, em Bruxelas, onde um plano de paz europeu de 11 artigos foi revelado mais de duas décadas depois de uma guerra mortal entre rebeldes separatistas do Kosovo e forças sérvias.

Bruxelas queria o acordo das duas partes sobre um anexo para a aplicação desta proposta europeia destinada a normalizar as relações entre a Sérvia e sua antiga província. Josep Borrell parabenizou os dois campos pelo fato de terem aceitado o anexo em questão, mas admitiu que Belgrado e Pristina foram menos longe do que o esperado.

"As partes não conseguiram encontrar uma solução mutuamente aceitável tão ambiciosa quanto a que propusemos", declarou ele a repórteres no local, mas sem responder a perguntas.

“Uma dia OK”

A Sérvia se recusa a reconhecer a independência proclamada em 2008 pela sua antiga província, cuja população de 1,8 milhão de habitantes, majoritariamente de origem albanesa, tem uma comunidade sérvia de cerca de 120 mil pessoas.

Desde a guerra, que terminou em 1999 com os bombardeios da Otan, as relações entre Pristina e Belgrado passaram de crise em crise.

Em Ohrid, os dois líderes reconheceram que houve progresso, mas não hesitaram em “alfinetar” um ao outro. O primeiro-ministro do Kosovo afirmou que estava pronto para rubricar o texto, mas culpou o lado sérvio pela falta de assinatura. "O outro lado, assim como na última reunião em Bruxelas, em 27 de fevereiro, está evitando assinar o acordo e agora, o anexo", disse Albin Kurti a repórteres.

“Cabe agora à União Europeia encontrar um mecanismo para tornar este acordo legal e internacionalmente vinculativo”, ele acrescentou.

O presidente sérvio também demonstrou insatisfação com os resultados da reunião. "Acho que demos um grande passo em uma atmosfera construtiva e vamos começar a trabalhar sobre as questões. Claro que não foi uma espécie de dia D, foi um dia OK."

Reconhecimento mútuo

A proposta europeia estipula que os dois campos não usarão a violência para resolver suas diferenças. O projeto levaria ao reconhecimento de fato entre Belgrado e Pristina, pois prevê que os dois lados "reconhecerão mutuamente seus respectivos documentos e símbolos nacionais".

O texto também declara que "a Sérvia não se oporá à adesão do Kosovo a uma organização internacional", um pedido fundamental de Pristina. Ao mesmo tempo, o documento propõe conceder "um nível adequado de autogestão" para a minoria sérvia em Kosovo.

A questão do Kosovo continua primordial para alguns dos 6,7 milhões de sérvios, que consideram o território como seu berço nacional e religioso, onde batalhas cruciais foram travadas ao longo dos séculos.

Em Belgrado, milhares de pessoas se manifestaram na sexta-feira (17) ante o apelo dos partidos nacionalistas para recusar um acordo que, para eles, equivaleria a uma "capitulação".

No Kosovo, muitos membros da minoria sérvia recusam toda a lealdade à Pristina, com o incentivo de Belgrado. Especialmente no norte do território, perto da fronteira com a Sérvia, palco de frequentes confrontos, manifestações e, por vezes, atos de violência.

(Com informações da AFP)

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