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Desnutrição aguda em grávidas e adolescentes tem salto de 25% e é agravada pela guerra na Ucrânia

O número de adolescentes, mulheres grávidas e lactantes que sofrem de desnutrição aguda aumentou 25% desde 2020 nos 12 países mais afetados pela crise alimentar. A situação é registrada principalmente na África e agravada pela guerra na Ucrânia, alertou o Unicef na segunda-feira (6). 

Países africanos são os mais afetados pela crise alimentar, anunciou nesta segunda-feira (6) a Unicef, alertando para impacto "nefasto e irreversível" do problema.
Países africanos são os mais afetados pela crise alimentar, anunciou nesta segunda-feira (6) a Unicef, alertando para impacto "nefasto e irreversível" do problema. AP - Thoko Chikondi
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O número de mulheres e meninas desnutridas aumentou de 5,5 milhões para 6,9 milhões no "epicentro da crise de desnutrição": Afeganistão, Burkina Faso, Chade, Etiópia, Quênia, Mali, Níger, Nigéria, Somália, Sudão, Sudão do Sul e Iêmen, segundo a organização da ONU. Duas principais regiões, o sudeste asiático e a África subsaariana, concentram juntam 68% das cidadãs com peso abaixo do normal e 60% que sofrem de anemia.

O relatório "Subnutridos e esquecidos: uma crise global de nutrição para adolescentes e mulheres" é divulgado por ocasião do Dia Internacional das Mulheres, celebrado em 8 de março. Segundo o documento, a crise foi agravada pela guerra na Ucrânia, seca, conflitos e instabilidade política e econômica nos países em que o problema é verificado.

"Se a comunidade internacional não agir com urgência, esta crise pode ter consequências duradouras para as gerações futuras", disse Catherine Russell, diretora-executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). "Para prevenir a desnutrição em crianças, devemos também lutar contra a má nutrição de adolescentes e mulheres", reiterou. 

A organização acredita que é necessário dar prioridade ao acesso de mulheres e adolescentes a alimentos nutritivos, a pôr em prática medidas obrigatórias para "estender em larga escala o enriquecimento de alimentos comuns" como a farinha, o óleo de cozinha ou o sal, e eliminar certas práticas que levam à divisão desigual de alimentos nas famílias.

Mais de um bilhão de mulheres desnutridas

A crise de desnutrição não se limita a esses países. Mais de um bilhão de mulheres em todo o mundo estão desnutridas, com deficiência alimentar e anêmicas em todo o mundo, com "consequências devastadoras" para suas vidas e bem-estar.

Além de enfraquecer as defesas imunológicas, a desnutrição prejudica o desenvolvimento cognitivo e agrava as complicações durante a gravidez e o parto. O impacto é "desastroso e irreversível" na sobrevivência, crescimento e aprendizagem de seus filhos, reitera o relatório, lembrando que o problema "se transmite de geração em geração". 

O documento aponta que mais de 51 milhões de crianças menores de dois anos sofrem com atraso no crescimento em todo o mundo. Mais da metade delas desenvolve esse problema durante a gravidez e nos primeiros seis meses de vida, quando dependem exclusivamente do leite materno.

Meninas abaixo do peso

No sudeste da Ásia e na África subsaariana, duas em cada três jovens estão abaixo do peso para a idade e três em cada cinco adolescentes são anêmicas. As mulheres e meninas das famílias mais pobres têm duas vezes mais probabilidade de estar abaixo do peso do que as das famílias mais ricas.

A disparidade de gênero também se manifesta na alimentação: em 2021, ano marcado pela pandemia de Covid-19, havia mais 126 milhões de mulheres do que homens sofrendo de insegurança alimentar. Esse número quase que dobrou desde 2019, quando 49 milhões de mulheres eram vítimas desta crise.

Por isso, o Unicef pede aos governos e agentes de desenvolvimento que priorizem meninas e mulheres adolescentes em seus programas. "A impossibilidade de uma menina ou mulher ter acesso a uma alimentação adequada perpetua a desigualdade de gênero", conclui Russell, que clama por "vontade política e dos recursos necessários" para agir, porque "não há tempo a perder".

(Com informações da AFP

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