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Blinken encontra Lavrov durante G20 e pede que Rússia coloque fim à guerra

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, disse que pediu ao chanceler russo, Sergei Lavrov, que a Rússia coloque um fim à guerra na Ucrânia. A conversa, que aconteceu nesta quinta-feira (2) na Índia, foi o primeiro tête-à-tête entre os dois desde o início do conflito.

O chanceler russo, Sergei Lavrov (à esq.), e o secretário de Estados dos EUA, Antony Blinken (à dir.), se encontraram durante o G-20 e tiveram uma breve conversa neste 2 de março de 2023.
O chanceler russo, Sergei Lavrov (à esq.), e o secretário de Estados dos EUA, Antony Blinken (à dir.), se encontraram durante o G-20 e tiveram uma breve conversa neste 2 de março de 2023. AP - Olivier Douliery
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O breve encontro aconteceu à margem de uma reunião entre os ministros das Relações Exteriores do G20.

"Disse ao ministro das Relações Exteriores [russo] o que já tinha dito, assim como tantos outros, na semana passada nas Nações Unidas e o que tantos ministros das Relações Exteriores do G20 disseram hoje: acabe com esta guerra de agressão, entre em uma negociação diplomática efetiva que possa produzir uma paz justa e duradoura", disse Blinken em uma coletiva de imprensa.

A última reunião entre os dois havia acontecido em janeiro de 2022, semanas antes da invasão russa à Ucrânia. Desde então, Blinken e Lavrov tinham apenas conversado por telefone, mas nunca diretamente sobre o conflito iniciado pela Rússia.

A porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, minimizou a importância da conversa de hoje. "Não houve uma reunião real", disse à agência estatal russa de notícias RIA Novosti, "Lavrov falou com [Blinken] de pé, no âmbito da segunda sessão do G20", detalhou.

Sem acordo para comunicado conjunto

A reunião de ministros de Relações Exteriores terminou nesta quinta sem que fosse possível chegarem a um comunicado conjunto, já que não houve consenso sobre o posicionamento em relação à guerra na Ucrânia.

Como aconteceu na semana passada na reunião entre ministros da Economia do G20, a China e a Rússia se recusaram a assinar o texto que exigia "a retirada completa e incondicional da Rússia do território da Ucrânia".

Além de pedir a retirada do trecho, a Rússia também queria incluir no documento a necessidade de uma investigação "imparcial" após as explosões de setembro que danificaram os gasodutos Nord Stream 1 e 2 da Rússia no Mar Báltico. Os países europeus e os Estados Unidos culpam a Rússia pelo atentado.

Os representantes dos países ocidentais do G20 temem que a China esteja considerando fornecer armas à Rússia e disseram antes da cúpula que pretendiam desencorajar Pequim de intervir no conflito.

"Se a China se engajasse no apoio à Rússia com material letal ou se comprometesse com a recusa sistemática de sanções para ajudar a Rússia, isso seria um problema sério para nossos países", disse Blinken.

Desde o início do conflito, a China tem se apresentado como neutra, mantendo ao mesmo tempo laços estreitos com sua aliada estratégica Rússia.

A Índia, que preside o Grupo dos 20 este ano, não condenou a invasão russa à Ucrânia. Grande comprador de produtos militares russos, o país aumentou suas importações de petróleo russo durante o ano passado, contrariando a decisão tomada pelos europeus.

Índia e Brasil tentam reativar multilateralismo, em crise

A Índia queria que sua presidência do G20 este ano se concentrasse em questões como a redução da pobreza e o aquecimento global, assuntos nos quais recebe apoio do Brasil.

Em uma mensagem apresentada na abertura da reunião, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, assinalou que o mundo precisa reconhecer "que o multilateralismo está em crise hoje".

"A experiência dos últimos anos - crise financeira, mudança climática, pandemia, terrorismo e guerra - mostra claramente que a governança global falhou", disse Modi, apelando para que o G20 se esforce para a superação das diferenças.

Durante a sessão, o chanceler brasileiro Mauro Vieira sublinhou as consequências do conflito para a falta de alimentos e a inflação em diversos países, aprofundando o cenário de aumento de fome no mundo. E tentou dar sequência às conversas de cooperação sobre o assunto.

"Diplomacia e multilateralismo são mais necessários que nunca, em nome da recuperação econômica mundial, da erradicação da fome e de garantias à cooperação em matéria de desenvolvimento e da plena implementação da Agenda 2030", afirmou. "Os membros do G20 têm a responsabilidade de fazer avançar a agenda de cooperação para o desenvolvimento, como meio para contribuir para a estabilidade e para a paz."

No entanto, a guerra na Ucrânia ofuscou os outros itens da agenda, mantendo a reconstrução do multilateralismo global fora das prioridades.

(Com informações da AFP)

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