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Morte de Pervez Musharraf: ex-presidente do Paquistão foi aliado crucial dos EUA contra o terrorismo

O ex-presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, último governante militar do país e um aliado dos Estados Unidos na luta contra a Al-Qaeda, morreu neste domingo (5), em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Ele tinha 79 anos e lutava contra uma doença rara, causada pelo depósito de proteínas insolúveis no corpo. 

O ex-presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, em março de 2013.
O ex-presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, em março de 2013. REUTERS/Mohammad Abu Omar/Files
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O ex-chefe de Estado, que foi forçado a renunciar devido a uma ameaça de impeachment, morreu esta manhã, segundo relatos da imprensa e de uma autoridade de segurança. "Posso confirmar que o general deu seu último suspiro em Dubai esta manhã (...). Ele se foi", disse um oficial à AFP, pedindo para não ser identificado.

Comandantes militares de alto escalão "expressam suas sinceras condolências pela morte do general Pervez Musharraf", afirmou o serviço de imprensa do Exército paquistanês. "Que Alá abençõe a sua alma e dê força à família enlutada", diz a nota.

O presidente do Paquistão, Arif Alvi, também orou "pelo descanso eterno da alma do militar falecido”, desejando coragem à família “para suportar esta perda", de acordo com o comunicado de seu gabinete. 

O general de quatro estrelas chegou ao poder após um golpe de Estado, em 1999, e permaneceu no cargo  até 2008.

Guerra contra o terrorismo

Fumante de charuto e consumidor de uísque, Musharraf inicialmente foi considerado como moderado neste país muçulmano. Ele se consolidou como o principal aliado regional dos Estados Unidos na luta contra a Al-Qaeda, cujos líderes, próximos do Talibã, haviam encontrado refúgio nas áreas tribais fronteiriças ao Afeganistão. Musharraf escapou de pelo menos três tentativas de assassinato pela organização terrorista.

Após a invasão do Afeganistão pelos Estados Unidos, na esteira dos ataques de 11 de setembro de 2001, Musharraf alinhou o seu país com as posições de Washington.

"Sob Musharraf, a decisão do Paquistão de se juntar à 'guerra contra o terror' acabou sendo uma bênção", observa o analista Hasan Askari, referindo-se ao fluxo de ajuda internacional que o país recebeu como resultado. "Ele será lembrado como alguém que liderou o Paquistão em um momento muito crítico", completa.

Durante os nove anos em que Musharraf esteve no poder, a economia do país cresceu, a imprensa pôde atuar com liberdade e as tensões entre o Exército e a rival Índia foram apaziguadas.

Musharraf, comandante-em-chefe do Exército, liderou um golpe de Estado em 1999 contra Nawaz Sharif, que quis destituí-lo depois de tê-lo nomeado como chefe do Exército, um ano antes. Em 20 de junho de 2001, ele  tornou-se oficialmente o presidente do Paquistão, até renunciar em 18 de agosto de 2008.

Musharraf obteve um mandato de cinco anos como presidente em um referendo, em 2002, mas não cumpriu a a promessa de deixar o cargo de chefe do Exército no final de 2007. Em dezembro daquele ano, após o assassinato da líder da oposição Benazir Bhutto e a derrota esmagadora sofrida por seus aliados nas eleições de 2008, Musharraf ficou completamente isolado e se viu obrigado a renunciar.

O seu plano de retornar ao poder, em 2013, foi frustrado quando ele ficou inabilitado para concorrer em uma eleição vencida por Nawaz Sharif, o homem que ele havia derrubado em 1999.

Exílio e palestras

Musharraf começou então um luxuoso exílio voluntário entre Londres e Dubai, financiado, em parte, por generosos pagamentos por suas conferências ao redor do mundo. Em 2016, ele viajou para Dubai para receber tratamento médico para amiloidose, uma doença rara que ataca órgãos vitais.

Três anos depois, foi condenado à morte à revelia por traição por ter decretado estado de exceção, em 2007. No entanto, um tribunal anulou esta sentença posteriormente.

(Com informações da RFI e da AFP)

 

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