Irã é alvo de novas sanções ocidentais após executar manifestante
O Irã foi alvo de novas sanções nesta sexta-feira (9), após ter realizado na quinta-feira (8) a primeira execução de um jovem que participava do movimento de contestação, que começou no país há três meses. Novas manifestações foram convocadas para este fim de semana no país e em capitais europeias.
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O ministério iraniano de Relações Exteriores afirmou que a República Islâmica demonstrava "grande ponderação diante da insurreição", em respostas às reações indignadas dos países ocidentais após o enforcamento de Mohsen Shekari, de 23 anos, por seu envolvimento nas manifestações.
"Contrariamente a numerosos regimes ocidentais que reprimem violentamente manifestações, mesmo pacíficas, o Irã recorre a métodos anti-distúrbio comedidos", acrescentou.
O Irã enfrenta manifestações que começaram após a morte, em 16 de setembro, de Mahsa Amini, uma curda iraniana de 22 anos, presa pela polícia da moralidade por infringir o código de vestuário rígido da República Islâmica.
Shekari tinha sido condenado à morte por ter bloqueado uma rua e ferido um paramilitar no começo das manifestações. O julgamento do manifestante foi denunciado como um "processo espetáculo" por ONGs de defesa dos direitos humanos.
Condenações
O anúncio da execução provocou condenações internacionais em cadeia, principalmente dos Estados Unidos, do Reino Unido e também da ONU.
Londres anunciou, nesta sexta-feira, sanções a 30 entidades e personalidades originárias de 11 países, entre eles o Irã, incluindo dirigentes iranianos acusados de impor "penas chocantes" a manifestantes anti-regime.
A União Europa, por sua vez, acrescentou à sua lista de medidas restritivas 20 pessoas e uma entidade iraniana por violações de direitos humanos cometidas pela repressão dos movimentos de contestação no país, de acordo com fontes diplomáticas em Bruxelas.
Entre as organizações e pessoas, oito foram sancionados por venda à Rússia de drones usados contra a Ucrânia.
A Anistia Internacional afirmou que estava "horrorizada" com o enforcamento de Mohsen Shekari. Uma execução que "coloca em evidência a desumanidade" do sistema judiciário iraniano, e que "várias outras pessoas podem vir a ter o mesmo destino", lamentou a organização.
Mahmood Amiry Moghaddam, diretor da ONG Iran Human Rights (IHR) com sede em Oslo, pediu uma forte reação internacional para dissuadir a República Islâmica de realizar outras execuções.
Novas manifestações contra regime
A execução de Shekari provocou novas manifestações e convocações para mobilizações. Durante a noite de quinta-feira e madrugada desta sexta, manifestantes foram à rua onde Shekari tinha sido preso, gritando "eles levaram nosso Mohsen e trouxeram seu corpo".
Durante outra manifestação no bairro de Chitgar, em Teerã, manifestantes gritaram "morte ao ditador" e "morte a Sepah", em referência ao guia supremo Ali Khamenei e aos Guardiões da Revolução, o exército ideológico do Irã.
Manifestações também foram convocadas para este fim de semana em Berlim, Paris e outras cidades da Europa.
De acordo com a IHR as forças de segurança iraniana mataram ao menos 458 manifestantes desde o começo do movimento de contestação. No dia seguinte da execução de Shekari, uma dezena de outras pessoas podem ser enforcadas nos próximos dias após condenações a morte por envolvimento nas manifestações, alertam ONGs de defesa dos direitos humanos.
(Com informações da AFP)
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