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Declaração final do G20 pede fim da guerra na Ucrânia e faz fortes críticas à Rússia

A reunião de cúpula do G20 terminou nesta quarta-feira (16) na ilha indonésia de Bali com uma condenação majoritária à Rússia e apelos renovados pelo fim da guerra na Ucrânia. A reunião dos líderes das maiores economias do planeta foi abalada pelos grandes bombardeios russos de terça-feira em Kiev e pela queda de um míssil na Polônia, o que provocou o temor de uma escalada do conflito. 

Os líderes do G20 posam para foto após terem plantado árvores a convite do presidente da Indonésia, Joko Widodo, nesta quarta-feira (16), em Bali.
Os líderes do G20 posam para foto após terem plantado árvores a convite do presidente da Indonésia, Joko Widodo, nesta quarta-feira (16), em Bali. AP - Alex Brandon
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As explosões na Polônia, que continuam sendo investigadas, não impediram a divulgação de um comunicado conjunto ao final do encontro do G20. O texto incluiu uma condenação da maioria dos países à guerra na Ucrânia e destacou seu grave impacto na economia mundial.

"É a primeira declaração conjunta desde fevereiro de 2022", lembrou o presidente do país anfitrião, o indonésio Joko Widodo, que reconheceu "discussões muito duras" para alcançar um texto unânime.

O comunicado final do G20 reconhece "outros pontos de vista", mas afirma que "a maioria dos membros condena de maneira veemente a guerra na Ucrânia (...) que está provocando um imenso sofrimento humano". O documento também aponta que o conflito "afetou de maneira ainda mais negativa a economia global" e considera "inadmissível" o uso de armas nucleares ou a ameaça de recorrer a este tipo de armamento, como já fez de maneira velada o presidente russo, Vladimir Putin.

Com as tensões geopolíticas existentes e a falta de acordo em todas as reuniões preparatórias, poucos esperavam a aprovação de uma declaração conjunta, que exige unanimidade. Menos ainda uma condenação, mesmo não sendo unânime, ou a citação do conceito "guerra na Ucrânia", vetado na Rússia.

Um dos posicionamentos mais críticos contra Moscou veio da parte do primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, que destacou "uma realidade cruel e implacável da guerra de Putin". Segundo ele, enquanto o conflito continuar, "constituirá uma ameaça para a nossa segurança e a de nossos aliados (...), continuando a devastar a economia mundial".

Para encerrar o evento, o presidente indonésio levou seus convidados para plantar uma árvore. Na véspera, ele recebeu os líderes mundiais em um jantar de gala.

Duras críticas de Zelensky  

Os debates e reuniões multilaterais foram abalados pelos bombardeios de terça-feira na Ucrânia e pela queda de um suposto míssil "de fabricação russa" na Polônia, país membro da União Europeia e da Otan.

No segundo discurso por videoconferência, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky acusou a Rússia pelas explosões e afirmou que a ação era uma "mensagem" de Moscou para o G20.

Os aliados ocidentais de Kiev pediram cautela. A delegação dos Estados Unidos convocou uma reunião de emergência de aliados do G7 e da Otan, na qual pediram uma investigação sobre o que aconteceu na Polônia e condenaram os bombardeios "bárbaros" da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas na véspera.   

"Os acontecimentos desta noite são uma evidência clara, mais uma prova da falta de vontade de Putin de acabar com guerra", disse o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez.

China denuncia ameaça nuclear  

A reunião de cúpula na ilha indonésia foi precedida por uma longa reunião entre Biden e o presidente chinês Xi Jinping. Ambos tentam impor limites à crescente rivalidade entre as duas potências e conversaram sobre a guerra na Ucrânia.   

Embora a China, assim como a Índia, tenha evitado condenar a guerra e criticar diretamente a Rússia, Pequim convocou os dois lados a negociar, denunciou a ameaça de uso de armas nucleares e criticou a instrumentalização bélica de alimentos e da energia. 

"A China pode desempenhar um papel de mediação maior ao nosso lado nos próximos meses", defendeu o presidente francês, Emmanuel Macron, para quem o encontro enviou "uma mensagem muito clara" à Rússia.

Em meio a reveses militares na Ucrânia e um crescente isolamento internacional, o presidente russo, Vladimir Putin, não viajou a Bali. A Rússia foi representada pelo ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, que acusou Kiev de apresentar condições "não realistas" para negociações.

A segurança alimentar e energética figurou como uma das principais preocupações do encontro, que teve a participação de alguns dos países mais afetados pelo aumento dos preços, como a Turquia e Argentina. Não por acaso, os países membros solicitaram no comunicado final a prorrogação do acordo entre Kiev e Moscou para a exportação de cereais ucranianos pelo Mar Negro, que termina no sábado.  

Um dos mediadores do acordo, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, se declarou convencido de que o pacto seguirá em vigor.

(Com informações da AFP)

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