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Ira exibe vídeo de suposta "confissão" de franceses presos por espionagem; França denuncia farsa

O Irã transmitiu nesta quinta-feira (6), em seu canal de televisão oficial, um vídeo apresentado como sendo das "confissões" de espionagem de dois franceses, presos em maio no país. A França reiterou um pedido de libertação imediata dos dois cidadãos e denunciou uma encenação "indigna" das supostas confissões.

Manifestantes marcham sob a bandeira iraniana em Paris, em 2 de outubro de 2022.
Manifestantes marcham sob a bandeira iraniana em Paris, em 2 de outubro de 2022. AP - Aurelien Morissard
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A exibição dos depoimentos no site de língua árabe al-Alam acontece num momento de tensão no Irã por conta de protestos motivados após a morte da jovem Mahsa Amini enquanto estava sob custódia da polícia de costumes iraniana.

Os dois cidadãos franceses foram presos há cinco meses, durante manifestações de professores que exigiam aumento de salários e pediam a libertação de colegas presos em mobilizações anteriores.

No vídeo transmitido pelo site al-Alam, uma jovem que fala francês afirma se chamar Cécile Kohler e ser agente de inteligência operacional da Direção-Geral de Segurança Externa (DGSE, serviço de inteligência francês).

Em 11 de maio, o Irã havia anunciado a prisão de dois europeus "que entraram no país com o objetivo de desencadear o caos e desestabilizar a sociedade". À época, as autoridades francesas denunciaram uma detenção "infundada" e pediram  a "libertação imediata" dos detidos. No início de julho, Teerã acusou dois "sindicalistas franceses" por "minarem a segurança" do país.

Uma fonte sindical francesa identificou os presos como Cécile Kohler, uma funcionária do sindicato dos professores Fnec FP-FO, e seu companheiro, Jacques Paris. Ela especificou que eles estavam passeando no Irã durante as férias da Páscoa no momento da prisão.

No vídeo divulgado nesta quinta-feira, a mulher, que usa um véu colorido, afirma que ela e seu companheiro estiveram no Irã "para preparar as condições para a revolução e a derrubada do regime iraniano". Ela menciona uma soma em "dinheiro" que deveria "ser usada para financiar ações grevistas e manifestações".

De acordo com o homem mostrado no vídeo, que também fala francês, os "objetivos da DGSE" são "pressionar o governo" do Irã.

O ministério das Relações Exteriores francês reagiu, afirmando que a divulgação pelo Irã das "confissões" de espionagem de dois franceses é "uma encenação indigna, revoltante, inaceitável e contrária ao direito internacional". "Esta farsa revela o desprezo pela dignidade humana que caracteriza as autoridades iranianas", acrescentou o Quai d'Orsay em um comunicado, pedindo a "libertação imediata" dos dois franceses.

Influência externa

O Irã acusa repetidamente forças externas de alimentarem protestos no país. Na semana passada, Teerã afirmou que nove estrangeiros de países como França, Alemanha, Itália, Polônia e Holanda haviam sido presos.

Em junho de 2020, ONGs pediram ao Irã que acabasse com a prática de "confissões forçadas" televisionadas de prisioneiros, transmitidas pela mídia estatal. De acordo com a Federação Internacional para os Direitos Humanos (FIDH) e Justiça para o Irã (JFI), com sede em Londres, as vítimas entrevistadas dizem que foram "sujeitas a atos de tortura e maus-tratos para forçá-las a confessar fatos (muitas vezes falsos) na frente das câmeras".

Mais de 20 cidadãos de países ocidentais, a maioria com dupla nacionalidade, estão detidos ou retidos no Irã, o que as ONGs condenam como uma política de tomada de reféns para obter concessões de potências estrangeiras. Entre eles, estão a pesquisadora franco-iraniana Fariba Adelkhah, presa em junho de 2019 e condenada a cinco anos de prisão por minar a segurança nacional, o que seus parentes sempre negaram com firmeza. O francês Benjamin Brière foi preso em maio de 2020 e condenado a oito anos e oito meses de prisão por espionagem, acusação que ele contesta.

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