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Futuro da Al Qaeda é incerto após morte de líder pelos EUA, apontam especialistas

O anúncio da morte de Ayman al-Zawahiri foi feito na noite desta segunda-feira (1º) pelo presidente norte-americano, Joe Biden, direto da Casa Branca, onde estava isolado após ter testado positivo para a Covid-19. Considerado o sucessor de Osama Bin Laden, o líder da Al Qaeda foi morto em um ataque com drone no Afeganistão no último fim de semana.

Ayman al-Zawahiri era considerado o braço direito de Bin Laden e um dos organizadores dos ataques de 11/09
Ayman al-Zawahiri era considerado o braço direito de Bin Laden e um dos organizadores dos ataques de 11/09 REUTERS/SITE Monitoring Service via Reuters TV
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"No último sábado, sob minhas ordens, os Estados Unidos realizaram um ataque aéreo em Cabul, que matou o emir da Al Qaeda, Ayman al-Zawahiri", informou o presidente. "A justiça foi feita e esse líder terrorista não existe mais."

Em comunicado do Ministério das Relações Exteriores, a Arábia Saudita respaldou "a morte do líder da Al Qaeda responsável pelo planejamento e execução de operações terroristas hediondas nos Estados Unidos, Arábia Saudita e diversos outros países do mundo". O primeiro-ministro canadense Justin Trudeau, afirmou, em sua conta no Twitter, que a morte de al-Zawahiri representa “um passo na direção de um mundo mais seguro”.

Para especialistas, a execução do líder terrorista tem grande significado. "Embora tivesse muitos defeitos, (al-Zawahiri) não era tão insignificante quanto muitos analistas acreditavam", tuitou Thomas Joscelyn, especialista do grupo de estudo Foundation for Defense of  Democracies, nesta segunda-feira.

“O maior sucesso de Zawahiri é manter a Al Qaeda viva”, segundo Barak Mendelsohn, professor da Universidade Haverford, na Pensilvânia. Já Colin Clarke, pesquisador do Soufan Group, aponta que "apesar da liderança de al-Zawahiri, o grupo ainda enfrenta sérios desafios. Agora, há a questão de quem vai liderar a Al Qaeda".

Braço direito de Bin Laden e um dos organizadores dos ataques de 11/09

Considerado o cérebro por trás dos atentados de 11 de setembro de 2001, que deixaram quase 3 mil mortos em Nova York, al-Zawahiri assumiu a liderança da Al Qaeda após a morte de Osama Bin Laden, em 2011. O egípcio, de 71 anos, era um dos terroristas mais procurados no mundo pelos Estados Unidos, que ofereciam US$ 25 milhões em recompensa por qualquer informação que levasse a sua prisão ou condenação. Segundo Biden, sua morte permitirá que as famílias das vítimas dos ataques contra as torres gêmeas do World Trade Center em Nova York e a sede do Pentágono "virem a página".

Ayman al-Zawahiri pertencia a uma grande família egípcia. De acordo com o correspondente da RFI no Cairo, Alexandre Buccianti, seu avô era o xeque da Grande Mesquita de al-Azhar, uma das maiores autoridades do islamismo sunita. Ainda adolescente, juntou-se à Confraria da Irmandade Muçulmana, o que lhe valeu a primeira prisão aos 15 anos. Em 1973, pouco antes de se formar em medicina, integrou ma organização extremista da Irmandade, a Jihad Islâmica. Ele foi preso após o assassinato do presidente Sadat em 1981, mas foi condenado a apenas três anos de prisão.

Após sua libertação, partiu para o Afeganistão, onde conheceu Osama Bin Laden. Na década de 1990, a Jihad Islâmica, da qual ele se tornou líder, cometeu uma série de ataques no Egito, que levaram Zawahiri a ser condenado à morte por um tribunal militar. Mais recentemente, ele pediu aos egípcios para derrubar o regime do presidente al-Sissi.

Herdando em 2011 uma organização que havia perdido seu poder, Ayman al-Zawahiri teve que sobreviver multiplicando as alianças de circunstâncias, da Península Arábica ao Magrebe, da Somália ao Afeganistão, da Síria e ao Iraque.

No final de 2020, houve rumores de que ele havia morrido por uma doença cardíaca, mas o líder reapareceu em um vídeo.

Operações norte-americanas

De acordo com um comunicado do Talibã, divulgado pelo Washington Post, um ataque americano atingiu uma casa residencial em um bairro nobre da capital do Afeganistão. "Não havia soldados americanos no terreno, em Cabul", disse um alto funcionário dos EUA, acrescentando que a própria presença de Ayman al-Zawahiri na capital afegã era uma "clara violação" dos acordos alcançados com o Talibã em Doha, em 2020.

De acordo com a fonte, Washington viu a família de al-Zawahiri, em 2022, em uma casa que servia de esconderijo na capital afegã – de onde o exército americano havia se retirado em agosto passado diante da tomada do país pelo Talibã. O trabalho de inteligência confirmou, nos meses que se seguiram, a presença do próprio Ayman al-Zawahiri no local. "Identificamos Zawahiri muitas vezes, e por longos períodos, em sua varanda, onde ele finalmente foi atingido", disse um alto funcionário dos EUA na noite de segunda-feira.

"Reiteramos claramente que não importa quanto tempo demore, onde se esconda. Se alguém representa uma ameaça para nossa população, os Estados Unidos o encontrarão e o eliminarão", insistiu Biden.

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