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Indústria do tabaco tem impacto “desastroso” no meio ambiente, afirma OMS

Além de seu impacto na saúde pública, a indústria do tabaco também é causa de danos ambientais consideráveis, entre montanhas de poluição e emissões que contribuem para as mudanças climáticas, alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta terça-feira, 31 de maio, quando é celebrado o Dia Mundial sem Tabaco.

O tabaco mata cerca de 8 milhões de pessoas a cada ano, de acordo com as Nações Unidas.
O tabaco mata cerca de 8 milhões de pessoas a cada ano, de acordo com as Nações Unidas. © Unsplash - Mathew MacQuarrie
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A indústria do tabaco é "um dos maiores poluidores que conhecemos", afirmou o diretor de promoção da saúde da OMS, Rüdiger Krech, apresentando um relatório com conclusões "bastante desastrosas". O documento, intitulado "Tabaco, veneno para o nosso planeta", analisa a pegada ambiental do setor como um todo, desde o cultivo das plantas até a fabricação dos produtos do tabaco, passando pelo consumo e desperdício.

Enquanto a indústria é responsável pela perda de 600 milhões de árvores, a cultura do tabaco usa 200 mil hectares de terra e 22 bilhões de toneladas de água por ano e emite cerca de 84 milhões de toneladas de CO2, de acordo com o relatório.

"Os produtos do tabaco, que são o lixo mais jogado fora do planeta, contêm mais de 7 mil compostos químicos que se espalham no meio ambiente", continua Krech. Cada uma das 4,5 trilhões de pontas de cigarro que vão parar na natureza a cada ano pode poluir até 100 litros de água, ele ressalta.

Risco à saúde de crianças

Os perigos do tabaco para a saúde não se limitam ao consumo e aos resíduos poluentes: quase um quarto dos produtores de tabaco sofre da doença do tabaco verde, uma forma de envenenamento por nicotina através da pele. Em contato constante com as folhas do tabaco, esses agricultores consomem por dia o equivalente à nicotina contida em 50 cigarros, explica Krech, que destaca que o setor emprega um grande número de crianças.

“Imagine: uma criança de 12 anos exposta a 50 cigarros por dia”, alerta.

De acordo com o relatório, o tabaco é frequentemente cultivado em países bastante pobres, onde a água e as terras cultivadas são muitas vezes escassas e onde essas culturas substituem a produção de alimentos essenciais. O cultivo do tabaco também é responsável por cerca de 5% do desmatamento mundial e contribui para o esgotamento das preciosas reservas de água.

Uma parcela significativa das emissões globais de gases de efeito estufa também vem do processamento e transporte de tabaco – o equivalente a um quinto da pegada de carbono das viagens aéreas.

A OMS também alerta para os produtos derivados do tabaco – cigarros, tabaco sem fumaça e cigarros eletrônicos –, que contribuem significativamente para o acúmulo de poluição plástica no mundo. Os filtros de cigarro contêm vestígios de microplásticos, esses pequenos fragmentos encontrados nos oceanos de todo o mundo, inclusive no fundo da Fossa das Marianas, a mais profunda do mundo – tornando-se a segunda maior fonte de poluição plástica do mundo.

Poluição plástica

Ao contrário do que afirma a indústria do tabaco, não há, no entanto, provas de que estes filtros tenham um efeito benéfico para a saúde, sublinha a OMS. A agência da ONU, portanto, insta os formuladores de políticas de todo o mundo a tratar esses filtros como plásticos de uso único e a considerar a sua proibição.

A agência também lamenta que os custos gigantescos da limpeza dos resíduos da indústria do tabaco sejam arcados pelos contribuintes em todo o mundo. De acordo com o relatório, a China gasta cerca de US$ 2,6 bilhões anualmente para tratar resíduos de produtos de tabaco. Para a Índia, a conta é de US$ 766 milhões, enquanto Brasil e Alemanha pagam cerca de US$ 200 milhões cada.

A OMS, portanto, insiste que mais países sigam o exemplo da França e da Espanha, adotando o princípio do poluidor-pagador. Para Rüdiger Krech, é importante que "a indústria realmente pague pelos danos que está causando".

(Com informações da AFP)

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