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Covid-19: alta de casos e temor de lockdown na China afetam mercado mundial

A alta de casos da variante ômicron e o temor de que o governo chinês adote um lockdown ainda mais rígido estão levando muitos moradores de Pequim a estocar comida. As restrições anticovid podem afetar o crescimento mundial e geram expectativa nos mercados mundiais, que operam em queda nesta segunda-feira (25).

Mulher deixa supermercado de Pequim, onde moradores estão estocando produtos básicos
Mulher deixa supermercado de Pequim, onde moradores estão estocando produtos básicos AFP - JADE GAO
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No centro de Pequim, dezenas de clientes aguardavam a abertura de um dos mercados da região.

"Não sei por que todo mundo está estocando alimentos. Ovos, por exemplo, não encontro mais em lugar nenhum. Mas, como as outras pessoas estão estocando, eu estoco também. Tenho comida para um mês e acho que será suficiente", disse uma moradora de Pequim ao correspondente da RFI na cidade, Stéphane Lagarde.

Nesta segunda-feira (25), muitos moradores da capital também tiveram que realizar um teste PCR antes de ir para o trabalho, em um procedimento exigido pelas autoridades chinesas. O governo ainda não confirmou se haverá um lockdown na cidade de cerca de 22 milhões de habitantes, mas algumas residências já foram isoladas, e o acesso a algumas estações de metrô interrompido. Alguns parques do distrito de Chaoyang também foram fechados depois da descoberta de dezenas de novos casos de Covid-19, desde sexta-feira.

Quase 30 complexos residenciais de Pequim são alvo de restrições. As academias da cidade cancelaram aulas ou suspenderam as atividades.

A capital também anunciou controles rígidos para entrar na cidade, que incluem a apresentação de testes negativos de Covid-19. A poucos dias do feriado de 1º de maio, a prefeitura ordenou que as agências de viagens suspendam as excursões em grupo na capital. Apesar das medidas, a vida está normal em Pequim: lojas, restaurantes e cinemas permanecem abertos.

População chinesa faz fila para testar contra Covid-19 após a chegada da variante ômicron ao país
População chinesa faz fila para testar contra Covid-19 após a chegada da variante ômicron ao país © Andy Wong/AP

Dezenas de contágios

A capital registrou dezenas de contágios na última semana, incluindo 19 casos novos nesta segunda-feira, depois das advertências de que o vírus circulou por vários dias na cidade sem ser detectado. O principal distrito do centro de Pequim, Chaoyang, com 3,5 milhões de pessoas, ordenou testes para os moradores e as pessoas que trabalham neste setor, onde ficam os escritórios de várias multinacionais e embaixadas. Muitos produtos nos aplicativos de entrega de compras acabaram no domingo à noite, após o anúncio da ordem para os testes, mas nesta segunda-feira os estoques foram normalizados. 

A China também tenta conter uma onda de contágios na maior cidade do país, Xangai, onde quase 25 milhões de habitantes estão em lockdown há várias semanas. O ministério chinês da Saúde informou, nesta segunda-feira (25), a ocorrência de 51 mortes por Covid-19 na capital econômica do país, um recorde para a cidade. Xangai enfrenta dificuldades para fornecer alimentos frescos às pessoas isoladas, enquanto os pacientes relatam problemas de acesso a atendimento médico para outras doenças.

Xangai enfrenta surto da variante ômicron
Xangai enfrenta surto da variante ômicron AP - Mark Schiefelbein

Os números de Pequim são insignificantes se comparados aos de Xangai, que registrou mais de meio milhão de contágios desde 1º de março e tenta conter o maior surto do vírus em dois anos com a política de 'covid zero', que inclui lockdowns severos, testes em larga escala e restrições de viagens. As autoridades consideram que a estratégia ajudou a China a evitar os grandes colapsos do sistema de saúde observados em outros países durante a crise de Covid, mas ao mesmo tempo as consequências afetaram empresas e moradores.

Mercados operam em queda

Os mercados globais operavam em queda nesta segunda-feira (25) devido às expectativas de uma mudança na política monetária nos Estados Unidos e temores sobre a situação sanitária na China, onde as restrições anticovid ameaçam o crescimento econômico. As ações chinesas eram negociadas no vermelho, com o índice Hang Seng caindo 3,85%, o Shanghai Composite Index perdendo 5,13% e o segundo mercado da China, Shenzhen, despencando 6,48%.

Na Europa, as bolsas "ignoraram" a reeleição do presidente francês Emmanuel Macron, que já havia sido antecipada pelos mercados, e registravam perdas na abertura por temores de que o Federal Reserve (Fed) americano reforce sua política econômica e por conta da situação sanitária chinesa.

A Bolsa de Paris abriu com queda de 1,98%, Frankfurt recuava 1,65%, Milão também registrou perdas de 1,61% e Londres e Madri confirmaram a tendência com quedas de 1,70% e 0,69%, respectivamente.

O petróleo também não ficou imune às tendências, com o barril de Brent do Mar do Norte com entrega em junho caindo 4,51% - para US$ 101,84 - e o barril West Texas Intermediate (WTI) americano para o mesmo mês caindo 4,55% - para US$ 97,43.

(RFI e AFP)

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