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Mianmar: Junta militar faz demonstração de força e promete “aniquilar” oponentes

A junta militar de Mianmar fez uma demonstração de força, prometendo “aniquilar” seus oponentes, por ocasião do Dia do Exército, data que foi cenário em 2021 de uma sangrenta repressão às manifestações pró-democracia. Mais de 8 mil membros das forças de segurança, tanques, caminhões com mísseis e peças de artilharia desfilaram neste domingo (27) pelas gigantescas avenidas de Naypyidaw, capital construída pelo antigo regime militar no início dos anos 2000.

Mais de 8 mil membros das forças de segurança, tanques, caminhões com mísseis e peças de artilharia desfilaram neste domingo (27) pelas gigantescas avenidas de Naypyidaw, capital construída pelo antigo regime militar no início dos anos 2000.
Mais de 8 mil membros das forças de segurança, tanques, caminhões com mísseis e peças de artilharia desfilaram neste domingo (27) pelas gigantescas avenidas de Naypyidaw, capital construída pelo antigo regime militar no início dos anos 2000. REUTERS - STRINGER
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O líder da junta, Min Aung Hlaing, em traje completo, inspecionou suas tropas de um 4x4 aberto, enquanto aviões de guerra sobrevoavam o local, exibindo as cores amarela, vermelha e verde da bandeira nacional. A junta "não negociará mais (...) e aniquilará os oponentes até o fim", afirmou o general que derrubou a líder civil Aung San Suu Kyi em 1º de fevereiro de 2021.

O vice-ministro da Defesa da Rússia - um grande fornecedor de armas e aliado tradicional dos generais de Mianmar - participou do desfile em 2021 e sua presença era aguardada para este ano. Mas Alexander Fomin não compareceu por causa dos "negócios de seu país", a operação na Ucrânia, revelou o porta-voz da junta, Zaw Min Tun.

O dia 27 de março de 2021 foi palco da repressão mais mortífera desde o golpe. Cerca de 160 manifestantes foram mortos naquele dia pelas forças de segurança, de acordo com uma ONG local, a Associação de Assistência a Presos Políticos (AAPP).

O Governo de Unidade Nacional (NUG), um “organismo fantasma” que integra a oposição à junta, renomeou este dia como "dia da vergonha para o exército" e prometeu derrubar o regime. "Com as almas de nossos heróis caídos, lutaremos até o fim", disse o porta-voz do NUG, Sasa, em um comunicado.

"Restaure o caminho da democracia"

Em uma declaração conjunta, muitos países – Estados Unidos, União Europeia, Austrália, Canadá, Nova Zelândia, Reino Unido – pediram ao exército que "pare com sua violência e restaure o caminho da democracia". Mianmar mergulhou no caos desde o golpe dos generais. Mais de 1,7 mil civis foram mortos e quase 13 mil foram presos de acordo com a AAPP e com as denúncias da ONU de "prováveis ​​crimes de guerra e crimes contra a humanidade".

Essa repressão brutal pôs fim às grandes manifestações pacíficas que abalaram o país nas primeiras semanas após o golpe. Neste domingo, apenas uma dúzia de manifestantes lançaram sinalizadores em Yangon, capital econômica, entoando slogans contrários à junta, segundo imagens postadas nas redes sociais. Outros manifestantes pediram à população que apaguem as luzes das 20h às 20h30, hora local, como sinal de resistência.

Apesar da repressão, grandes partes do território ainda escapam ao controle dos generais. Milícias cidadãs apoiadas por minorias étnicas pegaram em armas em diversas regiões e estão realizando ações de guerrilha. Os militares reagem. "Nestas últimas semanas, tem havido crescentes relatos de uso militar de ataques aéreos e armamento pesado deixando vítimas civis, além de perdas materiais", revelou a Human Rights Watch.

A violência militar desalojou "mais de 500 mil pessoas", de acordo com a ONG, que lamenta que a junta "bloqueie deliberadamente a ajuda às populações (...) como forma de punição coletiva".

Genocídio

Os generais se aproveitam das divisões na comunidade internacional. Por um lado, os Estados Unidos anunciaram novas sanções nesta sexta-feira (25), poucos dias depois de terem qualificado oficialmente como "genocídio" os abusos cometidos em 2017 pelos militares birmaneses contra a minoria muçulmana dos rohingyas. Por outro lado, Pequim e Moscou seguem em seu jogo obscuro, continuando a fornecer armas – incluindo caças e veículos blindados – para a junta, de acordo com o relator especial da ONU Tom Andrews.

Justice for Myanmar (JFM), um grupo de direitos humanos que investiga investimentos militares no país, revelou uma lista de 19 fabricantes de armas russos que forneceram ao Tatmadaw (nome das forças armadas birmanesas). "A indústria de armas russa obtém enormes lucros com as atrocidades cometidas pelos militares birmaneses", declarou a porta-voz do JFM, Yadanar Maung. Ela pede ao Conselho de Segurança da ONU que decrete o mais rápido possível "um embargo global de armas" a Mianmar.

(Com informações da AFP)

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