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Apagões na China paralisam cidades e preocupam mercado

A crise energética no norte da China faz cidades inteiras ficarem no escuro há dias. Depois da indústria, os blackouts gigantes perturbam o quotidiano dos chineses e poderiam atingir os países ocidentais.

A agência de classificação de risco Goldman Sachs reduziu, nesta terça-feira (28), suas projeções de crescimento para a China, em razão dos apagões em todo país que afetam milhões de residências e paralisam fábricas, algumas das quais abastecem as empresas Apple e Tesla.
A agência de classificação de risco Goldman Sachs reduziu, nesta terça-feira (28), suas projeções de crescimento para a China, em razão dos apagões em todo país que afetam milhões de residências e paralisam fábricas, algumas das quais abastecem as empresas Apple e Tesla. AFP - LEO RAMIREZ
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Stéphane Lagarde, correspondente da RFI em Pequim

Nas redes sociais, moradores do norte do país reclamam contra os engarrafamentos provocados pelos apagões que semearam o caos nas ruas nos últimos dias. As imagens divulgadas pela Sina Weibo mostram semáforos em pane, no último fim de semana, nas avenidas de Shenyang, a capital da província de Liaoning. Os habitantes não tinham sido avisados dos cortes de eletricidade.

Porém, os riscos de cortes não se restringem apenas ao norte, e podem chegar ao sul do país, principalmente na província de Guangdong, onde a recomendação é de limitar o uso do ar condicionado, de preferir as escadas aos elevadores e ir para a cama quando a noite chega.

Fábrica do mundo

Os blackouts também diminuem o ritmo das cadeias de montagem na “fábrica do mundo” e ameaçam romper a rede de abastecimento mundial.

Os veículos de comunicação do Estado falam em quase 100 usinas paradas até 7 de outubro, data do fim do feriado de comemoração da festa nacional chinesa, por diversos motivos, entre eles a alta do preço do carvão, em parte ligado ao conflito diplomático China-Austrália e ao fim das importações do carvão australiano. Outras razões seriam as medidas tomadas para alcançar progressivamente uma economia sem emissões de gás carbônico, mas também à retomada econômica pós-Covid-19 com as usinas funcionando em máxima capacidade.  

A demanda de eletricidade ultrapassou, no primeiro semestre, os níveis de antes da pandemia, com a tarifa cada vez mais cara. A China utiliza o gás também para produzir, o que faz os preços do produto aumentarem. Por isso a crise energética acaba prejudicando também fornecedores de grandes empresas mundiais, como Apple ou Tesla, obrigadas a parar a produção ao menos até quinta-feira (30).

As tensões energéticas da China preocupam os mercados mundiais. As agências Goldman Sachs e Nomura diminuíram, nesta terça-feira (28), as previsões de crescimento para 2021 da segunda economia mundial.

Racionamento

O objetivo de redução de emissões de gases do efeito estufa teria levado 16 das 31 províncias da China a racionar eletricidade, segundo o South China Morning Post. Mas os blackouts deixam algumas pessoas satisfeitas, sobretudo os vizinhos sul-coreanos, que voltaram a ver o céu azul, depois que as chaminés das fábricas chinesas deixaram de funcionar.

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