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Israel: 900 sobreviventes do Holocausto morreram por Covid-19 em 2020

Neste 27 de janeiro, Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, o Escritório Central de Estatísticas de Israel revelou que 900 sobreviventes do genocídio nazista morreram em 2020 em consequência da Covid-19. Durante todo o ano, 15 mil sobreviventes faleceram, o que significa que 6% das mortes foram causadas pelo coronavírus. 

Coleção de fotos de Leah Nebenzahl, sobrevivente do Holocausto que vive em Jerusalém.
Coleção de fotos de Leah Nebenzahl, sobrevivente do Holocausto que vive em Jerusalém. REUTERS - RONEN ZVULUN
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Daniela Kresch, correspondente da RFI em Tel Aviv

Setenta e seis anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, vivem em Israel apenas 178,4 mil sobreviventes do Holocausto. Entre eles, 5,3 mil foram contaminados pelo coronavírus. 

A média de idade dos sobreviventes é de 84 anos. Por dia, cerca de 40 deles falecem.

Em comunicado conjunto, os presidentes de Israel, Reuven Rivlin, da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, e do Conselho Europeu, Charles Michel, afirmaram que trabalham juntos para “preservar a memória do Holocausto e lutar contra o antissemitismo”

"Prestamos homenagem aos sobreviventes. Seus testemunhos permanecerão para sempre como uma barreira contra aqueles que negam o passado. Trabalharemos juntos para garantir que as lições do Holocausto e o voto sagrado de 'Nunca Mais' sejam transmitidos aos nossos filhos, os filhos dos nossos filhos e todas as gerações futuras”, afirmou o comunicado.

Rivlin inaugurou uma exposição fotográfica de retratos de sobreviventes do Holocausto de todo o mundo em sua residência oficial, em Jerusalém. As fotos também estão expostas no Willy-Brandt Haus, em Berlim, como parte de uma iniciativa especial do Projeto Lonka, que começou há dois anos. Mais de 250 fotógrafos e cinegrafistas de cerca de 35 países imortalizaram sobreviventes do Holocausto em fotos e vídeos. 

O Projeto Lonka ganhou esse nome em homenagem à Dra. Eleonora “Lonka” Nass, nascida na Polônia em 1926 e que sobreviveu a cinco campos de concentração: Raghun, Plaszow, Auschwitz-Birkenau, Bergen-Belsen e Terezin. Ela faleceu em Israel em 2018.

Genocídio de 17 milhões de pessoas

O Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto lembra o genocídio, pelo regime nazista, de 6 milhões de judeus e 11 milhões de pessoas de outros grupos, como ciganos, deficientes físicos e mentais, homossexuais e presos políticos. Ela foi criada pela ONU em 2005 e é celebrada desde 2006 no mesmo dia: 27 de janeiro, que marca a liberação do infame campo de concentração de Auschwitz (em Israel, o Dia Nacional do Holocausto é em abril).

Este ano, por causa da pandemia de coronavírus, a data será lembrada sem grandes eventos ou aglomerações. Em Israel, o Museu do Holocausto Yad Vashem, em Jerusalém, e outras instituições adaptaram seus programas, com transmissões ao vivo de cerimônias solenes por redes sociais como YouTube e Instagram. O Yad Vashem, por exemplo, criou uma campanha on-line pela qual internautas podem ler e compartilhar em suas redes sociais histórias de vida de vítimas do Holocausto.

Pelo mundo, a abordagem é semelhante. A Confederação Israelita do Brasil (Conib) promoverá, nesta quarta-feira, um ato solene que será transmitido por YouTube e Facebook a partir das 19h (horário de Brasília) com presença de sobreviventes do Holocausto, que darão depoimentos. A transmissão contará com as participações de Efraim Zuroff, do Centro Simon Wiesenthal, do ator Dan Stulbach, entre outros.

O Museu do Holocausto de Curitiba prevê a exibição on-line do documentário "Zelda", de Michel Gawendo, no domingo (31). O filme documenta a viagem de Zelda Shaham de Israel para a Lituânia para agradecer pessoalmente à família que a abrigou, juntamente com os pais e um tio, por mais de dois anos em um esconderijo subterrâneo. 

Não é novidade que a lembrança do Holocausto está presente em redes sociais e através de eventos transmitidos na internet. Mas essa transição se tornou ainda mais importante em meio à pandemia do coronavírus.

“O início desta crise global afetou nossas vidas de muitas maneiras e, de fato, a lembrança do Holocausto não é exceção”, diz o Dr. Tobias Ebbrecht-Hartmann, do departamento de Comunicação e Jornalismo da Universidade Hebraica de Jerusalém. “As severas restrições do coronavírus aceleraram esse processo de transição para mídias digitais e criaram uma cultura de aceitação muito maior para o papel dessas mídias”, avalia.

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