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Frase do papa sobre união homossexual "foi tirada do contexto", diz Vaticano

O Vaticano explicou em uma nota interna a posição do papa Francisco sobre as uniões homossexuais, após a controvérsia provocada pelo documentário "Francesco". No filme, o pontífice se mostra favorável ao casamento entre duas pessoas do mesmo sexo. A Santa Sé reiterou que o matrimônio católico acontece entre um homem e uma mulher.

Papa saúda fieis da janela na praça São Pedro.
Papa saúda fieis da janela na praça São Pedro. AP Photo/Alessandra Tarantino
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O documento, emitido pela Secretaria de Estado do Vaticano, foi encomendado pelo cardeal Pietro Parolin, número dois do Vaticano, e enviado às nunciaturas em todo o mundo. O texto aborda a questão após o escândalo provocado pelas palavras do pontífice no documentário do americano de origem russa Yevgeny Afineevsky. 

O filme foi exibido em meados de outubro no Festival de Cinema de Roma. Nele, o papa argentino defende o direito dos casais homossexuais, "filhos de Deus", a uma "lei de convivência civil", que os proteja legalmente. O Vaticano demorou mais de uma semana para responder à polêmica e teria enviado o documento há alguns dias atrás.

"As pessoas homossexuais têm o direito de estar em uma família, são filhos de Deus, possuem direito a uma família. Não se pode expulsar ninguém de uma família, nem tornar sua vida impossível por isso. O que temos que fazer é uma lei de convivência civil, eles têm direito à proteção legal. Eu defendi isso", explica o papa no filme. A frase provocou a revolta dos setores mais conservadores da Igreja, incluindo vários bispos e cardeais, e rendeu elogios das associações de defesa dos homossexuais, que a consideraram histórica.

Frases tiradas do contexto

Para a Secretaria de Estado, as declarações do papa "geraram confusão" porque o diretor do documentário resumiu em apenas uma resposta as diferentes respostas dadas pelo pontífice em uma entrevista concedida à jornalista mexicana Valentina Alazraki em 2019.  

"Há mais de um ano, durante uma entrevista, o papa Francisco respondeu duas perguntas distintas em dois momentos diferentes que, no mencionado documentário, foram editadas e publicadas como uma só resposta, sem a devida contextualização, o que gerou confusão", explica a nota interna do Vaticano, enviada à imprensa.

A nota interna visa explicar o caso aos bispos e religiosos que fazem perguntas sobre a surpreendente declaração do papa, sem desmentir o cineasta, premiado por seu filme pelas mesmas autoridades da Santa Sé. O documento, que não tem selo ou assinatura oficial, aparentemente foi enviado às nunciaturas a pedido do próprio pontífice.

 O papa "se referia às leis adotadas pelos Estados", quando citou as leis civis e "não a doutrina da Igreja", ressalta a nota. O texto cita as palavras do papa em diversas ocasiões e recorda que, em 2014, ele explicou que "o matrimônio é entre um homem e uma mulher".

 "Os Estados laicos querem justificar as uniões civis para regulamentar diversas situações de convivência, movidos pela exigência de regulamentar aspectos econômicos entre as pessoas, como por exemplo assegurar a assistência de saúde", explicou na ocasião o pontífice. Para a Secretaria de Estado "é evidente que o papa Francisco se referiu a determinados dispositivos estatais, certamente não à doutrina da Igreja, muitas vezes reafirmada no curso dos anos", destaca o texto.

(Com informações da AFP)

   

 

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