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Iêmen: separatistas declaram autonomia do Sul, rompendo acordo de paz

Separatistas do sul do Iêmen proclamaram autonomia neste domingo (26), após o colapso de um acordo de paz com o governo, agravando o conflito que se arrasta há anos no país, palco de uma grave crise humanitária.

Os separatistas do Sul do Iêmen proclamaram autonomia após a ruptura de acordo de paz com o governo.
Os separatistas do Sul do Iêmen proclamaram autonomia após a ruptura de acordo de paz com o governo. © AFP
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O principal confronto armado no Iêmen é entre os rebeldes xiitas houthis, apoiados pelo Irã e que controlam o norte do país, incluindo a capital Sanaa, contra as forças leais ao governo, militarmente apoiadas por uma coalizão liderada pela Arábia Saudita.

O Conselho de Transição do Sul (STC) acusa o governo de não ter cumprido com suas obrigações e de "conspirar" contra a causa sulista, declarando a "autonomia" da região a partir da 00:00 da noite de sábado (25) para domingo.

Essa proclamação foi imediatamente condenada pelo governo. Os separatistas, mobilizados por muito tempo pela independência no sul, serão responsáveis ​​pelo resultado "catastrófico e perigoso" dessa manobra, observou.

A ruptura entre esses ex-aliados ocorre quando a coalizão liderada por Ryad proclamou um cessar-fogo unilateral contra os houthis, na tentativa de conter a pandemia do novo coronavírus. A trégua, no entanto, foi rejeitada pelos houthis, e os combates continuaram neste país já devastado pela guerra.

O acordo entre o governo iemenita e o STC foi assinado em 5 de novembro, em Riad, depois que os separatistas assumiram o controle de Aden. No entanto, este pacto foi desconsiderado devido à não aplicação em tempo razoável das principais medidas, notadamente a formação de um governo.

Logo após o anúncio do fim do acordo, neste domingo, os moradores de Aden relataram a presença de destacamentos massivos de forças da STC na cidade. Uma fonte separatista disse que postos de controle foram montados "em todas as instalações do governo, incluindo o banco central e o porto", enquanto veículos militares atravessavam a cidade com bandeiras do movimento. Mas em um sinal da complexidade do cenário político do sul do Iêmen, algumas cidades afirmaram não reconhecer a declaração de autonomia.

O ministro do Exterior do Iêmen, Mohammed al-Hadhrami, considerou que a proclamação de autonomia do STC foi "uma extensão da rebelião". A coalizão militar liderada por Riad ainda não comentou o anúncio dos separatistas.

Catástrofe humanitária agravada pela Covid-19   

A guerra no Iêmen já deixou dezenas de milhares de mortos, principalmente civis, de acordo com organizações humanitárias. Mais de 24 milhões de iemenitas, mais de dois terços da população, precisam de assistência, segundo a ONU, que considera a situação a pior crise humanitária do mundo.

"É um contexto de desastre para todo o país", um "colapso" do sistema de saúde, um "empobrecimento maciço", observou no final de janeiro a organização Médicos Sem Fronteiras.

No início de abril, o país relatou o seu primeiro caso do novo coronavírus em Hadramaut, uma província do sul, controlada pelo governo. "Este é o momento que todos temíamos, porque o Iêmen está mal equipado (...), com apenas metade dos estabelecimentos de saúde ainda em operação", lamenta o diretor da ONG Save the Children no Iêmen.

Neste país devastado pela guerra, uma calamidade supera a outra: pelo menos 21 pessoas morreram nas últimas semanas vítimas de inundações, quando as ruas de Aden foram alagadas pelas fortes chuvas.

Em seu comunicado deste domingo, o STC destacou a contínua deterioração dos serviços públicos, acusando o governo de usar seus poderes como "uma arma para fazer os sulistas se ajoelharem".

Segundo o pesquisador do Centro de Estudos Estratégicos de Sanaa, Houssam Radman, o reino saudita provavelmente tentará conter a situação para salvar o acordo de Riad.

 

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